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Ainda há muito que se descobrir sobre a cultura nórdica e a Filarmônica de Minas Gerais apresenta a oportunidade perfeita para conhecer alguns de seus mais importantes compositores clássicos. Nos dias 15 e 16 de outubro, a Orquestra celebra, na Sala Minas Gerais, os 150 anos do dinamarquês Carl Nielsen e do finlandês Jean Sibelius, com participação da violinista letã Baiba Skride. Sob regência do maestro Fabio Mechetti, os músicos apresentam a Suíte Karelia, op. 11, de Sibelius; Concerto para violino, op. 33, de Nielsen; e Suíte Lírica, op. 54 e Danças norueguesas, op. 35, de Grieg.
Os concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, e contam com o patrocínio do Mercantil do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A violinista Baiba Skride
A musicalidade natural de Baiba Skride tornou-a estimada entre alguns dos mais importantes maestros e orquestras em todo o mundo, sendo convidada por suas interpretações agradáveis, sensibilidade e deleite na música. Entre as orquestras de prestígio com quem trabalhou estão a Filarmônica de Berlim, Sinfônica de Boston, Sinfonieorchester des Bayerischen Rundfunks, Orquestra de Paris, Filarmônica de Londres, Filarmônica Real de Estocolmo, Sinfônica de Sydney e Sinfônica NHK. Seu quarto disco sob o selo Orfeo contém os concertos de Szymanowski com a Filarmônica de Oslo e Petrenko, bem como Mythes de Szymanowski com sua irmã Lauma Skride. Outras gravações incluem Schumann com a Danish National Symphony e John Storgårds; Stravinsky e Frank Martin com a Orquestra Nacional BBC do País de Gales e Thierry Fischer; Brahms com a Filarmônica de Estocolmo e Sakari Oramo; Tchaikovsky com a Sinfônica da Cidade de Birmingham e Andris Nelsons; Schubert, Beethoven e Ravel em duo com sua irmã. Skride nasceu em uma família musical letã em Riga. Em 2001 ganhou o primeiro prêmio do Concurso Rainha Elisabeth. Desde 2010 apresenta-se com o Stradivarius ‘’Ex Baron Feilitzsch’’, um violino de 1734 generosamente emprestado por Gidon Kremer.
O maestro Fabio Mechetti
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho recebeu o Prêmio Carlos Gomes/2009 como Melhor Regente brasileiro. Recentemente, tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Residente da Sinfônica de San Diego, Titular das sinfônicas de Syracuse, Spokane e Jacksonville, sendo agora, Regente Emérito destas últimas duas. Na Sinfônica Nacional de Washington foi regente associado de Mstislav Rostropovich. Estreou no Carnegie Hall conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Nos Estados Unidos dirigiu inúmeras orquestras e é convidado frequente de importantes festivais.
Realizou diversos concertos no México, Peru e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra da Radio e TV da Espanha. Dirigiu também a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia. No Brasil, regeu a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. Mechetti possui mestrados em Composição e Regência pela Juilliard School de Nova York.
O repertório
Jean Sibelius (Finlândia, 1865-1957) e a Suíte Karelia, op. 11 (1893)
Esta peça guarda o frescor da música folclórica finlandesa do final do século XIX. No verão de 1892, Sibelius e sua esposa passaram parte da lua de mel em Carélia, onde o compositor tomou conhecimento da música folclórica local e teve a oportunidade de anotar inúmeras melodias. No ano seguinte ele recebeu uma encomenda da Associação dos Estudantes de Viipuri da Universidade de Helsinki (na época Universidade Imperial Alexander) para compor música para uma peça de teatro de caráter folclórico/patriótico que retratava eventos históricos de Carélia. A apresentação em Helsinki, no dia 13 de novembro de 1893, foi um sucesso estrondoso, embora o compositor tenha ficado com a impressão de que ninguém realmente ouvira a sua música. O frenesi foi tão grande que o público bateu os pés e as mãos durante toda a apresentação. Insatisfeito com o resultado musical, Sibelius desmembrou a música e a adaptou em uma abertura (Abertura Karelia, op. 10) e uma suíte em três movimentos (Suíte Karelia, op. 11). O restante da obra ficou abandonado, vindo a ser descoberto após a morte do compositor e restaurado em 1997 – mais de cem anos após a sua composição.
