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Crédito: Arquivo Tribuna de Minas
Ele não era alto, mas sempre foi grande na arte de escrever e contar a história da cidade onde escolheu viver. Almir de Oliveira, o homem que viveu entre o direito, a literatura e a história, se foi na madrugada desta terça (2), mas deixou seu nome na narrativa local, que ajudou a reunir e divulgar. O advogado, escritor e jornalista completaria 99 anos no próximo dia 8 de julho e estava internado na Santa Casa de Misericórdia, onde foi vítima de falência múltipla dos órgãos. Nascido em Espera Feliz, na Zona da Mata, ele mudou-se para Juiz de Fora ainda jovem, formando-se em direito em 1943. Vinte anos mais tarde, tornou-se diretor da faculdade por dois mandatos (de 1964 a 1971) e sub-reitor da universidade, na qual é hoje professor emérito e catedrático.
“Ele foi quase o primeiro professor de direitos humanos nos cursos de direito do Brasil. Era uma pessoa de uma intelectualidade muito privilegiada, com uma cultura geral invejável. Ele teve iniciativas muito importantes para os cursos de direito. Em Juiz de Fora, promoveu o primeiro encontro de dirigentes de cursos de direito no país”, destaca o promotor de justiça Cleverson Raimundo Ysbarzi Guedes. “Tive muita satisfação de conviver com ele, ainda que por breve tempo. Sempre lúcido, tinha conversa boa, convivência amena, além de uma vivência muito importante para meu crescimento pessoal”, completa.
O jornalista da história
Os caminhos profissionais de Almir de Oliveira ganharam novos rumos quando passou a também se valer do jornalismo, atuando como redator dos jornais “Estado de Minas” e “Diário Mercantil”, além de ser diretor da “Folha Mineira”. Nessa área, alcançou bastante visibilidade pelo texto sempre refinado e preenchido com intensas pesquisas. Ao lado de Paulino de Oliveira e Dormevilly Nóbrega, tornou-se o autor do passado da cidade. Autor de mais de duas dezenas de obras, entre elas “Gonzaga e a Inconfidência Mineira”, da Série Brasiliana, editado em 1948, Almir também foi palestrante de renome. Em 1978, proferiu “A imprensa em Juiz de Fora”, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Imortal da Academia Mineira de Letras, ocupava a cadeira 32, cujo patrono era o Marquês de Sapucaí. Ocupava, também, a cadeira 23 da Academia Juiz-forana de Letras, da qual foi um dos fundadores. Ativo na vida cultural da cidade, Almir ocupou durante mais de duas décadas o cargo de presidente do Conselho de Amigos do Museu. Nesse período, seu vice era o jornalista Ismair Zaghetto. “Quando fez 80 anos, disse já estar na hora de deixar o conselho. Fiz um apelo, pela sabedoria dele. Ele acabou ficando. Ganhamos muito com a presença dele. Ele deixa um legado muito rico. O processo cultural de Juiz de Fora se empobrece com a saída dele da cena. É um jornalista, um literato de primeira linha, um pensador e historiador de muito respeito. Era uma figura humana muito rica, que sempre demonstrou um amor imenso pela cidade”, destaca o amigo.
Almir de Oliveira está sendo velado na capela 1 do Cemitério Parque da Saudade e seu corpo será enterrado no Cemitério da Glória às 9h desta quarta (3). O prefeito Bruno Siqueira decretou luto oficial de três dias.
Fonte: Tribuna de Minas
SEC lamenta falecimento de Almir de Oliveira
A Secretaria de Estado de Cultura solidariza-se com a Academia Mineira de Letras, ao lamentar o falecimento do acadêmico Almir de Oliveira, decano da instituição. Ele residia em Juiz de Fora, representando na Academia a cidade na qual foi ela criada, em 25 de dezembro de 1909.
Membro da AML, o secretário Angelo Oswaldo enviou mensagem ao presidente Olavo Romano. Segundo o secretário, Almir de Oliveira foi um notável homem de letras e estudioso da história de Minas Gerais, deixando-nos um legado cultural de valor singular.