Resgatar a produção operística ao longo dos anos e reforçar uma das características mais marcantes do Coral Lírico de Minas Gerais, o canto operístico, são os objetivos do novo projeto O Coro e a Ópera – um passeio por óperas maravilhosas e seus coros inesquecíveis. A primeira apresentação do projeto acontecerá nas Séries Lírico ao Meio-dia e Lírico em Concerto quando serão interpretados trechos de 11 óperas de importantes compositores como Mozart, Beethoven, Wagner, Bizet e Verdi. A regência é do maestro Lincoln Andrade, com acompanhamento de piano de Hélcio Vaz do Val.
Foi ouvindo o público e os próprios cantores do CLMG que o maestro Lincoln Andrade decidiu criar um projeto para que o corpo artístico interpretasse um programa inteiramente voltado para coros de óperas. “Logo no começo do ano fiz uma pesquisa dentro do Coral e uma boa parte do grupo expôs a vontade de cantar ópera. O mesmo aconteceu em alguns concertos, com pessoas pedindo isso. Desde que entrei para o coral, fizemos um repertório bem diversificado, então, decidimos voltar a atenção para a ópera nesse momento”, explicou o maestro.
Nos primeiros concertos faremos uma retomada cronológica da história da ópera, com obras de Monteverdi, Handel e Mozart. No segundo momento, o coro passa a interpretar temáticas variadas, como, por exemplo, o casamento e a liberdade. A apresentação é encerrada com 6 obras dedicadas a Verdi.
Sobre o programa - O concerto começa com a interpretação de “Vieni Imeneo deh Vieni”, da ópera L’Orfeo, de Claúdio Monteverdi. Estreada em fevereiro de 1609, essa obra é o registro mais antigo de uma síntese bem sucedida que define o gênero de ópera, por isso costuma ser considerada a primeira. “A composição de Monteverdi combina texto cantado, personificação dramática, cenários, figurinos e música instrumental, ou seja, a síntese da ópera. Vieni Imeneo deh Vieni, é o primeiro coro da ópera, no I ato, e retrata um dos momentos alegres da trama”. O enredo conta a história de Orfeu e sua trajetória entre a alegria de encontrar o amor e o trauma de mergulhar ao inferno.
Dando continuidade ao resgate cronológico, o Coral Lírico de Minas Gerais apresenta de Alcina, Questo è il Cielo di Contenti, em tradução literal Este é o Paraiso do Prazer. A obra de Handel conta a história da feiticeira Alcina que atrai os homens para uma ilha encantada e os transforma em diversos elementos da natureza – rios, árvores, animais e rochas.
Heil sei euch Geweihten, da ópera Flauta Mágica, de Mozart, é a obra que encerra o resgate cronológico. A peça, exclusivamente cantada pelo coro masculino, também é conhecida como Coro dos Sacerdotes e é o Coro final da ópera. “A obra de Mozart pode ser apreciada como um conto de fadas, com sinos, animais, o palhaço e o casal romântico. Mas traz símbolos da maçonaria que pregam a virtude, o amor e a sabedoria”.
Saindo de uma linha cronológica e abordando diversas temáticas, o CLMG dá continuidade ao concerto cantando duas obras que, de alguma forma, falam da liberdade. A primeira delas é O welche Lust, também conhecido como o Coro dos Prisioneiros, da ópera Fidelio, de Beethoven. A peça é cantada apenas por coro masculino e conta a história de Leonore, uma mulher que se disfarça de guarda para salvar seu marido Florestan, preso político, da morte. Em seguida, o Coral interpreta O Coro dos Peregrinos, de Richard Wagner.
Casamento e momentos de celebração também são lembrados na próxima parte do Concerto, com a interpretação de Va Pensiero, da ópera Nabucco de Verdi; de Gaetano Donizetti, Lucia de Lammermoor “Per te d’immenso giubilo” e “De immenso giubilo s’innalzi um grido”; da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, Bridal Chorus e Intermezzo, da ópera Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni.
Para encerrar o concerto, o compositor escolhido foi Verdi, com os coros Brindisi e Coro de Matadores, da ópera La Traviatta; Coro das Cigarreiras, Coro dos Contrabandistas, Les Voici, de Carmen e Cena Triunfal, da ópera Aída.
PROGRAMA
Claudio Monteverdi, da ópera L’Orfeo
“Vieni Imeneo deh Vieni”
G. F. Handel, da ópera Alcina
“Questo è il Cielo di Contenti”
W. A. Mozart, da ópera Flauta Mágica
“Heil sei euch Geweihten”
L. van Beethoven, da ópera Fidelio
“O welche Lust”
Richard Wagner, da ópera Tannhäuser
“Coro dos Peregrinos”
Giuseppe Verdi, da ópera Nabucco
“Va Pensiero”
Gaetano Donizetti, da ópera Lucia di Lammermoor
“Per te d’immenso giubilo”
“De immenso giubilo s’innalzi um grido”
Richard Wagner, a ópera Lohengrin
“Bridal Chorus”
Pietro Mascagni, da ópera Cavalleria Rusticana
“Intermezzo”
Georges Bizet, da ópera Carmen
“Coro das Cigarreiras”
“Coro dos Contrabandistas”
“Les Voici”
Giuseppe Verdi, da ópera Aída
“Cena Triunfal”
Lincoln Andrade – Possui doutorado em Regência pela University of Kansas, EUA, mestrado pela University of Wyoming, EUA, onde também foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Foi diretor musical do grupo Invoquei o Vocal, maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Recebeu prêmios nos Estados Unidos e na Europa. Foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. É o produtor musical, apresentador e entrevistador dos programas Conversa de Músico e Conversa de Músico Concertos, produzidos e veiculados pela TV Senado. Atualmente, é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG. É constantemente convidado para ministrar palestras sobre regência e canto coral em festivais no Brasil.
