No primeiro semestre de 2015, a Fundação Clóvis Salgado irá oferecer três cursos de extensão, voltados principalmente para educadores e pesquisadores. A grande novidade desta edição é a oficina de Origami com os recuperandos do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Betim/MG - CERESP. Trata-se de um intercâmbio que, certamente, irá beneficiar tantos os professores quanto os reclusos.
As inscrições estão abertas até o dia 5 de maio, para as oficinas Quadrinhos, Linguagem e História e Ícones da Música Ocidental ou enquanto durarem as vagas para a oficina de Origami.
Ícones da Música Ocidental – Análises de grandes obras da história da música dos Séculos XIX e XX
Em sua terceira edição, o curso é ministrado pelo professor e maestro Andersen Viana e tem como objetivo proporcionar análises múltiplas de grandes obras musicais e ícones da música dos séculos XIX e XX. A atividade é voltada para jovens e adultos, e oferece 40 vagas, com carga horária total de 40 horas.
Profissionais das artes cênicas, escritores, bailarinos, músicos, estudantes do audiovisual e professores são os públicos principais do curso, segundo o produtor cultural e músico Andersen Viana. Para ele, todos estão aptos a participar das aulas, desde o leigo em música ao PhD em Humanas. “Podem participar todos que tenham interesse pela arte em geral e que possam pesquisar o assunto durante o período do curso”, aponta.
As aulas serão teóricas e práticas, com estudo de textos acadêmicos analíticos já existentes sobre as obras a serem pesquisadas, acesso a técnicas de criação de ensaios críticos, análise audiovisual através das obras musicais em filmes, produção de ensaios pelos alunos, apresentação de fábulas musicais e discussões coletivas a fim de oferecer a base para o estudo sobre os ícones da música dos séculos XIX e XX e suscitar o debate e a crítica.
Quadrinhos, Linguagem e História
Ministrado pelo professor Márcio dos Santos Rodrigues, o curso aborda a linguagem das histórias em quadrinhos e o contexto histórico das publicações. A atividade é voltada, principalmente, para profissionais de educação das redes pública e privada e oferece 40 vagas, com carga horária total de 32 horas.
O curso é recomendado para professores e educadores que buscam novas formas de trabalhar a didática dentro das salas de aula, com a utilização de diferentes linguagens. Por meio da narrativa dos Quadrinhos, o professor Márcio dos Santos Rodrigues vai contextualizar as produções ao longo dos anos, bem como os vários estilos e tradições em diferentes países.
Um dos principais temas abordados pelo professor será o desenvolvimento da linguagem didática nas HQ’s e seus usos no contexto educacional. Para isso, o planejamento do curso abrange trabalhos norte-americanos, como Snoopy, Krazy Kat e Little Nemo, produções mineiras, com destaque para o cartunista Lor, e o estilo japonês, conhecido como mangá, além de produções europeias, latino-americanas (Mafalda e trabalhos de Oestherheld) e africanas.
Oficina de Origami para professores - Durante seis encontros, nos jardins do Palácio das Artes, 25 professores de escolas públicas e privadas do estado vão ter a oportunidade de conhecer diferentes formas de fazer origami – arte milenar japonesa que consiste em produzir diversos objetos e seres a partir de dobraduras de papel.
Com assessoria dos recuperandos integrantes do projeto Mãos pela Paz, do CERESP de Betim/MG, a coordenadora do projeto Rosemary Campos irá introduzir os professores nos processos de produção de origami, uma arte que pode ser utilizada na sala de aula para o ensino de diversas disciplinas como ciências naturais e geometria.
O encontro promete ser um intercâmbio que vai beneficiar tantos os professores quanto os reclusos. De um lado, permite aos profissionais da educação a desenvolver mais possibilidades de ensino dentro da sala de aula e aprimorar suas técnicas. Por outro, é uma oportunidade para os recuperandos de atuarem junto à sociedade. A participação no evento contribui para a regressão na pena daqueles que já estão condenados.
Promovendo a reintegração - Essa é a segunda vez que o Projeto Mãos Pela Paz sai do CERESP. No ano passado, os recuperandos ofereceram uma oficina durante a Virada Cultural, no Parque Municipal. “Foi uma experiência maravilhosa. Foram várias crianças e pais esperando por uma oportunidade de participar”, conta Rosemary Campos.
Rosemary, idealizadora do projeto, completa que esse momento é muito importante também para os detentos que têm a oportunidade de serem agentes positivos e multiplicadores. “Eles estabelecem uma nova relação com as pessoas. Assumem o papel de poder ajudar, dividir o que sabem e são ouvidos enquanto fazem isso. Toda essa relação é muito importante para mostrar que os centros prisionais podem sim ser centros de recuperação”, completa.
O CERESP
O Ceresp é um centro de internação provisória, onde os reclusos aguardam julgamento. Após esse período, de acordo com o veredito, são encaminhados para as unidades prisionais ou liberados. Entretanto, algumas vezes, mesmo após condenados, alguns recuperandos continuam no Ceresp, pelo seu envolvimento em projetos, como o Mãos Pela Paz.