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Para dar continuidade ao projeto que já levou cerca de 2 mil pessoas ao Grande Teatro do Palácio das Artes, a Fundação Clóvis Salgado apresenta o Coral Lírico de Minas Gerais (CLMG) no primeiro concerto da série Lírico ao Meio-dia. Nesta apresentação, a diversidade do repertório se faz presente.
Sob a regência do maestro Lincoln Andrade, o concerto com o CLMG combina canções operísticas, musicais e oratórios. Também o repertório nacional estará presente, com a peça Xavante, deCésar Guerra-Peixe.
Na primeira apresentação da série Lírico ao Meio-Dia, o Coral vai interpretar obras a cappella, canções operísticas, sacras e seculares, em cinco diferentes idiomas: inglês, alemão, espanhol,hebraico e latim. No programa da apresentação, estão peças de grandes compositores da música coral, como Britten, Mendelssohn e Handel. Essa variedade confirma a tendência de buscar um repertório cada vez mais exclusivo, como destaca o regente titular Lincoln Andrade. “Nesse concerto, mostramos a versatilidade que podemos alcançar, já que são idiomas muito diferentes e que exigem preparação específica”, diz Lincoln Andrade.
Com o mesmo repertório, em versão completa, será realizada a segunda apresentação da série Lírico em Concerto, na quarta-feira, 20, também no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Da ópera ao tupi-guarani – Dessa variedade de idiomas que marca o repertório das duas apresentações do Coral Lírico, o público pode conferir um programa que reúne diferentes estilos da música coral. São composições singulares que formam um mosaico com toda a diversidade que tem sido uma das marcas registradas do Coral Lírico de Minas Gerais.
Oh Love Divine, do oratório Theodora, do alemão G. F. Handel, abre a apresentação. A peça narra a história de amor entre dois santos mártires cristãos que são perseguidos e sacrificados pelos romanos. Em seguida, o Coral Lírico interpreta, a capella, o moteto O vos omnes, do compositor basco Pablo Casals. A peça originalmente fazia parte da liturgia católica da Semana Santa e o texto é uma adaptação do trecho bíblico de Lamentações 1:12. Ainda no repertório sacro, Salmo 43: Richtemich, Gott, do também alemão Felix Mendelssohn, possui um ar solene e foi escrita para coro de oito vozes. O CLMG interpreta este moteto, com acompanhamento de órgão.
Do repertório operístico, vem o trecho final da ópera Gloriana, de composição do britânico Benjamin Britten. A peça é uma homenagem à rainha Elizabeth II, coroada seis dias antes da estreia da peça. De acordo com Lincoln Andrade, a composição é uma narrativa sobre diferentes momentos da vida da rainha e, nesta obra, o Coral Lírico interpreta as Danças Corais, a capella.
Suíte Lorca, de Einojuhani Rautavaara, também está no programa. Composta por quatro peças breves e intensas, a obra é um estudo no uso de escalas simétricas de tom e semitom. Para Lincoln Andrade, a peça é raramente executada por outros corais devido ao alto nível de dificuldade da composição. O Coral Lírico de Minas Gerais vai interpretar, pela terceira vez, essa peça em Belo Horizonte. No mesmo nível de dificuldade, devido ao idioma, está a peça Cinco Canções Hebraicas de Amor, do norte-americano Eric Whitacre, que se inspirou nos poemas escritos por sua esposa israelita para compor a peça.
As mudanças de texturas e os contrastes de dinâmica para transmitir o sentimento de alegria gerado pela promessa de liberdade são o tema de Elijah Rock, um Traditional Spiritual, de JesterHairston. A composição está relacionada ao movimento abolicionista afro-americano e evoca as figuras dos profetas Elias e Moisés.
À brasileira – Apesar de ter composto poucas peças corais ao longo da carreira, o fluminense César Guerra-Peixe teve grande contribuição para o resgate do sentimento nacionalista por meio da música. Para relembrar o trabalho do compositor, o Coral Lírico interpreta a série Xavante, uma das composições mais emblemáticas de Guerra-Peixe.
Baseada em temas cantados por indígenas da tribo Xavantes, a composição de Guerra-Peixe é “um jogo fonético, sem significado literário e semântico, usado por Guerra Peixe para representar os sons guturais dos guerreiros e jovens mulheres Xavantes”, explica Lincoln Andrade. A obra possui quatro movimentos: Ritual de Perfuração da Orelha, que é um ritual que celebra a maioridade das jovens xavantes; Dança das Moças com uma melodia lúdica e ingênua; em contrapartida à Dança dos Rapazes, de ritmo mais marcante. E, por último, a Dança Final (ou Corrida dos Buritis), que celebra a cerimônia de maioridade masculina.
