![](/images/stories/migracao/cultura/2015/FCS/sinfonicaMIN.jpg)
O belo-horizontino Silvio Viegas assume mais uma vez a batuta frente à Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Nesta oportunidade, vai conduzir a dobradinha Sinfônica ao Meio-Dia e Sinfônica em Concerto. As apresentações têm um atrativo a mais: contam com solo de quatro músicos da OSMG na obra Sinfonia Concertante em mi bemol maior, para oboé, clarineta, fagote e trompa, de Mozart. A Sinfonia Nº 4 em lá maior, de Felix Mendelssohn, completa o programa.
Apesar de já estar familiarizado com a Fundação Clóvis Salgado – já atuou como Diretor Artístico, regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais e convidado em diversas apresentações da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico – Silvio ainda não regeu um concerto da série Sinfônica ao Meio-dia. Para o maestro convidado, a apresentação é única pois reforça o caráter público da Orquestra. “Vivemos um momento em que precisamos pensar o acesso à música erudita em geral. A gente faz arte para o público, esse é o nosso motivo de existir. É importante apresentar-se em projetos como esse porque damos a oportunidade de várias pessoas conhecerem e explorarem a música erudita”, destaca.
O concerto começa com a interpretação da Sinfonia Concertante em mi bemol para oboé, clarineta, fagote e trompa, K297b, de Mozart. Dividida em três movimentos - Allegro, Adagio e Andante con variazoni - a obra conta com quatro solos. Os músicos da OSMG Raquel Carneiro (fagote), Sérgio Gomes (trompa), Tálita Capra (oboé) e Walter Junio (clarineta) foram convidados para se apresentar. “O grupo profissional da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais é muito forte. É sempre muito importante e positivo dar essa oportunidade de crescer, de se superar. Ao mesmo tempo, o público tem a oportunidade de conhecer esses ótimos profissionais. No final, quem ganha é a própria orquestra”, afirma Silvio Viegas.
O Maestro lembra uma controvérsia que marca essa obra de Mozart. Segundo ele, é sabido, por meio de cartas e anúncios de concertos que o autor compôs uma sinfonia concertante por volta do ano de 1777, contemplando os quatro instrumentos de sopro, a pedido de um empresário francês. Entretanto, os originais da obra foram perdidos. Apenas no século XIX, o historiador Otto Jahn encontrou a partitura que foi atribuída a Mozart. “Há quem desconfie. Além da ausência da partitura, questionam a tonalidade escolhida. Mozart tinha escrito outra Sinfonia Concertante, essa para violino e viola, que também é em mi bemol. Tem gente que acredita que ele não iria compor duas sinfonias com a mesma tonalidade”, explica. Em sua defesa, de acordo com o Maestro, a obra tem a beleza e a qualidade da composição, características que a tornaram mundialmente famosa.
A Itália por Mendelssohn – A Sinfonia Nº 4 em lá maior, O.p. 90, conhecida como Italiana, foi uma das obras resultantes da turnê que Mendelssohn fez pela Europa entre 1829 e 1831 e gerou outras composições célebres, como As Hébridas O.p. 26, inspirada em visita feita à Gruta de Fingal, no arquipélago da Escócia. Após três anos de trabalho, em 1833, Felix Mendelssohn conseguiu terminar a Sinfonia nº 4, composição que buscou retratar a alegria e a animação da Itália, país em que foi muito feliz em sua visita.
A obra é dividida em 4 movimentos – Allegro vivace, Andante con moto, Con moto moderato, Saltarello Presto – e conserva o brilhantismo e a alegria que o compositor alemão enxergou na Itália. Sua imersão foi tamanha que introduziu elementos da própria cultura italiana na obra. “O quarto movimento possui a forma de uma dança napolitana, chamada Saltarello, de efeito rítmico e que exige grande virtuosismo por parte da Orquestra”, completa Silvio Viegas.
Apesar de ser considerada uma das suas peças mais alegres, Felix não ficou completamente satisfeito com a obra, que foi revista em 1834, e o compositor chegou a planejar versões alternativas dos segundo, terceiro e quarto movimentos.
