A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, a Secretaria de Estado de Cultura e a Fundação Clóvis Salgado conseguiram reverter a delicada situação do Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes Cênicas. Sensibilizado com o problema, o Governo priorizou o compromisso com o aporte financeiro e autorizou a Câmara de Orçamento e Finanças da Seplag a liberar o valor total de R$ 350 mil para cobrir as despesas do Prêmio. O Secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, disse que esses recursos, que deveriam ter sido pagos ou liberados no ano passado, traduzem o esforço do Governo Fernando Pimentel no sentido de reconhecer e enfatizar a importância da produção cultural na vida de Minas Gerais.
Para o presidente da FCS, Augusto Nunes-Filho, a notícia foi recebida com entusiasmo pela instituição. “Em breve, entraremos em contato com os vencedores para os devidos encaminhamentos e a definição da solenidade de entrega da premiação”. Com prêmios que variam entre R$ 120 mil, R$ 75 mil e R$ 40 mil o edital contemplou três projetos de Belo Horizonte e dois do interior do estado, sendo um de Ouro Preto e outro de Viçosa.
Na categoria Prêmio Marcello Castilho Avellar, o vencedor foi CANGARAL PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, com o espetáculo LA NONNA. Pela primeira vez, um dos vencedores do Prêmio Estímulo terá como palco para suas apresentações o Grande Teatro do Palácio das Artes.
Na categoria Montagem – Teatro e Dança, venceram: ASSOCIAÇÃO CULTURAL PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE, com o espetáculo ALGUÉM, e COMPANHIA SUSPENSA, com o espetáculo CONTAMINAÇÃO.
Na categoria Circulação do Interior – Teatro e Dança, venceram TEATRO DIADOKAI (Ouro Preto), com o espetáculo FIM DE PARTIDA, e GRUPO IMPACTO (Viçosa), com o espetáculo de dança urbana IN SANIDADE. Os vencedores dessas duas categorias cumprirão temporadas no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes.
O Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes Cênicas integra a política de estado de fomento ao teatro e à dança. Entre seus objetivos está incentivar a criação, a montagem e a circulação de espetáculos. Importantes textos premiados obtiveram sucesso de público e crítica como Bolsa Amarela, da Zero Cia de Bonecos; Todas as belezas do mundo, da Companhia Clara; Amores surdos, do grupo Espanca! e Isso é Para Dor, da Primeira Campainha, entre outros.
Apoio estrutural – A premiação contempla valores em dinheiro, além do direito a utilizar os acervos de figurinos, adereços e serviços da Fundação Clóvis Salgado, disponibilizados em seu Centro Técnico de Produção, bem como apoio em Assessoria de Imprensa, mídias digitais, impressão de programas, cartazes e placa externa a ser afixada na Avenida Afonso Pena. Os projetos inscritos foram avaliados por uma comissão composta por profissionais das artes cênicas da Fundação Clóvis Salgado e da sociedade civil.
Confira abaixo os vencedores e os respectivos espetáculos:
- PRÊMIO MARCELO CASTILHO AVELLAR
LA NONNA
Proponente: Cangaral Produções Artísticas
Gênero: Fantástico
Sinopse: A peça, do dramaturgo argentino Roberto Cossa, inspira-se no realismo fantástico da literatura hispano-americana. Nonna, a avó com 100 anos, tem um apetite insaciável, o que faz com que a família passe o tempo inteiro dando-lhe comida. A fome da mulher cresce cada vez mais até que começa a desequilibrar o orçamento da casa. Enquanto isso, a crise aumenta e as medidas tomadas vão sendo cada vez mais drásticas. O espetáculo possui linguagem direta e popular, baseada no humor negro, fazendo o público rir de nossas próprias dores e mazelas. A proposta é colocar em evidência a face engraçada do grotesco para contar a história dessa família.
Concepção: A Cangaral Produções Artísticas tornou-se uma das produtoras mais atuantes no mercado mineiro. Além de produzir espetáculos teatrais de qualidade, seus trabalhos possuem grande sucesso de público e crítica. É o caso de Acredite, um espírito baixou em mim, que tornou-se a peça teatral com maior número de espectadores em Minas Gerais.
Participantes: Ílvio Amaral (ator), Maurício Canguçu (ator), Jefferson da Fonseca (ator), José Machado Bueno (ator), Nestor Monastério (diretor), Ana Cândida Aguiar Cardoso (atriz), Paula de Oliveira Sá (assistente); Alexandre Dário dos Santos (figurinos), Marcos Flaksman (cenografia).
Prêmio: R$ 120 Mil
- PRÊMIO MONTAGEM DE TEATRO
ALGUÉM
Proponente: Grupo Pigmalião Escultura que Mexe
Gênero: Teatro de Formas Animadas
Sinopse: Um trabalhador comum, obcecado pela ordem e a obediência, cumpridor de todos os seus deveres. A montagem mostra a relação deste homem com uma série de situações no mundo de mentiras em que vivemos. Ao final, corrompido pelo sistema, ele se transforma em uma pessoa que se esconde atrás de máscaras e comportamentos socialmente aceitos, merecendo até uma promoção no trabalho e perdendo sua identidade.
Concepção: O Grupo Pigmalião Escultura que Mexe realiza pesquisa contínua no campo do teatro de formas animadas, destinada ao público adulto, com abordagens de temas filosóficos e polêmicos. Sabendo disso, a pesquisadora e bonequeira Conceição Rosière apresenta ao Grupo um texto político e surrealista, que oferece uma infinidade de imagens que possibilitam uma encenação potente e questionadora.