Novas séries dos Corpos Artísticos:
Lírico ao Meio-Dia – Com o slogan Um cardápio musical para você, o projeto tem o objetivo de contemplar as pessoas que trabalham ou estudam no hipercentro de BH, e até mesmo os transeuntes que passam pela região, oferecendo um programa gratuito ou a preços populares, que inclui grandes nomes da música nacional e internacional. Na última apresentação, realizada no dia 28 de abril, o Grande Teatro recebeu aproximadamente 600 pessoas, número considerado um verdadeiro sucesso para o horário.
Lírico em Concerto – A série Lírico em Concerto levará o CLMG ao Grande Teatro do Palácio das Artes interpretando grandes nomes da música em concertos a preços populares. A apresentação acontecerá pelo menos uma vez ao mês. Professores da rede regular de ensino e também de cursos livres de arte, terão ingressos gratuitos disponibilizados pelo projeto Bravo, Professor!.
Segundo Cláudia Malta, Diretora Artística da FCS, trata-se de mais uma iniciativa que pretende aproximar o público da programação apresentada pelos corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado.
Sobre o Coral Lírico de Minas Gerais – Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e que interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Dentro das estratégias de difusão do canto lírico, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.
Maestro Lincoln Andrade – Lincoln Andrade possui doutorado em Regência pela Universityof Kansas (EUA), mestrado em Regência Coral pela University of Wyoming (EUA), onde também foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Premiado nos Estados Unidos e na Europa, foi diretor musical do grupo ‘Invoquei o Vocal’; maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Ainda na capital federal, foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. Também é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Lincoln Andrade é o apresentador e produtor musical do programa Conversa de Músico, veiculado semanalmente pela TV Senado.
Sobre os compositores:
G.F. Handel – (1685-1759) Célebre compositor germânico. Passou a primeira parte da carreira em Hamburgo, como violinista e maestro da Orquestra da Ópera local, mas foi em Londres que desenvolveu a parte mais importante da sua trajetória, ao consolidar-se como importante autor de óperas, oratórios e música instrumental. Sua produção é vasta e contém mais de 600 obras.
Benjamin Britten – (1913-1976) Foi compositor, maestro, violetista e pianista. Com dez anos de idade, já tinha composto diversos quartetos de cordas. Em 1945, estreou a ópera autoral Peter Grimes, com sucesso estrondoso. Juntamente com Joan Cross, formou um novo projeto operístico, o English Opera Group, em 1947, e se dedicou a realizar digressões e a se especializar em óperas de câmera.
Pablo Casals – (1876-1973) Virtuoso violoncelista e maestro catalão, percorreu a Europa e os Estados Unidos promovendo concertos e recitais. Apesar de ter realizado diversas grandes obras com orquestras e música de câmara, seus trabalhos mais notáveis foram as gravações das Suítes para Violoncelo de Bach.
Felix Mendelssohn – (1809-1847) Compositor, maestro e pianista alemão do período romântico, começou a compor aos nove anos e, entre suas principais obras, está a suíte Sonho de uma Noite de Verão, que inclui a marcha nupcial e os oratórios São Paulo e Elijah.
Jester Hairston – (1901-2000) Compositor, condutor de corais e ator norte-americano, é considerado um dos grandes especialistas em músicas espirituais afro-americanas e corais. Realizou sua formação musical na Juilliard School e realizou trabalhos notáveis com coros na Broadway. Entre suas principais composições estão a canção gospel Amen e a natalina Mary s Boy Child.
Einojuhani Rautavaara – (1928) Compositor finlandês de música clássica contemporânea, é um dos nomes mais notáveis após Jean Sibelius. Estudou na Juilard School em Nova York e lecionou na Sibelius Academy na Finlândia.
Leonard Bernstein – (1918-1990) Maestro, compositor e pianista americano, é vencedor de diversos Emmys e obteve grande reconhecimento ao dirigir a Filarmônica de Nova York entre 1954 e 1989. Foi uma das figuras mais influentes na música clássica americana e inspirou a carreira de uma grande geração de novos músicos. Suas composições são diversificadas e abrangem peças para balé, cinema, teatro e ópera. Entre suas principais obras estão as composições Candide, On the town e West Side Story.
Eric Whitacre – (1970) Maestro e compositor norte americano, é vencedor do prêmio Grammy e conhecido por seu trabalho com orquestras e corais. Diversas de suas obras são homenagens a diferentes poetas como Federico García Lorca e Emily Dickinson. Alguns dos seus trabalhos mais célebres vem do projeto Virtual Chord, que propõe agrupar vozes individuais a um coral online.
César Guerra-Peixe – (1914-1993) Autor de vasta obra, abrangendo praticamente todos os gêneros musicais. Compôs duas sinfonias, uma das quais dodecafônica. Compôs ainda duas suítes sinfônicas, numerosas peças de música de câmara, três peças para violão, além de obras para flauta, violino, fagote, piano, entre outros.