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Composições da tradição religiosa judaico-cristã integram o repertório do Coral Lírico de Minas Gerais em mais uma edição da série Lírico Sacro. Pela primeira vez, o corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, sob regência do maestro Lincoln Andrade, se apresenta na tradicional Igreja de Santa Tereza e resgata o formato dos concertos europeus dos séculos XVII e XVIII, quando só voz e órgão eram permitidos nas catedrais.
O repertório reúne obras sacras de Bach, Mozart, Duruflé, Villa-Lobos, Brahams entre outros, que serão acompanhadas por órgão pelo músico Hélcio Vaz do Val. Destaque para as árias O welche Lust, da ópera Fidelio, composta por Beethoven; e Intermezzo, de Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni. As peças possuem contexto sacro muito marcante e demonstram a capacidade dos compositores em inserir temas religiosos em suas obras.
Segundo o maestro Lincoln Andrade, montar o repertório com peças sacras é uma forma de evidenciar a versatilidade que tem marcado os concertos que o Coral Lírico realiza ao longo do ano. “É importante realizar apresentações como esta, porque nós mostramos a enorme versatilidade do Coral Lírico e garantimos que as pessoas conheçam diferentes e belas canções sacras”, diz.
Nessa apresentação o público poderá conferir composições poucas vezes interpretadas pelo CLMG, como Ubi Caritas, do compositor francês Maurice Duruflé. Composta em 1960, a peça faz parte de uma série que Duruflé criou sobre temas gregorianos. “Neste trabalho, Duruflé mostra o seu talento particular ao reunir elementos espirituais da melodia gregoriana num contexto polifônico”, destaca Lincoln Andrade.
Composições sacras da música brasileira, com a interpretação de Ave Maria, de Heitor Villa-Lobos, também ganham espaço no programa. De acordo com Lincoln Andrade, a peça sintetiza a qualidade das composições sacras nacionais. “O Villa-Lobos escreveu muitas músicas sacras, em diferentes graus de dificuldades e o trabalho dele é sempre surpreendente”, aponta.
A retomada da série Lírico Sacro teve início em agosto de 2015 e, desde então, o Coral Lírico de Minas Gerais já se apresentou nas Igrejas da Boa Viagem e de São Sebastião. Para Lincoln Andrade, esse tipo de concerto promove uma dinâmica diferente para o CLMG. “O ambiente, a acústica, o fato do coro ter surgido nas igrejas em plena idade média e a tradição da música sacra ser muito harmônica levam a mais esta atividade do Coral Lírico”, finaliza.
Coral Lírico de Minas Gerais – Coral Lírico de Minas Gerais – Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e que interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Dentro das estratégias de difusão do canto lírico, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Lírico Sacro, Lírico no Museu, Lírico Educativo e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.
Lincoln Andrade – Regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais, possui doutorado em Regência pela University of Kansas, EUA, mestrado pela University of Wyoming, EUA, onde também foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Foi diretor musical do grupo Invoquei o Vocal, maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Recebeu prêmios nos Estados Unidos e na Europa. Foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. É produtor musical, apresentador e entrevistador dos programas Conversa de Músico e Conversa de Músico Concertos, produzidos e veiculados pela TV Senado. Atualmente, é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG. É constantemente convidado para ministrar palestras sobre regência e canto coral em festivais no Brasil.
Sobre os compositores
Dietrich Buxtehude (1637–1707) Organista e compositor dinamarquês do período barroco é considerado um dos representantes mais importantes do estilo barroco alemão. Buxtehude ganhou prestígio no cenário da música clássica com o retorno dos Abendmusik, saraus vespertinos organizados na igreja de Marienkirche. Foi durante esse período que Buxtehude compôs algumas de suas principais obras.
Johannes Brahms – (1833–1872) – Nasceu em 1833 na Alemanha e é um dos grandes representantes do romantismo. Filho de músico, demonstrou vocação para o piano já na infância. Foi maestro da Sociedade de Amigos da Música em 1872 e regeu a Orquestra Filarmônica de Viena por três temporadas seguidas. O compositor e pianista faleceu em 1897, em Viena.
Johann Sebastian Bach – (1685-1750) – Compositor, cravista, cantor, maestro, violista e violinista, Bach nasceu no Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha. Tendo uma forte tradição musical em sua família, desde cedo demonstrou talento e iniciou seus estudos na música. Desempenhou diferentes cargos em cortes e igrejas alemãs e praticou quase todos os gêneros musicais de seu tempo, demonstrando maior habilidade no órgão e no cravo. Suas peças mais conhecidas são a Tocata e Fuga em Ré Menor, as Sonatas e Partitas para Violino solo e o Cravo Bem-Temperado.
Ludwing van Beethoven – (1770-1827) – Compositor alemão, nascido, provavelmente, em 1770. Sua música é típica do período de transição entre as épocas Clássica e Romântica. Aos 11 anos tornou-se músico profissional e aos 12 anos substituiu seu mestre na orquestra da ópera. Atormentado pela surdez e por problemas emocionais, Beethoven foi considerado um poeta-músico, o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão. Foi sempre condicionado pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários. Faleceu na Áustria, em 1827.
Maurice Duruflé – (1902-1986) – Compositor e organista francês, Duruflé nasceu em Louviers e tornou-se corista no Coral da Cadetral de Rouen em 1912, onde também estudou piano e órgão. Em 1929, tornou-se organista titular do St. Étienne-du Mont em Paris, cargo que ocupou até o fim de sua vida. Sua peça mais famosa é o Requiem op. 9, para solistas, coral, órgão e orquestra.
Pablo Casals – (1876-1973) – Virtuoso violoncelista e maestro catalão, percorreu a Europa e os Estados Unidos promovendo concertos e recitais. Apesar de ter realizado diversas grandes obras com orquestras e música de câmara, seus trabalhos mais notáveis foram as gravações das Suítes para Violoncelo, de Bach.
Pietro Mascagni – (1863-1945) – Compositor italiano, Mascagni foi um expoente do período musical na ópera conhecido como verismo. Ao longo de sua carreira compôs dezessete óperas. Sua ópera mais conhecida é a Cavalleria Rusticana.
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Maestro e compositor brasileiro, considerado o expoente máximo da música do modernismo no Brasil. Natural do Rio de Janeiro, Villa-Lobos começou sua vida profissional como instrumentista e, aos 19 anos de idade, compôs as primeiras obras. Para demonstrar a semelhança de modulações e contracantos do folclore musical brasileiro com a música de Bach, compôs as nove Bachianas brasileiras. Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. Foi membro da Academia de Belas Artes em Nova Iorque. Fundou a Academia Brasileira de Música.
Louis Vierne (1870–1937) – Compositor e organista francês, Louis Vierne tinha um estilo elegante e limpo para compor suas peças. Considerado de profundo romantismo, o trabalho do compositor reúne seis sinfonias para órgão, 24 peças fantasia, e 24 obras em estilo livre. Há, também, inúmeros trabalhos para orquestras de câmara, como sonatas para violino e cello e um quarto de cordas.