A presença do incentivo ao fortalecimento das bibliotecas entre as metas que vão compor o Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas foi defendido pela coordenadora da Rede de Bibliotecas Públicas e Projetos para a Promoção da Leitura da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Fabíola Farias. Ela participou dos debates, na manhã desta quarta-feira (22/11/17), da etapa final do Fórum Técnico Semeando Letras, que está sendo realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O evento, uma parceria entre o Poder Legislativo e as Secretarias de Estado de Cultura (SEC) e de Educação (SEE), tem o objetivo de avaliar propostas do Governo de Minas e apresentar contribuições da sociedade civil para a elaboração do Plano Estadual do Livro.
Essa ferramenta vai estabelecer metas e diretrizes para o governo nos próximos dez anos, a fim de valorizar o livro e democratizar o acesso às bibliotecas.
Para Fabíola Farias, é fundamental a preocupação com as bibliotecas no plano, já que a sua importância ainda não está sedimentada na sociedade. “Quando um município passa por dificuldade, a biblioteca é a primeira a ser fechada”, apontou.
Fabíola Farias fez considerações sobre como atrair a população para as bibliotecas. Segundo ela, são as condições sociais e a cidadania que criam a possibilidade de construção de um país leitor. “Leitura é consequência de cidadania, e não necessariamente cidadania é consequência de leitura”, defendeu.
Para ela, as políticas sociais são fundamentais para garantir condições econômicas para que as famílias se tornem leitoras e para que os pais tenham tempo para ler com seus filhos.
Desafios - A professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Ana Elisa Ribeiro, fez uma reflexão sobre os desafios para colocar em prática a democratização e o acesso à leitura. Ela lembrou que não existe uma resposta pronta para essa questão e apontou que a dificuldade em atrair as pessoas para a leitura acontece de maneira universal, em todos os países.
Ana Elisa Ribeiro afirmou que há uma expectativa que a escola promova o caminho contínuo da leitura, que começa com a aprendizado e deveria continuar ao longo da vida. Mas, na sua avaliação, as famílias e o círculo social também são fundamentais nesse processo. “Por que, em algum momento, deixamos de ler? Nunca vi resposta para isso”, questionou a professora.
Para ela, o plano deve conter soluções por meio de metas que sejam capazes de entregar leitores à sociedade. Ela lembrou que o livro é um dos produtos com menor margem de lucro, sendo fundamentais recursos financeiros e investimentos para garantir a manutenção de livrarias e bibliotecas.
Plano Nacional do Livro estrutura proposta estadual
O coordenador-geral do Plano Estadual do Livro, Lucas Guimaraens Araújo Ribeiro, fez um balanço das discussões e eventos realizados até hoje. Ele lembrou que o plano estadual irá se estruturar em conformidade com o Plano Nacional do Livro e Leitura.
De acordo com ele, a etapa final do Fórum Semeando Letras encerra um processo de ampla participação da sociedade em torno da temática dos livros e bibliotecas, que incluiu sete encontros regionais, além de uma consulta pública. “O plano estadual não trata apenas de livro e biblioteca, mas de cidadania e democracia”, afirmou.
Lucas Guimaraens destacou que o projeto de lei que contém o plano será encaminhado pelo Governo do Estado para a Assembleia e vai trazer as propostas debatidas durante o fórum. Um diagnóstico da área em Minas, encabeçado pelas duas secretarias de Estado envolvidas na elaboração do plano, foi consolidado antes de o fórum técnico ter início e serviu de base para os debates.
Mobilização deve garantir implementação do plano
Na abertura, a secretária-executiva do Plano Nacional do Livro e Leitura, Renata Costa, destacou a importância de que a mobilização continue para que o plano seja de fato colocado em prática. “Temos que continuar trabalhando para que tudo o que foi construído seja colocado em prática e executado, após a publicação da lei”, afirmou.
A secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, falou sobre a importância do plano e da contribuição da sociedade na sua construção. Entretanto, ela ponderou que o plano somente irá sair do papel se a sociedade conseguir reverter a Emenda Constitucional 95, de 2016, que congela o aumento de gastos na saúde e na educação por 20 anos.
O secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, destacou a importância de percorrer todas as regiões do Estado para debater a construção do plano estadual. Segundo ele, cerca de 700 municípios mineiros possuem biblioteca pública, e o esforço é para que todas as cidades tenham o espaço.
O presidente da Comissão de Cultura, deputado Bosco (Avante), destacou a importância da participação da sociedade nas discussões para a construção do plano estadual. “Os livros são um instrumento fundamental para a formação das crianças e jovens e para sua preparação para o futuro”, apontou.
Apresentação – Durante a programação da manhã desta quarta-feira (22), o grupo Palavra Viva fez uma apresentação cênica. A etapa final do fórum técnico continua na tarde desta quarta-feira (22), na quinta (23) e na sexta (24), com a realização de grupos de trabalho e da plenária final.