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Exposição celebra os 100 anos de nascimento de Emeric Marcier


 

Quando chegou ao Brasil, na década de 1940, fugindo do horror da Segunda Guerra Mundial, o pintor de origem judaica Emeric Marcier pouco conhecia do interior do país. Foi só em 1942, quando a revista O Cruzeiro o convidou para uma série especial sobre cidades coloniais mineiras, que o romeno saiu do Rio de Janeiro, onde havia firmado residência, para se conectar a outras localidades brasileiras. As cidades históricas de Minas Gerais despertaram o olhar do artista, que viu nas tradições religiosas do estado uma nova possibilidade para sua carreira, mesclando o expressionismo europeu ao barroco mineiro

No ano em que se comemoram os 100 anos de nascimento do pintor, a Fundação Clóvis Salgado disponibiliza ao público sua travessia artística pelas tradições e pela religiosidade mineiras na exposição Marcier 100 – Emeric Marcier, recorte com aproximadamente 70 obras oriundas de coleções de familiares do artista, particulares e instituições, com curadoria de Edson Brandão

São imagens que revelam uma nova vertente do trabalho do artista após o primeiro contato com as cidades históricas de Ouro PretoMarianaCongonhas, Tiradentes e São João Del-Rei. Nessa nova fase, Marcier retratou as paisagens e cenários históricos desses locais utilizando as técnicas de óleo sobre tela e posteriormente temas sacros em murais, inspirados no estilo italiano dos séculos XIII e XIV.

Produzidas entre a década de 1940 até o fim dos anos 1980, as obras que chegam às galerias do Palácio das Artes representam o percurso da carreira de Marcier. Ao se deparar com a força do barroco em Minas, o artista rompe com a temática surrealista adquirida nas escolas de arte da Itália e França e passa a se dedicar a uma pintura figurativa focada nas paisagens, nos retratos e nos temas sacros. Com a construção de seu grande atelier no Sitio Sant’Anna, em Barbacena, cidade na região Central do estado, passa a mergulhar profundamente na elaboração de pinturas sacras de grandes formatos. Esse novo momento na vida do pintor influenciou, inclusive, suas crenças. Naturalizado brasileiro, ele abandonou a religião judaica por influencia de seus amigos Jorge de Lima, Lucio Cardoso (seu padrinho de batismo) e Murilo Mendes e de sua esposa Julita.

O curador Edson Brandão destaca a característica antropológica da exposição. Para ele, essas obras evidenciam a mudança de estilo no trabalho de Marcier após ele conhecer uma nova cultura. “Emeric Marcier sentiu o impacto de chegar ao Brasil e viajar para o interior, região que ele mal conhecia. A forte presença da religião nas cidades de Minas abriu os olhos de Marcier para a arte sacra. A partir daí o trabalho dele torna-se algo que vai além do devocional, é a visão do próprio Marcier sobre Minas, sua gente, sua cultura”, explica o curador. 

Para que o público possa compreender as vertentes do trabalho de Marcier, a exposição é dividida em dois ambientes. O Coeli – céu em latim, ficará na galeria Genesco Murta e vai abrigar a produção sacra de Marcier. Destaque para as telas das vias-sacras e da Pietá (Nossa Senhora da Piedade). Há, também, telas com profundas críticas sociais, como o São Sebastião do Rio de Janeiro, e obras com tom mitológico, como o quadro Prometheus.

Já a seção Terrae – terra em latim, na galeria Arlinda Corrêa Lima, é dedicada às pinturas de Marcier que refletem as paisagens das cidades históricas de Minas, como a famosa Praça de Tiradentes, em Ouro Preto, as ruelas e casinhas de Mariana e Tiradentes, além de outros cenários. O espaço também vai abrigar pinturas de figuras humanas, como retratos, autorretratos e uma suíte de nus. 

