Eu vi a cidade árida,
Estéril, sem ouro, esquálida;
Eu vi a cidade nobre
Na sua pátina fosca,
Desfolhando lá das grimpas
No seu regaço de pedra
Buquê de flores extintas
Eu vi a cidade sóbria
Metida na eternidade,
Severa se confrontando
À cinza das ampulhetas,
Sem outro ornato apurado
Além da pedra no chão.
Eu vi a cidade barroca
Vivendo da luz do céu.
Trecho do Poema “Flores de Ouro Preto”, do livro Contemplação de Ouro Preto (1954), de Murilo Mendes
Uma importante decisão, que já vinha sendo debatida, desde 1719 só tomou forma em 2 de dezembro de 1720: a separação entre Minas Gerais e São Paulo.
A nova capitania surgida carregava ainda as lembranças do recente levante que culminou na execução de Filipe dos Santos e na chegada de um novo governador, D. Lourenço de Almeida, em substituição ao Conde de Assumar.
Seguindo o fio das iniciativas de anos anteriores, a exploração do ouro tomou dimensões enormes: foram instituídos órgãos para tratar do seu controle, como a casas de fundição, além de criados e cobrados impostos.
Ao mesmo tempo, na região da Vila do Príncipe, atual Serro, o brilho cristalino dos diamantes despertava atenção. O Distrito Diamantino, criado em 1734 com sede no Arraial do Tejuco, passou a representar outro polo de atividades exploratórias, funcionando de modos distintos ao longo do século XVIII e sendo dotado de leis e regras próprias.
A vida, então, girava ao redor do vil metal e do reluzente cristal, mas também passou a ser mais complexa na Capitania de Minas Gerais.