Obras de diferentes estilos da música coral fazem parte do repertório do Coral Lírico de Minas Gerais na série Lírico no Museu. Sob regência da maestrina Lara Tanaka, o corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado interpreta, pela primeira vez na série, as peças Beatus Vir, do italiano Antonio Vivaldi; e And so it goes, do músico norte-americano Billy Joel. O repertório ainda conta com composições de Brahms, Louis Vierne e Duke Ellington.
O programa do concerto será dividido em duas partes. Na primeira, o Coral Lírico de Minas Gerais interpreta uma síntese de obras sacras e eruditas, com forte presença do estilo barroco no repertório, e acompanhamento do pianista Hélcio Vaz do Val. Já a segunda metade da apresentação é voltada para obras seculares, que têm na essência um tom mais popular. O acompanhamento é do pianista e arranjador Fred Natalino.
Segundo a maestrina Lara Tanaka, essa mistura de repertório, além de reunir algumas das das principais peças que Coral Lírico tem apresentado na temporada 2015, faz com que os coristas estejam sempre afinados para diferentes concertos. “O coro precisa ter essa flexibilidade, já que nós temos uma demanda de repertorio bastante eclético para cumprir, e tudo isso é muito enriquecedor para o Coral”, diz.
Diferentes estilos – Além da divisão entre canções eruditas e seculares, essa apresentação do Coral Lírico reúne duas peças inéditas no repertório da série Lírico no Museu. A primeira delas, Beatus Vir, é uma composição do italiano Antonio Vivaldi. A versão original possui sete movimentos, mas o CLMG irá interpretar três. “São os movimentos que reúnem características marcantes de Vivaldi, como seus padrões rítmicos vigorosos, uma música cheia de vitalidade e imaginação”, explica Lara Tanaka.
Composta na década de 1980 pelo americano Billy Joel, a canção And so it goes é a segunda peça inédita no repertório do concerto. Os versos narram a história de um relacionamento que o artista teve e terminou de maneira brusca. O CLMG vai interpretar a peça com arranjo de piano escrito especialmente para o grupo King’s Singers, grupo vocal britânico, fundado em 1968 por seis alunos do King s College, em Cambridge, na Inglaterra.
O repertório do concerto reúne, ainda, obras de Dietrich Buxtehude, Johannes Brahms e Louis Vierne, três notórios compositores de peças sacras e eruditas. A segunda parte do concerto conta com Três Canções Latino Americanas, peças que remetem às tradições folclóricas da Argentina, Elijah Rock, de Joshua Nelson; e Freedom, de Duke Ellington.
À frente do Coro – A apresentação é especial para a maestrina Lara Tanaka. Regente-titular do Coral Infantojuvenil Palácio das Artes há 15 anos, ela se tornou regente assistente do CLMG em 2014. Esta será a primeira vez que Lara assume a regência do Coral Lírico de Minas Gerais na série Lírico no Museu. À frente do coro, ela decidiu, então, dar um toque mais pessoal ao repertório, selecionando composições que marcaram a sua trajetória.
“Eu sou cravista por formação, e me especializei em música barroca. Então, eu tentei trazer algo barroco para o concerto. Escolhi Beatus Vir, do Vivaldi, por me identificar muito com a música, especialmente o movimento In memoria aeterna, que conserva várias características barrocas”, destaca Lara Tanaka
Para Lara, a primeira regência na série é um desafio, e, ao mesmo tempo, uma grande honra. “Eu me sinto honrada em poder reger o Coral Lírico nesta série. É um grupo com o qual eu sinto muita empatia e o trabalho ao lado deles flui de maneira muito proveitosa. Todos são muito profissionais, o que me deixa ainda mais segura.”, aponta.
Coral Lírico de Minas Gerais – Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e que interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Dentro das estratégias de difusão do canto lírico, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.
Lincoln Andrade – Regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais, possui doutorado em Regência pela University of Kansas, EUA, mestrado pela University of Wyoming, EUA, onde também foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Foi diretor musical do grupo Invoquei o Vocal, maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Recebeu prêmios nos Estados Unidos e na Europa. Foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. É produtor musical, apresentador e entrevistador dos programas Conversa de Músico e Conversa de Músico Concertos, produzidos e veiculados pela TV Senado. Atualmente, é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG. É constantemente convidado para ministrar palestras sobre regência e canto coral em festivais no Brasil.
