A atriz Elke Maravilha, que morreu há uma semana, é relembrada pelo jornalista e escritor Humberto Werneck, em sua crônica semanal estampada em "O Estado de S. Paulo". Um fragmento do texto do Estadão refere-se à jovem aluna do Colégio Estadual de Belo Horizonte que se tornaria uma personalidade da cultura brasileira.
"A notícia ruim, faz hoje uma semana, trouxe com ela um tanto de lembranças boas, pôs para rodar, sem arranhões nem manchas, o filme mais do que cinquentenário daquela moça, contemporânea minha do Colégio Estadual de Minas Gerais, alta, linda, loura de cabelos longos e lisos. Com sua lourice genuína, sua estatura além da média, seu porte desempenado, parecia recém-vinda de uma Festa da Uva. E de fato era “uma uva”, como então se dizia (fosse um moço e se diria “um pão”, naquele tempo em que gostosuras físicas remetiam bandeirosamente a gostosuras comestíveis). Chamava atenção também por ter nascido na Rússia, lugar longe, ateu e comunista" (...)
"A louraça era discreta e, até onde a vista podia alcançar, bem-comportada, embora fosse notória e cobiçada, mais ainda depois que foi eleita “Glamour Girl”, galardão máximo a que podia aspirar uma beldade juvenil da elite belo-horizontina. Tinha a deliciosa manha de arregalar os olhos ao sorrir, e sorria perdulariamente. Dançamos juntos uma quadrilha, ela brejeira com suas marias-chiquinhas e sardas pintadas nas bochechas, eu o embasbacado capiau de sempre. Chamava-se Elke Georgievna Grunupp. Só depois soltou a Elke Maravilha que havia nela".