Editada em Belo Horizonte ao longo de dez anos, a Revista de Cinema se tornou referência de reflexão e crítica cinematográfica no país e no exterior, sendo a primeira grande publicação de enfoque analítico sobre filmes a circular no Brasil. Fundada em 1954 por Cyro Siqueira, Jacques do Prado Brandão, Guy de Almeida e José Roberto Duque de Novaes, teve 29 edições, até ser descontinuada em 1964.
Os dois volumes do livro Revista de Cinema – Antologia (1954-1957 / 1961-1964), organizados pelos críticos Marcelo Miranda e Rafael Ciccarini nos últimos cinco anos, resgata 98 dos mais importantes textos da publicação, com referências de autor, data e edição. Os escritos estão ordenados por seções: “Revisão do método crítico”, “Olhares e reflexões”, “O neorrealismo italiano”, “Gêneros”, “Ensaios sobre a crítica”, “Cinema e as outras artes”, “Sobre a censura” e “Indicação crítica”. Os livros trazem orelha assinada pelo cineasta Geraldo Veloso, que teve importante participação na segunda fase da revista, e um alentado e inédito prefácio do professor e pesquisador Ismail Xavier, apresentando um aprofundado estudo do contexto histórico e estético pelo qual trafegaram os autores da publicação.
A Revista de Cinema nasceu como consequência das efervescentes atividades do CEC (Centro de Estudos Cinematográficos) na capital mineira. A necessidade de existir um espaço de pensamento para além das mídias tradicionais já era apontada por Cyro Siqueira no primeiríssimo artigo da publicação: A carência de revistas sérias e verticalmente dirigidas reduz o trabalho da crítica cinematográfica à ligeireza obrigatória do jornalismo diário, ou a alguns ensaios mais demorados, mas ainda esporádicos. E desse vácuo se ressente fortemente o movimento crítico no Brasil.
A maior atenção da revista em sua primeira fase foi com o neorrealismo italiano e a chamada “revisão do método crítico”, lançada por Cyro para questionar o posicionamento analítico diante de novas formas de filmar que surgiam no pós-guerra. Também são marcantes artigos sobre a produção norte-americana, numa fase de nomes que só seriam reconhecidos mundialmente tempos depois, como Howard Hawks, Elia Kazan, John Ford, John Huston e Nicholas Ray; a recepção a títulos representativos do cinema francês, como Hiroshima Mon Amour (1961); e o impacto dos primeiros títulos do Cinema Novo, em especial Porto das Caixas (1962) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964).
Revista de Cinema – Antologia (1954-1957 / 1961-1964) tem edição da Azougue e contou com recursos do Filme em Minas – Programa de Estímulo ao Audiovisual.
Revista de Cinema – Antologia (1954-1957 / 1961-1964)
Organização e apresentação: Marcelo Miranda e Rafael Ciccarini
Prefácio: Ismail Xavier
Orelha: Geraldo Veloso
Editora: Azougue
Páginas: 298 (volume 1) e 466 (volume 2)
Preço: R$ R$ 68 (volume 1) e R$ 78 (volume 2)
Contato: (31) 8818-7311