Evento integra a Quinzena dos Geraes e vai apresentar detalhes da biografia do escritor e seu estilo narrativo, além de peças do acervo do Museu Casa Guimarães
A vida de João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores do século 20, é o tema do Encontros com o Patrimônio online “Os Geraes de Minas: identidade e memória em Guimarães Rosa”, que será realizado pela Casa Fiat de Cultura, no dia 12 de junho, às 11h. O convidado desta edição é o coordenador do Museu Casa Guimarães, localizado em Cordisburgo, Ronaldo Alves, que participará de um bate-papo ao vivo com a historiadora e educadora do Programa Educativo da Casa Fiat de Cultura, Ana Carolina Ministério. Eles vão destacar a relação entre literatura, identidade e imaginário, com foco no sertão de Minas Gerais, cenário de uma de suas obras mais conhecidas, “Grande Sertão: Veredas”. O evento, com transmissão online, integra a programação da Quinzena do Geraes, uma iniciativa do Circuito Liberdade dedicada às expressões artísticas e culturais que representam a força de Minas Gerais. A participação é gratuita, com inscrição pela Sympla.
Guimarães Rosa disse que “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando”. Com uma vida de grandes transformações (e inovações), o autor deixou sua marca na literatura brasileira, ao propor novas linguagens, misturando a fala popular, a vivência no sertão e a erudição em obras ímpares. A historiadora e educadora Ana Carolina Ministério apresentará uma breve biografia do escritor, que nasceu em Cordisburgo e ganhou o mundo. Formado em Medicina, também exerceu o cargo de diplomata, chegando a viver na Alemanha, onde conheceu sua segunda esposa, Aracy de Carvalho. Serão apresentados, ainda, detalhes do estilo narrativo e literário de suas obras. Carolina Ministério destaca que, desde cedo, Guimarães Rosa desenvolveu o gosto por ouvir histórias. Seu pai, Florduano Rosa, o seu Fulô, era comerciante e contador de histórias. “A casa em que ele morava era em frente a uma linha de trem. Ali, ouvia relatos de viajantes e já despertava a escuta atenta para o mundo ao redor”, analisa.
No início dos anos 1930, exerce a profissão de médico. Depois, tornou-se diplomata. Entre as mudanças de profissão (e de país), começa a sua jornada literária, com a publicação de contos na revista “O Cruzeiro”, em 1929. O primeiro livro, “Sagarana”, já apresenta o universo no sertão. Mas foi em maio de 1952 que ele começou a traçar o caminho que o consagraria como um dos principais escritores brasileiros. Acompanhado de vaqueiros e 300 cabeças de gado, cruzou 240 quilômetros na região central de Minas Gerais, anotando tudo o que via e ouvia. A experiência resultou em livros, incluindo sua obra-prima, “Grande Sertão: Veredas”, de 1956. “Guimarães Rosa ficou deslumbrado com as paisagens, que foram transfiguradas, de forma poética, em seus livros”, ressalta Carolina Ministério. “O autor traz a linguagem sertaneja para a literatura culta, cria palavras, renova a linguagem regionalista e retrata a vida do povo do sertão, que, há 60 anos era ainda mais marginalizado”, complementa.
A casa onde o escritor passou seus primeiros nove anos de vida (1908-1917) é, hoje, o Museu Casa Guimarães, entidade vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e administrado pela Diretoria de Museus (Dimus/Secult). Além do próprio imóvel, o acervo reúne mais de 700 documentos sobre a vida e a obra do escritor, objetos pessoais, máquina de escrever, móveis, obras de arte e fotografias. Durante o Encontros com o Patrimônio, o coordenador Ronaldo Alves vai apresentar peças desse acervo e as principais atividades promovidas pela instituição, como o Grupo de Contadores de Estórias Miguilim, que reúne jovens para narrar textos rosianos; as ações de educação patrimonial, sempre relacionadas à obra do autor; e o Grupo Caminhos do Sertão, que promove caminhadas ecoliterárias em trajetos do sertão descritos nos livros de Guimarães.
Para Ronaldo Alves, a forma como o escritor escreve e descreve as paisagens é a sua principal marca. “Ele transformou histórias locais em obras universais. Ao abordar a vida humana e o lugar em que as pessoas vivem, criou livros atemporais.” Em relação à formação de uma nova geração de leitores bem como em dicas para quem deseja se debruçar nos textos de Guimarães, Ronaldo frisa que, embora alguns termos utilizados possam causar estranhamento, as histórias são facilmente compreendidas. “O próprio escritor aconselha a leitura em voz alta. De todo modo, é uma obra cheia de possibilidades e que pode ser interpretada em diferentes linguagens”, conclui.
O Encontros com o Patrimônio “Os Geraes de Minas: identidade e memória em Guimarães Rosa” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Usiminas, co-patrocínio do Grupo Colorado. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, do Governo de Minas e do Governo Federal, além do apoio do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e do Instituto Usiminas.
Ronaldo Alves
Ronaldo Alves de Oliveira é licenciado em Pedagogia (1988) e História (1991), pelo Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm), em Sete Lagoas (MG). Tem pós-graduação em Pedagogia pelo UNI-BH (1989). Fez o curso “Como Gerir um Museu” pela UNESCO Brasil e ICOM (2009). É artista plástico e fotógrafo. Atualmente é Coordenador do Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo (MG).
Serviço:
Encontros com Patrimônio online | Os Geraes de Minas: identidade e memória em Guimarães Rosa
Convidado: Ronaldo Alves, coordenador do Museu Casa Guimarães Rosa
12 de junho, das 11h às 12h30 – Bate-papo virtual
Evento gratuito, com inscrição pela Sympla: https://bit.ly/OsGeraesDeMinas
Imagem: Acervo Museu Casa Guimarães Rosa