Edson Brandão explica que separar a exposição em dois espaços é uma forma de mostrar ao visitante toda a versatilidade de um artista que foi influenciado por diferentes vertentes artísticas. “O Marcier era um pintor por excelência. O ofício dele era pintura, e essa ocupação foi sendo moldada com o passar dos anos. Esses dois ambientes mostram como Marcier foi transformando, modificando seu trabalho, que começou com influências europeias e culminou em algo que reflete as tradições do povo de Minas e foi capaz de mudar a forma como Marcier via a arte”, aponta o curador.

Emeric Marcier – Pintor e muralista Romeno, Emeric Marcier (1916 –1990) foi naturalizado brasileiro e passava a maior parte de seu tempo entre as cidades de Barbacena (MG) e Rio de Janeiro (RJ), com frequentes e longas viagens pela Europa. O tema religioso perpassa sua obra com frequência. Estudou na Real Academia de Belas Artes de Brera por três anos, com especialização em murais e afrescos. Muda-se para Paris, onde frequentou a École Nationale Superieure des Beaux-Arts, durante um ano. Sendo um admirador do muralismo italiano dos séculos XIII e XIV, Emeric começou a produzir obras murais que também exploravam a religiosidade mineira, o sentimentalismo barroco das cidades históricas pelas quais passou, assim como Ouro Preto, Tiradentes e São João Del-Rei. Conviveu com os pintores Arpad Szenes, Vieira da Silva, Vitor Brauner, Antonio Dacosta, Saul Steinberg, dentre outros, em Milão, em Paris e em Lisboa para onde se muda após o período parisiense. Em abril de 1940 veio para o Brasil fugindo da guerra, onde acabou por fixar residência. Aqui conviveu com os pintores Guignard (a quem apresentou Ouro Preto), Lasar Segal, José Pancetti, Di Cavalcanti, Antonio Bandeira, Carlos Scliar, Aldo Bonadei, Inimá de Paula e outros mais jovens como Fani e Carlos Bracher. Foi grande amigo de inúmeros escritores brasileiros, como Jorge de Lima, Murilo Mendes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Lucio Cardoso, Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade, Cecilia Meireles, Ledo Ivo e Roberto Alvim Correa. Sobre sua obra religiosa, Affonso Romano de Santanna publicou um livro Estória dos sofrimentos, morte e ressureição do Senhor Jesus Cristo na pintura de Emeric Marcier, publicado em 1983 pela Editora Pinacotheke. Marcier deixou um livro de memórias intitulado Deportado para a vida, publicado pela Livraria Francisco Alves Editora, após sua morte que ocorreu em Paris em 1990.

 

 

Marcier 100 – Emeric Marcier

Período expositvo: 25 de novembro de 2016 a 15 de janeiro de 2017

Local: Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima – Palácio das Artes

Endereço: Av. Afonso Pena, 1537 – Centro

Entrada gratuita

Informações para o público: (31) 3236-7400

MARCIER: MESTRE DA ETERNIDADE

Carlos Bracher *

                              

Comemorando o centenário de nascimento de Emeric Marcier (1916-1990), o Palácio das Artes realiza histórica retrospectiva do artista romeno que adotou o Brasil e por quase meio século morou em Barbacena. São 70 obras divididas em dois seguimentos: terrae (terra) e coeli (céu), em refinada curadoria de Édson Brandão e apresentações de Ângelo Oswaldo de Araújo Santos e Augusto Nunes Filho.

Na visão clássica ocidental da arte de pintar, Marcier alcançou o ápice. Ele é basicamente a síntese de todos os mestres que o antecederam, da Idade Média ao século XX. Nele tudo se centra, os valores cabais do que seja a verdadeira arte: o talento, magia e poesia, o drama e a contundência, a imaginação fervorosa, a força de transmitir beleza e emoção, o ímpeto da grandeza e os vórtices da eternidade.

