![](/images/stories/migracao/cultura/2015/Entrevistas/filar%20boa%20es%20mini.jpg)
Boa Esperança, que já é o berço do mundialmente reconhecido pianista Nelson Freire, será palco de ummomento especial para a música clássica. Juntos, Nelson e a Filarmônica de Minas Gerais interpretam o Concerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58, de Beethoven, em concerto ao arlivre, no dia 1° de agosto, às 20h, naPraça do Fórumda cidade. No concerto, a Orquestra também executa o Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manuel da Silva; A Abertura de O Navio Fantasma, de Wagner; O Quebra-nozes, op. 71: Valsa das Flores, de Tchaikovsky; e a Protofonia de O Guarani, de Carlos Gomes.O último recital de Nelson Freire em sua terra natal foi em 1994, por ocasião do aniversário de 50 anos do artista.
O concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, e conta com o apoio da Prefeitura de Boa Esperança.
Para que o público possa conhecer mais sobre o pianista, no dia30 de julho, às18h, na Sala Minas Gerais, e no dia02 de agosto, às 11h, na Casa da Cultura de Boa Esperança, será lançado o livro Nelson Freire, a pessoa e o artista, escrito pelo professorRicardo Arnaldo Malheiros Fiúza, com apoio da Editora Del Rey. O escritor, amigo de Nelson Freire desde os 12 anos e casado com uma prima do pianista, acompanha a célebre trajetória tanto no Brasil quanto na Europa. “Nelson Freire sempre foi muito reservado, ele acredita que a música que ele faz é mais importante que sua imagem, por isso o livro é a oportunidade de conhecer tanto um pouco sobre o artista quanto da pessoa por trás do nome”, revela Ricardo. Ele conta que há passagens engraçadas e grandes momentos da carreira de Nelson Freire, a trajetória do menino prodígio de Boa Esperança que tornou-se um dos mais admirados pianistas da atualidade, um livro recheado de fotos pessoais. “O resultado é um gesto de amizade que contribui para fortalecer o legado deste grande nome da música clássica”, completa.
Nelson Freire
O primeiro recital de Nelson Freire ao piano foi aos cinco anos, em Boa Esperança, no Cine Teatro Brasil, que hoje não existe mais. Ele nem estudava música, mas aprendeu ao ouvir as lições da irmã Nelma. Seus pais então o levaram para estudar em Varginha, mas o professor Fernandez logo se deu conta do talento do menino e avisou ao farmacêutico José Freire Silva e à professora Augusta Pinto Neves que ele precisaria alçar voos maiores. Assim, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, e o talento de Nelson foi entregue às mestras Nise Obino e Lúcia Branco. Ao vencer o Primeiro Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, aos doze anos, Nelson Freire ganhou bolsa de estudos do governo federal e foi para Viena, onde estudou com Bruno Seidlhofer.De lá pra cá, o menino prodígio do interior tornou-se um dos grandes pianistas do mundo e é hoje um artista universalmente consagrado.Apresentou-se com os regentes de maior prestígio, como Valery Gergiev, Rudolf Kempe, Rafael Kubelik, Yuri Temirkanov, Seiji Ozawa, Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Andre Previn, Pierre Boulez, Lorin Maazel, Kurt Masur e Sir Colin Davis. Apresentou-se com as orquestras filarmônicas de Berlim, Londres, Nova York e Israel, a Concertgebouw de Amsterdam, a Gewandhaus de Leipzig, as sinfônicas de Paris, Nacional da França, Munique, Tóquio, São Petersburgo, Boston, Chicago e Viena.Seus discos receberam os prêmios Diapason d’Or, Grand Prix du Disque,Victoire d´Honneur,Edison, Gramophone e o Grammy Latino. Com a Filarmônica de Minas Gerais, Nelson Freire já se apresentou quatro vezes.
O maestro Fabio Mechetti
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho recebeu o Prêmio Carlos Gomes/2009 como Melhor Regente brasileiro. Recentemente, tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Residente da Sinfônica de San Diego, Titular das sinfônicas de Syracuse, Spokane e Jacksonville, sendo agora, Regente Emérito destas últimas duas. Na Sinfônica Nacional de Washington foi regente associado de Mstislav Rostropovich. Estreou no Carnegie Hall conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Nos Estados Unidos dirigiu inúmeras orquestras e é convidado frequente de importantes festivais.
Realizou diversos concertos no México, Peru e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra da Radio e TV da Espanha. Dirigiu também a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia. No Brasil, regeu a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. Mechetti possui mestrados em Composição e Regência pela Juilliard School de Nova York.