Participantes: Conceição Rosière (dramaturga), Eduardo Félix (diretor), Igor Godinho (diretor e ator manipulador), Mariliz Schrickte (atriz manipuladora), Aurora Majnoni (atriz manipuladora), Mauro Carvalho (ator manipulador), Felipe Cosse (iluminação)
Prêmio: R$ 75 mil
- PRÊMIO MONTAGEM DANÇA
CONTAMINAÇÃO
Proponente: Companhia Suspensa
Gênero: Investigação do espaço aéreo
Sinopse: Contaminação é um espetáculo de dança que trabalha a partir da ideia de deriva, confinamento, mimetismo e desaparecimento para desenvolver a movimentação e nortear as relações entre luz, som e espaço cênico. O espetáculo será construído por meio de estrutura transdisciplinar, com artistas de diferentes áreas que trabalharão coletivamente realizando as funções de direção, sonorização e iluminação. Pretende-se criar um espetáculo a partir das percepções dos criadores envolvidos e da contaminação e atravessamento dos olhares e dos trabalhos de cada um, incluindo os bailarinos da Cia Suspensa.
Concepção: A Companhia Suspensa iniciou suas ações em 1999, investigando as relações entre circo e dança. Hoje, com 16 anos de existência e uma linguagem artística reconhecida dentro e fora do país, vem desenvolvendo seu trabalho de investigação do espaço aéreo, criando uma tensão entre o entendimento do corpo e suas possibilidades no chão, e o que acontece quando esse corpo é deslocado para esse espaço, a partir do seu acoplamento a cordas e objetos suspenso.
Participantes: Patrícia Manata (bailarina e pesquisadora), Pablo Lobato (direção colaborativa e desenho de luz), Roberta Manata (bailarina e pesquisadora), Lourenço Martins Marques (bailarino e pesquisador), Gabriela Christófaro (direção colaborativa), Pedro Aspahan (direção colaborativa e desenho de som)
Prêmio: R$ 75 mil
- PRÊMIO CIRCULAÇÃO DO INTERIOR – TEATRO
FIM DE PARTIDA
Proponente: Thiago Carvalho Meira –Teatro Diadokai (Ouro Preto)
Gênero: Drama
Sinopse: No espaço cênico, que as personagens chamam de ‘abrigo’, o ambiente é de confinamento e deterioração. Os quatro personagens vivem como se fossem os últimos sobreviventes da humanidade e como se a natureza mesma estivesse prestes a se extinguir. Elas apegam-se a uma rotina vazia, em que a tônica é a crueldade e a dependência recíproca: tentativas, inúteis, de conferir sentido a um mundo desprovido de significado. Diante dessa situação de desolação, o público ri, pois como afirma Nell, uma das personagens, “nada é mais engraçado que a infelicidade”. Esse riso, porém, deixa um gosto amargo, quando percebemos que risível é a própria condição humana.
Concepção: O Teatro Diadokai é um grupo cujo principal interesse é a pesquisa sobre o trabalho do ator. Desde 1996 cria e produz espetáculos, projetos culturais e sociais para festivais nacionais e internacionais, mas também atua em comunidades de periferia. Na fase atual do trabalho, os jovens artistas que compõem o elenco de Fim de Partida passam a integrar o grupo, após concluírem o curso de graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, onde desenvolveram, durante três anos, com Ricardo Gomes e Priscilla Duarte – professores da UFOP e diretores artísticos do Teatro Diadokai, um intenso trabalho no Núcleo de Pesquisa sobre A Arte do Ator entre Oriente e Ocidente.
Participantes: Thiago Meira (ator e produtor), Ricardo Gomes (diretor e iluminador), Priscilla Duarte (atriz, preparadora corporal e figurinista), Rufo Herrera (compositor trilha original), Daniel Ducato (cenógrafo e visagista), Adriana Maciel (atriz), Ana Lídia Miranda (atriz),
Prêmio: 40 mil
- PRÊMIO CIRCULAÇÃO DO INTERIOR – DANÇA
IN SANIDADE
Proponente: Instituto Asas – Grupo Impacto (Viçosa)
Gênero: Dança urbana
Sinopse: De perto, ninguém é normal, e o espetáculo In Sanidade, do Grupo Impacto, também não é. Com a proposta de refletir sobre o conceito de loucura na vida e nas relações humanas, o espetáculo é irreverente, com surpresas para o público. Após inúmeras pesquisas, Grupo e coreógrafo decidiram falar, por meio da dança, sobre o comportamento humano na atualidade e o universo das relações na contemporaneidade. O espetáculo tem como base histórias de vida de personagens da história mundial, filmes, livros e matérias jornalísticas que abordam questões relacionadas à loucura.
Concepção: O Grupo Impacto de Dança nasceu há 20 anos, composto por bailarinos formados no Núcleo de Arte e Dança, onde iniciaram seus estudos como bolsistas do Centro Experimental de Artes, ligado à Prefeitura de Viçosa e destinado a jovens das periferias e sem acesso a bens culturais e em vulnerabilidade social. Durante todos esses anos, movidos pela paixão pelo hip-hop, se mantiveram unidos com o objetivo de pesquisar, desenvolver e aperfeiçoar a arte vinda das ruas.
Participantes: Patrícia Machado Coelho Lima (direção geral e artística – bailarina e coreógrafa), Lidiane da Silva Jacinto (assistente de direção e ensaiadora), Wellington Julio Ferreira (bailarino), Rodrigo Abranches Faria (bailarino), Alex Luis Ramos (bailarino), Adriano Luiz de Ramos (bailarino), Luis Felipe Claudino Gomes (bailarino, Rafael Gregório de Ramos (bailarino), Rafael Escolástico da Silva (bailarino), Rariel Escolástico da Silva (bailarino), Jean Carlo Nascimento (bailarino), Cleison Lana (bailarino).
Prêmio: R$ 40 mil