Nascido em Cluj, na Romênia, num entroncamento geográfico de culturas antigas e míticas, nele se estabeleceu um leque imenso de convergências entre o ocidente e o oriente. Das camadas sucessivas que por ali se assentaram em milênios, onde a arte permeou os cantares de múltiplos povos interligados: gregos, armênios, etruscos e macedônios, turcos e russos, bizantinos, latinos, fenícios, egípcios e árabes, também os mediterrâneos da África setentrional e os ibéricos, naquele corredor às margens do Adriático.

Só um insigne mestre tem a capacidade de recriar e inventar novas concepções, de impulsionar outros avanços ao universo da arte. Marcier talvez seja o último grandioso artista da humanidade, provavelmente o mais completo no exercício da criação, a abranger a pluralidade geral dos temas com igual maestria, em todos, inclusive o sacro, acrescentando sua digital absolutamente peculiar. Mesmo imantando-se de fecundas influências, ele absorveu-as de forma independente, autoral.

Pode-se ver, nele, a solidão e o hieratismo medieval de Giotto; a graça de Piero della Francesca; o El Grecco de místico; de Goya dramático; um frescor de Manet; a poesia Matissiana; a sonoridade surda de Modigliani, nos retratos; até a força catalã de Picasso. Ele é tudo e são todos. Todos e tudo numa só mão, numa só alma recomposta que se torna verossímil por esse talento imensurável, de reconquistar o melhor dos mestres e ser – numa só epígrafe pessoal, ele próprio –, a face oculta e vertiginosa que se estabelece no enigma de um excepcional artista.

Todos os mestres o são assim: somas. Somas do antes. E deles mesmos. São o início e o fim, a vereda das possibilidades a cada momento, avançando a arte e os estilos no tempo. E vale para pintura, arquitetura, música, literatura, teatro, dança, cinema. As linguagens vão se alternando e cada um reinicia seu olhar, do que foi, para reconstruir-se. Reinventando-se continuamente.

Amplas e necessárias são tais influências de uns para os outros, como Monet, vindo diretamente de Turner e Boudin para criar o impressionismo; tanto quanto Rodin indo buscar no “inacabado” de Michelangelo a fonte e o fulgor à sua obra; ou Brancusi, na arte egípcia. Idêntico ocorre em Picasso, ao transportar máscaras africanas ao cubismo, enriquecendo-o em sua modernidade. Também Van Gogh, ao assimilar no impressionismo o prisma de liberdade ao seu dramático expressionismo.

Diante da perspectiva atemporal, Marcier consagra-se no resumo da profunda história da pintura, que nele se assenta, nas veias e no sangue, o verbo europeu de vastos revérberos milenares, num só artista, o depositário do próprio grito da odisseia ocidental. Como Picasso, a voz outra da monumentalidade universal.

Emeric Marcier é a grande mescla de elementos inaudíveis, de uma construção infinda de significados imponderáveis. Que vão dar nessa nomenclatura que se vê trilhada por organizações abstratas – do que seja um indivíduo, um artista. São cláusulas imensas de dons, paráfrases de avultamentos a gerar a organicidade mais precípua em arte: o talento. Este é o algo imprescindível e imprevisível, que não se sabe definir nem configurar, pois sua elaboração advém de variantes incógnitas, somatórios culturais intensos e genéticos, sem equivalências ponderáveis. O talento nasce, se avoluma e se constrói por desígnios ocultos, vozes e cânticos imemoriais de uma definição difícil de ser descrita, porque etérea, que se prende e se expande a vislumbres imagéticos, lembranças, reminiscências e evocações empíricas.

Um artista é a retradução de uma complexidade esférica que se porta entre o imaginário e o irreal, quase um pássaro feito homem transportado às vestes terrenas, aqui posto na serenidade harmônica e agônica. De um ser que aqui está, mas, ao mesmo tempo, não. Numa dialética hipótese longínqua – de vibrações, apoteoses e ignições a outros estados, outras epopeias entre a terra e as estrelas, os deslimites e desvarios possíveis. E impossíveis. É o claro caso de Marcier, esse ser dotado de equidistâncias altíssimas, um gênio colocado entre os mestres –, esses tão raros que sabem tocar as asas da eternidade e a engrandecer a condição humana.