O repertório
Francisco Manuel da Silva (Brasil, 1795 – 1865) eHino Nacional Brasileiro
Nascido no Rio de Janeiro em 1795, Francisco Manuel da Silva foi discípulo de dois músicos notáveis da época: o padre José Maurício Nunes Garcia e Segismundo Neukomm. Com sólida formação musical, foi professor, mestre de capela imperial, diretor do Conservatório Imperial de Música do Rio de Janeiro, maestro e compositor da Imperial Câmara. O hino patriótico que viria a tornar-se o nosso Hino Nacional foi composto para celebrar a Abdicação. A letra atual, de Osório Duque Estrada, escrita em 1909, oficializou-se no centenário da Independência, em 1922, já consagrada pelo uso popular. Francisco Manuel da Silva morreu em 1865, no Rio de Janeiro, onde foi sepultado com muitas homenagens.
Ludwig van Beethoven (Alemanha, 1770 – Áustria, 1827) eConcerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58
Beethoven soube trazer, para oConcerto nº 4, todas as possibilidades expressivas do piano e colocá-lo em pé de igualdade com a orquestra. Pela primeira vez, o piano ganhou total independência da orquestra e tornou-se um dos protagonistas principais da cena. O piano começa a tocar antes da orquestra e não para em momento algum, deixando claro seu papel de protagonista. Beethoven começou a compor a obra em 1805 e terminou no início do ano seguinte. A estreia se deu em março de 1807, em Viena, em um concerto privado na casa de seu patrono, o Príncipe Franz Joseph von Lobkowitz, com Beethoven ao piano. A primeiraperformancepública doConcerto nº 4aconteceu na mesma Viena, em 22 de dezembro de 1808, no Theater an der Wien, quando foram também estreadas a Quinta e Sexta Sinfonias e aFantasia Coral. Esta foi a última aparição de Beethoven como solista de concertos.
Richard Wagner (Alemanha, 1813 – Itália, 1883) eO Navio Fantasma:Abertura
Entre 1837 e 39, Richard Wagner foi o Diretor Musical do teatro de Riga, na Letônia, então parte do Império Russo. As condições de trabalho por lá se mostraram tão precárias que resolveu tentar a sorte na cidade onde tudo acontecia na época, Paris! O problema era sair de Riga, já que o compositor e sua mulher viviam endividados e seus passaportes tinham sido apreendidos. Durante uma noite de julho, Wagner, Minna e Robber, o cão do casal, conseguiram embarcar em um pequeno navio mercante, o Thetis, a caminho de Londres. Anos depois, Wagner descreveu sua experiência aterrorizadora no agitado mar nórdico, com os gritos da tripulação ecoando pelos fiordes, como uma inspiração para escrever sua ópera O Navio Fantasma (ou, na tradução literal do alemão para o português, O Holandês Voador). A Abertura transmite a incrível força de uma tempestade da noite misteriosa no alto mar; ao mesmo tempo em que é uma síntese do conteúdo dramático da ópera, um poema sinfônico independente de grande força.
Piotr Ilitch Tchaikovsky (Rússia, 1840-1893) eO Quebra-nozes, op. 71: Valsa das Flores
Tchaikovsky foi um verdadeiro Midas ao compor seu balé O Quebra-nozes. As melodias que criou estão entre as mais memoráveis do mundo da música e estão por toda parte na cultura popular, como a Dança Russa, a Marcha, a Dança das fadas açucaradas e, claro, a Valsa das Flores. A Valsa está no segundo ato do balé; nela escutamos a harpa brilhar, seguida pela trompa introduzindo o tema principal, passando depois para as cordas em uma melodia arrebatadora e extremamente cativante.
Carlos Gomes (Brasil, 1836-1896) eO Guarani: Protofonia
Carlos Gomes se inspirou no romance indianista de mesmo nome escrito por José de Alencar para compor O Guarani, ópera em quatro atos com libreto em italiano de Antônio Sclavini e Carlo D’Orneville que trata da história de amor de Ceci e Peri. A montagem estreou com grande sucesso em 19 de março de 1870 no Teatro Scala de Milão – a estreia brasileira só veio em dezembro do mesmo ano, no Rio de Janeiro. A Protofonia, ou Abertura, é sem dúvida o tema mais conhecido dessa criação de Carlos Gomes. Inclusive, é uma versão dela que ouvimos no rádio às 19h em ponto quando começa a Voz do Brasil.
SERVIÇO
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
1º de agosto, às 20h
Praça do Fórum | Boa Esperança
Fabio Mechetti, regente
Nelson Freire, piano
SILVA Hino Nacional Brasileiro
BEETHOVEN Concerto para piano nº 4 em Sol maior, op. 58
WAGNER O Navio Fantasma: Abertura
TCHAIKOVSKY O Quebra-nozes, op. 71: Valsa das Flores
GOMES O Guarani: Protofonia
Concerto gratuito