Coral Lírico de Minas Gerais – Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e que interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Dentro das estratégias de difusão do canto lírico, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado, entre outros. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade.
Novas séries dos Corpos Artísticos:
Lírico ao Meio-Dia – Com o slogan Um cardápio musical para você, o projeto tem o objetivo de contemplar as pessoas que trabalham ou estudam no hipercentro de BH, e até mesmo os transeuntes que passam pela região, oferecendo um programa gratuito ou a preços populares, que inclui grandes nomes da música nacional e internacional.
Lírico em Concerto – A série Lírico em Concerto consta de apresentações do CLMG no Grande Teatro do Palácio das Artes interpretando grandes nomes da música em concertos, a preços populares. A apresentação acontece pelo menos uma vez ao mês.
Professores da rede regular de ensino e também de cursos livres de arte, terão ingressos gratuitos disponibilizados pelo projeto Bravo, Professor!.
Segundo Cláudia Malta, Diretora Artística da FCS, trata-se de mais uma iniciativa que pretende aproximar o público da programação apresentada pelos corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado.
Sobre os compositores:
Claudio Monteverdi (1567-1643): Compositor, maestro e cantor italiano, foi diretor musical da Basílica de São Marcos, destacando-se como compositor de madrigais e óperas. É um dos responsáveis da transição da música clássica para um estilo mais livre e dramático. Considerado o último madrigalista, é o maior compositor de sua geração.
Gaetano Donizetti (1797 - 1848) – Um dos compositores mais importantes do período do Romantismo. Em 1818, apresenta a sua primeira ópera, mas o seu grande reconhecimento só vem em 1828, com a ópera Esuledi Roma. Apesar de ser famoso por suas óperas, Donizetti também compôs outros estilos musicais, como quartetos de cordas e obras orquestrais.
Georges Bizet (1838-1875) - Compositor francês de óperas, destacou-se como aluno no Conservatório de Paris ao vencer diversas competições. Durante sua carreira, teve suas composições orquestrais e para piano ignoradas e o seu grande reconhecimento só veio após a sua morte prematura.
G.F. Handel (1685-1759) - Célebre compositor germânico, desde jovem possuía grande talento musical. Passou a primeira parte da carreira em Hamburgo, como violinista e maestro da orquestra da ópera local, mas foi em Londres que desenvolveu a parte mais importante da sua trajetória, ao consolidar-se como importante autor de óperas, oratórios e música instrumental. Sua produção é vasta e contém mais de 600 obras.
Giuseppe Verdi (1813-1901) – Nasceu na atual Itália, em 1813. Teve lições de música com um padre até os quatro anos de idade. Aos sete, recebe um pequeno piano do pai e, aos nove anos, já começa a compor. É autor de óperas como La Traviata, Rigoletto, Il Travatore, Aída, entre outras. É considerado o maior músico italiano do século XIX. A partir de 1861 sua vida artística une-se à política. É eleito deputado ao primeiro Parlamento italiano em 1874 e proclamado senador.Em 1887, já com oitenta anos, compõe Otello, comparando-se com Shakespeare. Faleceu em 1901, em Milão.
Ludwing van Beethoven (1770-1827) - Compositor alemão, nascido, provavelmente, em 1770. Sua música é típica do período de transição entre as épocas Clássica e Romântica. Aos onze anos, tornou-se músico profissional e, com doze anos, substituiu seu mestre na orquestra da ópera. Atormentado pela surdez e por problemas emocionais, Beethoven foi considerado um poeta-músico, o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão. Foi sempre condicionado pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários. Faleceu na Áustria, em 1827.
Pietro Mascagni (1863 - 1945): Compositor italiano, Mascagni foi um expoente do período musical na ópera conhecido como verismo. Ao longo de sua carreira compôs dezessete óperas. Sua ópera mais conhecida é a Cavalleria Rusticana.
Richard Wagner (1813 - 1883):Maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, ficou conhecido por suas óperas notáveis pelas harmonias ricas e complexas. Pioneiro em avanços da linguagem musical, como a rápida mudança de centros tonais, influenciou o desenvolvimento da música erudita européia. Sua influência também atinge outros campos artísticos, como as artes visuais, a literatura e o teatro.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Nasceu em Salzburgo, na Áustria. Morreu aos 35 anos. Foi um compositor influente do período clássico, tendo composto mais de 600 obras publicadas, tidas como referências da música sinfônica, concertos, óperas, para piano e de câmara.