Eternidade – eis o outro contraponto inerente, indissociável à arte. Cuja recorrência percebe-se insidiosa nos grandes artistas, que nela vinculam-se como forma de resistência ao seu próprio tempo de viver. E de existir. Trata-se de fala persistente e ancestral, em todas as épocas e culturas, desse algo quase votivo – da relação dos artistas com o eterno –, em que eles muito respeitosamente se manifestam. E se conectam.

Cézanne dizia que “arte é para museu”, referindo-se à imprescindível perfeição para, só assim, atingir-se a definitividade de uma obra. E Matisse, já famoso e ao final da vida, se põe com seu cavalete no Louvre a copiar (por incrível) Velasques, sondando sentidos subjacentes no passado, pretendendo mais permanência ainda, um salto à sua pintura. Enquanto Kandinsky e Mondrian, místicos confessos, vão perquirir o eterno de suas visões idealísticas sob os parâmetros espirituais da Teosofia: Kandinsky pelo abstracionismo e Mondrian pelo geometrismo, ambos concebendo inclusive respectivas leis e teorias sensitivas. Também Klee, Torres Garcia e Tolstói normatizam teses similares. Em ilações correlatas, Bach compunha – segundo suas próprias dedicatórias, nas partituras – para Deus. Beethoven fala obsessivamente em “eternidade”, enquanto nosso Drummond sentencia: “Cansei de ser moderno, quero agora ser eterno”.

Trata-se portanto, tal correlação (de arte e eternidade), de uma fábula constante no sentimento artístico, espécie de parábola imanente à criação a mover a sensibilidade e totalidade dos criadores. E se a arte chegou até aqui, eis a clara prova de que é perene em si, vencendo pela eternidade e integridade dos artistas que a edificaram, dedicando seus talentos, prodígios e toda volúpia imaginativa em suas obras, das cavernas aos dias atuais, a este ofício de humana entrega.

O eterno é uma luta indômita, de corpo e alma dessa regência absoluta e instigante, intuitiva e abissal, uma quase impulsão à loucura em busca de um nada, a acoplar-se em mistérios, dramas e belezas dessa incontrolável paixão que nos acolhe e embala através dos veículos artísticos, como estertores mágicos irreveláveis.

Trata-se de aventura para poucos, porque vertiginosa e perigosa a mexer com o ventre, frontalidades psíquicas e emblemáticas das cisões gerais. Portanto, um embate decisivo da vida e da morte.  Ou da ressurreição que possa acontecer num indivíduo diante de seus dons e da legitimidade de uma percepção duradoura, em sua arte.

Com Duchamp (e seu célebre “mictório”), quebra-se a mística do eterno. Doravante, o efêmero entra em pauta, outros são e serão os vetores a serem perseguidos – como o (apenas) lúdico, o sensorial e o descartável. A briosa luta anterior embrenhada em códigos de permanência, deixa de existir, ora substituída por situações gráficas diretas, objetivas, mais simples, despojadas e deliberadamente prosaicas.

O mundo atual vai conflitando a poesia e o lirismo. O tempo é outro, e nada é tão definitivo. Trata-se de nova postura filosófica, estrutural e estética, onde o pensamento vai reinar sobre filigranas finitas do campo visual. São sensações de ordem puramente intelectivas, outras formas de ver e sentir o delírio da vida. Que são compreensíveis. E pertinentes. O próprio universo está em convulsão (guerras, conflitos, terrorismos), havendo necessidade de uma arte mais branda, que revele a fragilidade, efemeridade, e mesmo a velocidade da globalização. E quem sabe, como corolário – a falta de eternidade –, não só dos reais valores existenciais quanto da vida em si, o que seja ela e qual sua validade e extensão.

