Com lotação máxima desde a estreia, continua em cartaz até o dia 15 de dezembro o espetáculo Antepenúltima Estação. Encenado pelos formandos do Curso Profissionalizante de Teatro do Cefar – Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado – a peça se inspira em recortes dos contos do escritor mineiro Murilo Rubião, sob direção de Ângela Mourão e assistência de Marcelo Bones.
Após voltarem de uma residência artística na Europa, Ângela Mourão e Marcelo Bones já tinham uma ideia para propor aos formandos do Cefar. Os dois desenvolveram, como resultado do intercâmbio, um espetáculo itinerante que ocupou a cidade de Fafe, na região do Porto, Portugal. O público percorreu aproximadamente 800 metros, atravessando mata, rio, caminhando ao lado de um canal, em frente a uma fábrica, entre outros lugares. “Foi uma experiência muito interessante e chegamos aqui muito embalados por essa experiência. Voltei com a intenção de realizar o espetáculo do Cefar inspirado em Murilo Rubião, com um caráter itinerante para o público ir para a cena”, comenta Ângela.
A escolha do local que iria acolher essa aventura teatral foi imprescindível para o sucesso da peça. “Depois que voltei de viagem, eu e Marcelo fomos rever a cidade. Passando pela Praça da Liberdade, vimos a porta do Prédio Verde aberta e decidimos entrar. Saímos de lá com a certeza de que havíamos encontrado o palco para o espetáculo”, conta.
De acordo com a diretora, o prédio foi sede de instituições públicas, tema corrente na literatura de Rubião. “Encontramos o ambiente necessário para sediar o realismo fantástico do autor, com pé direito alto, salas amplas, janelas grandes e belos vitrais e afrescos. Como resultado, temos uma ocupação muito interessante no casarão, com as cenas distribuídas em vários espaços”.
Narrativa entrecortada – Muito bem recebida pelo público, a narrativa do espetáculo é entrecortada, propondo uma reflexão sobre o espaço urbano, as relações humanas e o cotidiano. Tudo isso com um toque de realismo fantástico, característica marcante da obra de Murilo Rubião. Durante a encenação, para conhecer os personagens icônicos do autor, o público passeia pelos corredores e salões do casarão, onde se desenrolam as ações, com um banquinho portátil em mãos.
Quem rege toda a trama é o personagem José Alferes, representando o escritor Murilo Rubião. Trata-se de um funcionário público que conduz o espectador pelos 14 ambientes em que foi dividido o segundo andar do Casarão, com destaque para um hotel, um consultório psiquiátrico, uma casa com girassóis vermelhos e uma delegacia.
A adaptação do espetáculo foi coordenada por Ângela Mourão, responsável também pelo texto final, que contou com a participação ativa dos 14 atores. A trilha sonora e musical é do professor de Música do Cefar, Pedro Amorim. A iluminação é de Felipe Cosse e Juliano Coelho.