Novas séries dos Corpos Artísticos:
Sinfônica ao Meio-dia – Com o slogan Um cardápio musical para você, o projeto tem o objetivo de contemplar as pessoas que trabalham ou estudam no hipercentro de BH, e até mesmo os transeuntes que passam pela região, oferecendo um programa gratuito ou a preços populares, que inclui grandes nomes da música nacional e internacional. Na última apresentação, realizada no dia 28 de abril, o Grande Teatro recebeu aproximadamente 600 pessoas, número considerado um verdadeiro sucesso para o horário. O Coral Lírico de Minas Gerais também integra o projeto com a série Lírico ao Meio-Dia.
Sinfônica em Concerto – A série Sinfônica em Concerto leva a OSMG ao Grande Teatro do Palácio das Artes interpretando grandes nomes da música em concertos a preços populares. A apresentação acontece pelo menos uma vez ao mês. Professores da rede regular de ensino e também de cursos livres de arte têm ingressos gratuitos disponibilizados pelo projeto Bravo, Professor!.
Segundo Cláudia Malta, Diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, trata-se de mais uma iniciativa que pretende aproximar o público da programação apresentada pelos Corpos Artísticos da FCS.
Sobre os Corpos Artísticos:
ORQUESTRA SINFÔNICA DE MINAS GERAIS – Criada em 1976, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, corpo artístico gerido pela Fundação Clóvis Salgado, é considerada uma das mais ativas orquestras do país. Sempre aprimorando a excelência de sua performance, a OSMG cumpre o papel de difusora da música, diversificando sua atuação em óperas, balés, concertos e apresentações ao ar livre - tanto na capital quanto no interior de Minas Gerais. O corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado executa um repertório que abrange todos os períodos da música sinfônica, do barroco ao contemporâneo, e grandes sucessos da música popular, com a série Sinfônica Pop. Seus regentes titulares ao longo de sua história foram: Wolfgang Groth, Sérgio Magnani, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Alyton Escobar, Emilio de César, David Machado, Afrânio Lacerda, Holger Koldziej, Charles Roussin, Roberto Tibiriçá e Marcelo Ramos. Em 2013, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais, pela Lei nº 20628.
Sobre o maestro convidado - Silvio Viegas foi Diretor Artístico da Fundação Clóvis Salgado entre 2003 e 2005 e da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro entre 2011 e 2014. Atualmente, é Maestro Titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Professor da cadeira de Regência na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Desde o início de sua carreira tem se destacado pela atuação no meio operístico, regendo títulos como O Navio Fantasma, Carmen, Le Nozze di Figaro, O Barbeiro de Sevilha, L Italiana in Algeri, Romeu e Julieta, Lucia di Lammermoor, Cavalleria Rusticana, Il Trovatore, Nabucco, Otello, Falstaff, La Bohème e Tosca, entre outros.
Como convidado, esteve à frente da Orquestra da Arena de Verona (Itália), Sinfônica de Roma (Itália), Sinfônica de Burgas (Bulgária), Sinfônica do Festival de Szeged (Hungria), Orquestra do Algarve (Portugal), Sinfônica do Teatro Argentino de La Plata (Argentina), Sinfônica do Teatro Sodre (Montevidéu, Uruguai), além das principais orquestras do Brasil.
Natural de Belo Horizonte, estudou regência na Itália e é Mestre em Regência pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Sobre os solistas:
Raquel Santos Carneiro (fagote) - Iniciou os estudos de fagote no Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (Belo Horizonte-MG), com o professor Francisco Formiga e, posteriormente, com o professor Washington Vitalino. No Conservatório Mineiro de Música, estudou com o professor Benjamim Coelho. Graduou-se bacharel em fagote pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997-2000). Em 2003, obteve o título de especialista em Práticas Interpretativas da Música Brasileira, pela Universidade Estadual de Minas Gerais (2003). De 2002 a 2011, foi professora do curso de bacharelado em fagote da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Nos anos de 2009 a 2013, foi professora de fagote no curso de bacharelado da Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Concluiu o mestrado em Música na Escola de Música da UFRJ, sob a orientação do professor Dr. Aloysio Moraes Rego Fagerlande, em 2015. Atualmente, leciona fagote na Escola de Música da UFMG, no Projeto Orquestra Jovem das Gerais e atua como fagotista na OSMG.