Carl Nielsen (Dinamarca, 1865 - 1931) e o Concerto para violino, op. 33 (1911)
Carl Nielsen foi um dos mais importantes compositores europeus da virada do século XIX para o XX. Tido como um dos responsáveis pela renovação do gênero sinfônico no início do século XX, Nielsen foi também exímio violinista e um importante pedagogo. Seu reconhecimento internacional veio somente após sua morte. Em vida, foi reconhecido apenas como professor, o que o obrigou a lecionar na Academia Real Dinamarquesa de Música até os seus últimos dias. Nielsen iniciou a composição do Concerto para violino no verão de 1911, na Noruega, na velha cabana onde o compositor Edvard Grieg compôs muitas de suas obras. Naquele verão ele recebeu o convite da viúva do compositor, Nina Grieg, para passar alguns dias em Troldhaugen, a casa de verão que eles possuíam na cidade de Bergen. A obra ficou pronta apenas em meados de dezembro, e a bem-sucedida estreia se deu no dia 28 de fevereiro de 1912 em Copenhague, com o violinista Peder Møller e a Orquestra Real Dinamarquesa sob a regência do compositor.
Edvard Grieg (Noruega, 1843-1907) e a Suíte Lírica, op. 54(1891, versão para piano / 1905, orquestrada pelo compositor)e as Danças norueguesas, op. 35 (1881, versão para piano / 1891, orquestrada por Hans Sitt)
A produção musical de Edvard Grieg é predominante e caracteristicamente alemã e dinamarquesa até os anos de 1864 e 1865, muito em função de seus estudos musicais em Leipzig e de sua criação numa classe média norueguesa culturalmente à sombra de Copenhague. Seria o contato com os músicos Rikard Nordraak e Ole Bull o fator determinante em seu redirecionamento estético para a música nacional a partir daqueles anos. Enquanto Bull apresentou-lhe a música camponesa da Noruega, Nordraak, à frente do movimento nacionalista norueguês, convenceu-o a associar-se ao movimento. Entre 1867 e 1901, Grieg compôs 66 pequenas peças para piano chamadas em seu conjuntoPeças Líricas. Oopus 54, quinto livro da coleção, foi escrito em 1891 e marca o que se considera o início de seu segundo nacionalismo – mais radical na exploração de temas noruegueses. Em 1894 Anton Seidl orquestra quatro das seis peças do ciclo para um concerto com a Filarmônica de Nova York. Uma cópia da partitura daSuíte Norueguesa, como foi batizada por Seidl, viria parar, em 1903, nas mãos de Grieg. Este, dois anos mais tarde, decide fazer, segundo seu próprio gosto, algumas alterações na orquestração do regente húngaro e mesmo, no caso de algumas das peças, orquestrá-las novamente. Assim surge a Suíte Lírica, uma orquestração e reordenação de seu próprioopus 54.
Grieg compôs as Danças norueguesas em Hardanger durante o verão de 1881. Elas se baseiam no Halling, dança folclórica norueguesa na qual os homens saltam atleticamente para acertar um chapéu a dois metros de altura. Tais composições surgiram para atender à demanda de obras nacionalistas em forma de dança, como as Danças Húngaras de Brahms e Danças Eslavas de Dvorák: todas originais para piano a quatro mãos. O dinamarquês Robert Martin Henriques foi o primeiro a orquestrar duas das Danças norueguesas de Grieg. Ao que se sabe, o autor criticara a rítmica insuficiente apresentada naquela instrumentação. A orquestração que deu fama à obra foi realizada pelo compositor tcheco Hans Sitt. Ele baseou-se na instrumentação realizada por Grieg a partir de outras obras para piano a quatro mãos, como a Suíte Holberg, as Duas melodias nórdicas, as Variações sobre uma antiga melodia norueguesa e as Danças Sinfônicas, também inspiradas em temas noruegueses.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Hoje em sua sede própria, a Sala Minas Gerais, a Orquestra Filarmônica foi criada em 2008, com o intuito de inserir Minas nos circuitos nacional e internacional da música orquestral. Formada por 94 músicos, vindos do Brasil, Europa, Ásia, Américas e Oceania, e sob a direção artística e regência titular do maestro Fabio Mechetti, a Orquestra rapidamente alcançou reconhecimento do público e da crítica especializada. Administrada pelo Instituto Cultural Filarmônica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), a Filarmônica mantém sua estrutura artística e executa sua vigorosa programação por meio de recursos públicos e privados, auditados anualmente para validar sua gestão.
SERVIÇO
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
15 de outubro - 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
16 de outubro - 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Baiba Skride, violino
SIBELIUS Suíte Karelia, op. 11
NIELSEN Concerto para violino, op. 33
GRIEG Suíte Lírica, op. 54
GRIEG Danças norueguesas, op. 35