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Trabalho de artistas da Faop foi elogiado por sua atuação em conjunto com a comunidade |
Artistas da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), entidade ligada à Secretaria de Estado de Cultura, estiveram na França participando do Mine d’Art en Sentier 2012, com uma intensa agenda de atividades. Os arte-educadores Gabriela Rangel e César Teixeira fizeram um trabalho colaborativo com a comunidade de Nord-pas de Calais que resultou em uma obra de arte com técnicas dos tradicionais tapetes devocionais.
Na oportunidade, a presidente da Faop, Ana Pacheco, que acompanhou a dupla na viagem, também se reuniu com diversas autoridades francesas a fim de discutir a parceria já em desenvolvimento entre a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e a região francesa de Nord-Pas de Calais. O acordo tem foco nas as áreas de patrimônio, sítios culturais, museus, cultura digital, economia criativa, artes cênicas e música. Ele prevê, ainda, ações nas áreas de coprodução, formação e troca de experiências sobre tecnologia de gestão.
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Gabriela Rangel, Ana Pacheco e César Teixeira em Nord-Pas de Calais, na França |
Mine d’Art en Sentier2012
A iniciativa – com a livre tradução de “Trilha de Arte de Minas” – é uma residência artística promovida na região de Nord-Pas de Calais, norte da França, que resultou em intervenções artísticas em land art ao ar livre por todo o Parque Natural Regional Scarpe-Escaut, disponível aos visitantes de 26 de maio a 2 de setembro.
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Crianças da região de Nord-pas de Calais e Gabriela Rangel ao fundo |
Foram selecionados 11 artistas internacionais a partir de 96 projetos de 18 países para integrarem o Mine d’Art en Sentier. A organização do evento gostou tanto da proposta dos artistas da Faop que eles foram convidados de honra para participar da ação, por proporem o único projeto que trabalha diretamente com a comunidade local e seus valores culturais. Os custos de viagem dos arte-educadores foram, inclusive, bancados pelo governo de Nord-Pas de Calais.
“A nossa participação no Mine d’Art en Sentier foi muito interessante e gratificante. Os artistas da Faop foram convidados de honra e os únicos representantes das Américas. A organização do evento ficou encantada com a alegria, o trabalho e a versatilidade de nós brasileiros, que conseguimos trabalhar em condições adversas e encontrar soluções rápidas e objetivas para os contratempos”, comenta a presidente da Faop, Ana Pacheco.
“L’arbre de La vie”
Unir as duas regiões mineradoras, Ouro Preto e Pays de Condé, por meio de um trabalho de criação colaborativo. Esse foi o mote principal da proposta de César e Gabriela para o Mine d’Art en Sentier. Para isso, foi feita uma oficina com moradores do local que foram convidados a refletirem sobre suas histórias, tradições, memórias e sonhos contribuindo para a elaboração da obra, que passou a integrar a paisagem na entrada do Parque Natural Regional Scarpe-Escaut. A fim de explorar bastante o cenário local, os artistas utilizaram as sombras das árvores do parque como ponto de partida para criação da obra.
A árvore também é símbolo da renovação constante da vida, permite pensar e trabalhar sobre o passado, o presente e o futuro. Já o tapete remete ao desejo do homem de reinventar o seu lugar ideal, revisita a natureza e possibilita que o homem esteja simbolicamente próximo a uma espécie de paraíso reconstruído. Assim, os artistas ouro-pretanos se uniram à comunidade local em uma ação envolvendo 93 pessoas que resultou a obra intitulada “L’arbre de La vie: un cosmos vivant em perpétuelle régénération” (A Árvore da Vida: um cosmo vivo em perpétua regeneração).
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A linguagem da Arte é universal
A participação do grupo na França também mostrou que a linguagem da arte é universal, faz todos se entenderem e interagirem, rompendo barreiras da língua e preconceitos culturais. O Mine d’Art en Sentierreuniu em uma mesma casa, La Maison du Boulon, todos os artistas participantes da iniciativa. Pessoas de diversas origens, vivências, estilos e idiomas.
“A princípio, pode-se pensar na impossibilidade de estabelecer qualquer tipo de diálogo e comunicação. Entretanto, usando palavras em inglês, francês, espanhol, português, gestos, mímicas e desenhos, ora traduzindo, ora ouvindo, a interação pôde acontecer e nos entendemos. Comunicávamos na diversidade de expressões e costumes. Foram 15 dias intensos de muitas trocas e experiências.”, avalia César Teixeira.
A experiência também mostrou o grande talento da Fundação de Arte de Ouro Preto, especialmente no relacionamento com a comunidade. O diferencial da Faop é justamente a mobilização que é feita com os moradores do entorno em todas as suas ações de extensão. Essa expertise da Faop no trabalho integrado com a comunidade deixou admirado o diretor geral do Serviço de Cooperação Internacional no Departamento de Cultura de Nord-Pas de Calais, Donato Giulianni. Ele afirmou que a Faop é a única instituição do mundo que aplica efetivamente o conceito de Cultura da Unesco. Essa missão é “preservar e respeitar as especificidades de cada cultura, agindo para que as diferentes culturas se respeitem entre si, e pondo em ação mecanismos que permitam a sua interação e maior conhecimento mútuo”.