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A Fundação Municipal de Cultura (FMC) promoveu nesta quarta-feira, 6 de maio, o lançamento oficial da 8ª edição do Festival de Arte Negra – FAN 2015. A solenidade contou com a presença do Secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo. Marcado para acontecer entre os dias 26 e 30 de novembro, na Praça da Estação e no Circuito Cultural Praça da Liberdade, o evento celebra os 20 anos de criação do festival.
Na ocasião, também foi anunciada a equipe de curadores responsável pelo Festival, que será formada pelo Cônsul Honorário do Senegal em Belo Horizonte e fundador do Centro Cultural Casa Africa, Ibrahima Gaye; pela professora e antropóloga Rosalia Diogo e pelo ator e produtor cultural Denilson Tourinho.
Com o tema “Encontros”, a programação do 8º Festival de Arte Negra se organizará em torno de três eixos principais. O primeiro, das apresentações artísticas, buscará oferecer à cidade uma programação diversificada e distribuída pelas regionais, com artistas locais, nacionais e internacionais. O segundo trata da formação e intercâmbio e oferecerá cursos, oficinas, bate-papos entre artistas locais e convidados, com uma vigorosa tendência pensada para contemplar estudantes, professores, pesquisadores, além dos demais interessados. Ainda dentro desse eixo, acontecerão ações voltadas para a reflexão e registro da memória do festival. Por último, o eixo das Atividades Especiais apresenta o Ojá como a grande ação focada na economia criativa. Estão previstas, também, algumas Rodadas para refletir sobre a realização dos festivais de Arte Negra no Brasil e a produção criativa.
O trabalho da curadoria lança seu olhar sobre aquelas obras que se instalam nos caminhos, nas passagens, nas encruzilhadas. Que interrompem o passo do pedestre, que provoca o acaso, o encontro e o reencontro. Nesse sentido, a nobreza e beleza do Circuito Cultural Praça da Liberdade é o ponto de partida para os diálogos que serão realizados. O Festival pretende acolher, de maneira solidária e em sinergia, as diversas manifestações culturais de matriz africana em curso em todos os cantos da cidade. “O 8º FAN traz o Encontro como tema central do evento e terá a Praça da Liberdade como principal território que acolhe esta edição. Isso simboliza o tom que os curadores e a Fundação Municipal de Cultura pretendem dar à programação. Que os Encontros, na Praça da Liberdade ou em qualquer esquina da cidade, promovam a arte e a cultura afro com muito axé e alegria”, afirma Simone Araújo, Diretora de Ação Cultural Regionalizada da FMC.
Registro imaterial das comunidades quilombolas
No evento de lançamento do FAN, o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, anunciou o início do processo de registro imaterial de três quilombos urbanos: Quilombo dos Luizes, no bairro Grajaú; Quilombo de Manguerias, na região do bairro Ribeiro de Abreu e a comunidade Manzo Ngunzo Kaiango, situada no Santa Efigênia.
Nos próximos meses, o perímetro destes quilombos e as manifestações culturais lá existentes serão mapeadas e identificadas por meio de um estudo. A expectativa é que o processo seja finalizado até dezembro. “Os quilombos não são somente os oriundos da escravidão, mas famílias e grupos que tiveram coesão em determinados territórios, muitos deles oriundos de alijamento de processos culturais e econômicos do Brasil. BH gerou três espaços com essas características e a FMC vai apostar nestes espaços com o registro imaterial deles”, afirma Leônidas.
O Festival de Arte Negra
Promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, desde 1995, o Festival de Arte Negra – FAN é um dos maiores do gênero no Brasil e reforça a vocação da cidade para sediar eventos que respeitam a diversidade cultural e democratizam o acesso à arte.
O FAN nasceu da necessidade de mostrar a vigorosa produção cultural de africanos e seus descendentes, residentes no país ou no exterior, inclusive com expressiva presença na cena artística de Belo Horizonte. Logo, transformou a capital em pólo de reflexão sobre a arte negra feita hoje, recuperou sua história, apontou rumos e revelou talentos.
Consolidado a cada edição, explora novas possibilidades e conquista cada vez mais as atenções do público. Durante o FAN, a cidade se alegra e se enriquece com a presença de intelectuais e artistas de grande qualidade e ao mesmo tempo assiste ao espetáculo de integração cultural que o Festival propicia.
O curadores do FAN 2015
Rosalia Diogo possui graduação em Jornalismo, mestrado em Psicologia Social. É doutora em Letras/Literatura. É pós-doutora em Antropologia Social pela Universidade de Barcelona. É professora titular da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte- Secretaria Municipal de Educação- SMED. Conselheira do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Membro do Conselho Editorial das revistas Literatas e Baía/Moçambique e Crearmundos, de Barcelona. É autora dos livros Mídia e Racismo (2004) e Rasuras no Espelho de Narciso- educadoras negras e a crítica à representação de negros/as na mídia (2008), publicados pela Mazza Edições. Na condição de Conselheira do Conselho Municipal de Educação, entre os anos de 2002 e 2004, foi relatora do Parecer de Inclusão da Pessoa com Deficiência e das Diretrizes Curriculares Municipais para o Ensino da Cultura Africana e Afro-brasileira no Currículo do Sistema Municipal de Educação de Belo Horizonte.
Ibrahima Gaye é senegalês, fundador e diretor da ONG Centro Cultural Casa África, na França, sendo, desde 1999, criador e gestor de projetos sócio-culturais e educativos de promoção e difusão das culturas africanas e suas diásporas no Brasil e no mundo. Pelo reconhecimento do seu trabalho realizado no Brasil, o atual governo da república do Senegal o nomeou, em 2009, Cônsul Honorário do Senegal em Belo Horizonte, o primeiro de nacionalidade senegalesa na historia da diplomacia entre o Brasil e o Senegal.
Denilson Tourinho é ator, pós-graduado em Africanidades pela UNB e produtor cultural. Recebeu o Troféu “Mês da Consciência Negra” pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de Contagem e o “Prêmio Educar para a Igualdade Racial” pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), São Paulo. Foi um dos idealizadores do “Negraria”- Coletivo de Artistas Negros de Belo Horizonte. Atualmente integra vários espetáculos belorizontinos de arte negra que têm participado de vários festivais e mostras em todo Brasil, como a “Trilogia Afrobrasileira” Sesc Campo Limpo SP/SP; “Semana da Cultura Negra” Itabira/MG, duas edições da “Mostra Benjamin de Oliveira” BH/MG; Festival Internacional “A Cena Tá Preta” Salvador/BA; “Projeto Linguagens Brasileiras: Cultura Negra Em Cena” RJ/RJ e três edições do “FAN - Festival de Arte Negra” BH/MG. Participou de várias campanhas publicitárias regionais e nacionais para grandes empresas. Fez parte dos grupos de estudos GEAB (Grupo de Estudos Afro-brasileiros, PUC Minas) e “Ações Afirmativas”, UFMG. Tem atuação constante em seminários, congressos e eventos similares na área de educação e cultura negra.