“As letras talvez sejam muito mais treinadas para acariciar tudo aquilo que a gente sentiu, mas não conseguiu expressar”. Com as reflexões de Criolo, figura expoente do rap e do hip-hop brasileiro, teve início o Circuito das Letras, no Circuito Liberdade.
Transmitida na tarde desta quarta (05/10), diretamente do Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH, pelo programa Bazar Maravilha, da Rádio Inconfidência, a abertura contou com um pouco da diversidade que marca o evento realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário, do Iepha e do BDMG Cultural. O encontro literário acontece em todos os espaços do Circuito Liberdade e tem entrada gratuita
“O que está em jogo são símbolos, os signos, a escrita e não somente no papel, mas também nas suas transversalidades. Já neste primeiro dia colocamos em debate o fato de que as letras também agregarem outras expressões artistas e culturais”, avaliou o curador do evento e Superintendente de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário, Lucas Guimaraens.
Guiado pelo radialista Tutti Maravilha, o programa colocou em pauta a vocação literária mineira e a importância de ações públicas de incentivo e valorização da leitura, como esta que ocupa os 14 espaços do Circuito Liberdade. “Esta programação integralmente gratuita que percorre por cinco dias é uma resposta à importância deste setor para a cultura mineira”, comenta o curador ao mostrar que, segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto C&A, houve um aumento de 13% da população leitora brasileira. “Queremos aumentar ainda mais este número, por isso estamos aqui”, afirmou.
O Secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, frisou que o Circuito das Letras, mais do que unir as letras com a música e o teatro, tem o propósito de expandir o território da literatura mineira, uma das tarefas de uma política pública. “As nossas cidades têm movimentos literários. Por toda parte, nós sabemos que tem um poeta que já é uma referência daquela cidade e aglutina as pessoas no universo das artes” ressalta o secretário.
O poeta, performador, cantor e artista visual Ricardo Aleixo marcou presença na abertura e complementou. “O Circuito das Letras mostra como a nossa cidade continua aberta com o que há de novo no Brasil, nas Américas e no mundo inteiro. Meu amigo Paulo Bruscky, artista de Pernambuco, me fala sempre: a melhor praça para artes hoje no Brasil é Minas Gerais”.
Além do rapper Criolo, estiveram presentes Mariana Nunes, com músicas inéditas do seu novo projeto de forró, e Celso Adolfo, que aproveitou a oportunidade para interpretar a música Ralando Coco, inspirada no conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, publicado em Sagarana, obra de Guimarães Rosa.
Já Michele Abreu Arroyo, presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA, mostrou qual é a relação da ação com o patrimônio mineiro. “O Iepha está à frente do Circuito Liberdade e também deste evento como uma instituição que vê o patrimônio como algo que está além da lista dos nossos prédios tombados, mas que discute as dinâmicas da urbanidade e das outras artes.”
O Circuito das Letras vai até domingo (09/10). Confira aqui a programação completa.