Se certa instalação, ceifada em sua gestação conclusiva, de ser apenas conceitual – assumindo complacências meramente mentais –, deixando de ter as substanciais narrativas integrais, lógico, ela não irá preencher a totalidade propositiva que uma verdadeira obra de arte possa esplender. Evidente, a arte há que emergir dos tempos e da vida, e ser o cantar primordial de todas as áreas de expressão. Mas será que uma instalação sustentará toda indagação e a plenitude às vastas perguntas inquietantes?

O fato é que, com as instalações, criou-se um extenso divisor, onde a pintura deixou de ter primazia, cindindo-se em seu corpo essencial. Aquele longínquo trajeto, ora deixou de ter importância, tomando à frente tais seccionamentos que se sobrepujaram à pintura. De tal forma, tornando-se em identidades visuais basicamente diferentes, a partir do cristal rompido com Duchamp, dando sequências a destinos opostos, nem sempre miscíveis. Às vezes se tocam, todavia, não necessariamente. Há individuação entre cada uma, podendo até ser válida, porém não sendo mais, decisivamente, pintura em si, essa a isolar-se em seu nicho periférico. Com raríssimas exceções, como em Anselm Kiefer e alguns poucos demais que, galhardamente, requalificam significados e ainda conseguem levar adiante o histórico metiê, recriando novas odes ao esplêndido universo da arte de pintar. Felizmente.

A fenomenologia artística se liga a prospecções ontológicas do ser. No arco fluídico de que se compõe, arte é porosidade, preenchimento. Em diagramas de fecundas esperanças nasce a arte, não da mente, mas da emoção, dessa dádiva metafísica entranhada na alma e na obra de Van Gogh. Por exemplo.

Consumida sob outras linguagens por vezes excludentes, vê-se que a arte não se sustenta por digressões só racionais. Jamais. Ou não estamos falando mais de questões artísticas e sim de coisas outras, episódicas, esporádicas. Avaliando-se mais criticamente, se tudo é arte, o que será arte? Sem postulações anímicas consistentes, talvez seja ela, quem sabe, apenas um conjunto de banalidades jogado a débeis superfícies como frígidos adornos de inócua vacância aos olhos desavisados. Hoje, basta alguém colar uma pecinha na outra para autointitular-se “artista plástico”. Virou epidemia. Uma coisa é Farnese, Krajcberg, Bispo do Rosário e Roberto Vieira, outra são os equívocos confundidos por aí, pelos ready-made.

Na formação de um artista, não é simplesmente o prazeroso, nem muito menos o meramente conceitual ou visual a serem considerados. Nele, deve haver cargas, dualidades, perplexidades, óbices e dúvidas, um lastro imantado de poesia, equações e inflexões, todo um transitar de embates que verticalizam-se na sensibilidade inaugural e na capacidade de se exercer e se libertar, onde, fidedigna, a arte vai traduzir-se. Não a porção esquálida, inerme de um mundo vazio, mas a fatalidade imersa, sem esgarço algum, da vida inteira. Ela, a arte, não é derivativa de formas fortuitas do acaso. Nem de conjecturas precárias, primárias ou vãs, sendo um mergulho para além dos poros e átomos desse sumo que há de emergir entre os tempos, os espaços, os condutos definitivos da humanidade.

Nós somos a hipótese de um conluio instável, vagantes do que há de ser, real ou imaginário, todavia, subjetivos sempre. Curvas, hipérboles, hiatos, somos crédulos de algo invisível, frequentes dessa ambivalência crepuscular, uma quase descrença no corpo físico a ir ao adiante das coisas. Esse é o artista, a vaga esfera contornando montes e esquinas, céus e nuvens a um léu equidistante, às latitudes e longitudes onde desconhecido houver, dessa cidadela que se há de crer no fogo, nas aleluias utópicas que nos levam ao eterno da criação. Esse é e será, sim, um real artista – qual esse mestre assim chamado Emeric Racz Marcier.

* Pintor e membro da Academia Mineira de Letras.

 
 
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