Lara Tanaka – Mineira de Belo Horizonte, é formada em piano pelo Conservatório de Música de Minas Gerais e bacharel em Regência pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Participou de aulas e masterclasses com Sérgio Magnani, Roberto Tibiriçá, Cláudio Ribeiro, Per Brevig, Mogens Dahl e Nelson Niremberg. Em 2003 gravou o CD Villa-Lobos e os Brinquedos de Roda, com o Coral Infantojuvenil Palácio das Artes e o Grupo de Percussão da UFMG. A obra foi finalista do Prêmio TIM da Música de 2004, na categoria de melhor CD infantil. Atualmente, é regente assistente do Coral Lírico de Minas Gerais e regente titular do Coral Infantojuvenil Palácio das Artes.
Sobre os compositores
Dietrich Buxtehude (1637–1707) Organista e compositor dinamarquês do período barroco, é considerado um dos representantes mais importantes do estilo barroco alemão. Buxtehude ganhou prestígio no cenário música clássica com o retorno dos Abendmusik, saraus vespertinos organizados na igreja de Marienkirche. Foi durante esse período que Buxtehude compôs algumas de suas principais obras.
Johannes Brahms (1833–1872) – Nasceu em 1833 na Alemanha e é um dos grandes representantes do romantismo. Filho de músico, demonstrou vocação para o piano já na infância. Foi maestro da Sociedade de Amigos da Música em 1872 e regeu a Orquestra Filarmônica de Viena por três temporadas seguidas. O compositor e pianista faleceu em 1897, em Viena.
Antonio Lucio Vivaldi (1678–1741) Grande compositor e músico italiano do estilo barroco tardio. É considerado uma das mais notáveis figuras da música clássica mundial. Destacou-se, principalmente, por seus concertos que influenciaram diversos músicos de períodos de diferentes gerações e estilos. Durante sua carreira, publicou concertos, sonatas, óperas, obras sacras, serenatas entre outros. Compôs 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas.
Billy Joel (1949–) Cantor, compositor e pianista norte-americano, William Joseph Martin Joel lançou seu primeiro trabalho de sucesso, Piano Man, em 197. Desde então, Joel tem emplacado sucessos ao redor do mundo. Foi vencedor de seis Grammy, sendo indicado 23 vezes para a premiação. Joel possui 16 álbuns de estúdio, entre coletâneas e discos inéditos. Seu trabalho mais recente é River of Dreams, de 1993.
Jester Hairston (1901–2000) – Compositor, condutor de corais e ator norte-americano, é considerado um dos grandes especialistas em músicas espirituais afro-americanas e corais. Concluiu sua formação musical na Juilliard School e realizou trabalhos notáveis com coros na Broadway. Entre suas principais composições estão a canção gospel Amen e a natalina Mary s Boy Child.
Duke Ellington (1899–1974) – Edward Kennedy "Duke" Ellington foi um compositor, pianista norte-americano. É considerado como uma das maiores influências do jazz durante as décadas de 1920 e 1960. A experimentação na música sempre foi uma das características mais marcantes de Ellington. Realizou diversos trabalhos ao lado de orquestras e trilhas sonoras para filmes. Foi o primeiro músico de jazz a ingressar na Academia Real de Música de Estocolmo.
Louis Vierne (1870–1937) – Compositor e organista francês, Louis Vierne, tinha um estilo elegante e limpo para compor suas peças. Considerado de profundo romantismo, o trabalho do compositor reúne seis sinfonias para órgão, 24 peças fantasia, e 24 obras em estilo livre. Há, também, inúmeros trabalhos para orquestras de câmara, como sonatas para violino e cello e um quarto de cordas.
Programa
Ihr lieben Christen, freuteuch nun
Dietrich Buxtehude
Geistliches lied
Johannes Brahms
Beatus vir
Antonio Vivaldi
In memoria aeterna
Antifona
Paratum cor eius
Kyrie Eleison
Louis Vierne
And so it goes
Billy Joel
Três Canções Latino Americanas
Em los Surcos del Amor
Jacinto Chiclana
Verano Porteño
Elijah Rock
Joshua Nelson
Freedom
Duke Ellington