Sérgio Gomes (trompa)- Graduado em trompa pela UFMG, nasceu no estado do Rio de Janeiro. Iniciou os estudos musicais com o pai, maestro Sebastião Gomes; e de trompa, aos 11 anos, na Escola de Música de Brasília com o professor Raimundo Martins. Em 1977, passou a integrar, como primeiro trompista, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Em 1981, foi convidado a participar da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, também como primeiro trompista e solista. Nesse período, atuou como solista e músico convidado na maioria das orquestras sinfônicas brasileiras. Na área de música de câmara, participou dos mais importantes grupos do gênero em Belo Horizonte. Foi professor do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado e da Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais. Atualmente, Sérgio é regente assistente e primeiro trompista solista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
Tálita Capra (oboé) - Orientada pela mãe, iniciou seus estudos musicais com piano aos 3 anos de idade. Em 1991, optou por estudar oboé e, desde muito jovem, vem se destacando e atuando como oboísta de renomadas bandas e orquestras brasileiras. Apresentou-se como solista frente a inúmeras orquestras no Brasil e no exterior e integrou diversos grupos camerísticos, além de ter sido premiada em vários concursos brasileiros como solista e camerista, apresentando-se nas mais importantes salas de concerto do país. Foi professora de oboé e música de câmara na UFMG, na X Oficina de Música Instrumental e Vocal de Itajaí e no 24º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora. Atualmente, é oboísta da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, professora de oboé na Escola de Música da Orquestra Jovem de Contagem, membro do “Quinteto Minas Ventos” e do “Duo Capra”, premiado dueto de harpa e oboé cujas apresentações incluem turnês pelo Brasil, México, Argentina, Itália e Austrália, entre outros países.
Walter Junio (clarineta) - Natural de Contagem, iniciou seus estudos musicais na Banda de 12 de Março com o maestro Francisco Guimarães. Formou-se no curso básico no Centro de Formação Artística d Fundação Clóvis Salgado (Cefar), sob orientação do professor Walter Alves, e graduou-se na UEMG na classe do professor Daniel Campos. Foi professor da classe de Clarineta da UEMG e Professor Substituto na Escola de Música da UFRJ. É o primeiro clarinetista solista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG. Atua frequentemente como convidado em várias orquestras do país. É professor no Projeto Música de Sarzedo e Orquestra Jovem das Gerais.
Sobre os compositores:
Felix Mendelssohn – (1809-1847) Compositor, maestro e pianista alemão do período romântico, começou a compor aos nove anos e, entre suas principais obras, estão a suíte Sonho de uma Noite de Verão, que inclui a marcha nupcial, e os oratórios São Paulo e Elijah.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Nasceu em Salzburgo, na Áustria. Morreu no dia 5 de dezembro de 1791, com apenas 35 anos. Foi um compositor influente do período clássico, tendo composto mais de 600 obras publicadas, tidas como referências da música sinfônica, concertos, óperas, para piano e de câmara.
PROGRAMA
W. A. Mozart – Sinfonia Concertante em mi bemol maior para oboé, clarineta, fagote e trompa, K 297b
I. Allegro
II. Adagio
III. Andante con variazioni
Solistas: Tálita Capra – oboé, Walter Júnio – clarineta, Raquel Carneiro – fagote, Sérgio Gomes - trompa
Intervalo (15 min)
F. Mendelssohn – Sinfonia No. 4 em lá maior, op. 90 “Italiana”
I. Allegro vivace
II. Andante con moto
III. Con moto moderato
IV. Saltarello. Presto