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Crédito: Divulgação
O SESI Ouro Preto, em parceria com a Embaixada do México, apresenta até 06 de dezembro a exposição "Mirar desde o amanhecer: claro-escuros mexicanos", de Armando Ahuatzi, na Galeria SESI FIEMG.
A mostra gratuita exibe uma pintura narrativa, povoada de cenas de outrora: frutas, aves, flores e utensílios, alacenas e vitrines de antanho, cantos e coisas de um dia que já foi.
Ahuatzi assina mais de 60 exposições individuais, entre as quais se sobressaem as realizadas no Centro Cultural da Vila de Madrid, na Pinacoteca do Estado de Tlaxcala, no Museu da Cidade do México e no ArtExpo de Nova Iorque.
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Confira as palavras do secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, sobre a exposição:
Ahuatzi em Ouro Preto
Octavio Paz observa que a obra de arte é sempre infiel ao seu criador. A obra diz algo distinto daquilo a que se propôs o artista, afirma o poeta, ao analisar as múltiplas visões sobre os muralistas mexicanos. O que nos vêm dizer as pinturas de Armando Ahuatzi expostas em Ouro Preto? É preciso ouvir suas vozes. Vindos de Brasília, a caminho de Olinda, os óleos se apresentam em três cidades brasileiras inscritas no patrimônio mundial, numa iniciativa marcante da Embaixada do México. À primeira vista, o espectador se encantará com o virtuosismo técnico do pintor de Tlaxcala, na captação das imagens à maneira da escola acadêmica, em fidelidade perfeccionista à cena transplantada para a tela. Para além do corte clássico, começará a penetrar nessas composições repletas de surpresa e mistério, sempre a revelarem algo inusitado ao olho armado de que fala o poeta Murilo Mendes .
Está aí, viva e fascinante, a tradição dos “bodegones”, que remonta aos barrocos espanhóis e flamengos e se enfeita, em Portugal, com as flores sedutoras de Josefa d’Óbidos. A lição do claro-escuro compassada pelo pêndulo barroquista evidencia, em Ahuatzi, o domínio da incidência da luz sobre os jogos a que se entrega a cor. Com exímio talento, ele oferece narrativas da vida mexicana, por meio de frutos e flores, caprichosas gotas d’água e texturas, em luminosos arranjos, nos quais as zonas de sombra exercem admirável efeito. A natureza-morta está repleta da vitalidade que advém dos folguedos populares, das festas religiosas, das tradições crioulas e do artesanato utilitário, que leva poesia à intimidade das casas. Aves e animais, como a imponente arara e o macaco “clown”, acompanham o Niño-Pan no nicho da sala e a florista no mercado nesse desfile de protagonistas de antigas histórias que se traduzem por entre os fachos de luz.
São obras que falam do México profundo e de suas raízes tentaculares, verticalizadas nas culturas pré-hispânicas para lançarem tramas pela herança europeia. “Sinto una grave agonía/ lograr un devaneo,/ que empieza como deseo/ y para en melancolía”. Os versos de Sóror Juana Inés de La Cruz bem descrevem o clima que envolve esses cenários do artista, percorridos pelo vento nostálgico soprado pelas janelas do tempo. A ancestralidade indígena do pintor parece fazer dos frutos da terra o motivo principal de sua criação, ao largo das sugestões dos mestres barrocos. O brasileiro Estêvão Silva (1844-1891), primeiro negro a cursar a Academia Imperial de Belas Artes, foi também um apaixonado pelos arranjos de frutas tropicais, como expressão de um sentimento estético genuíno.
A Embaixadora Beatriz Paredes, estadista e intelectual, percebe, sensivelmente, o rico intercâmbio entre a alma mexicana e o espírito brasileiro, ambos abastecidos por fontes que os irmanaram no espaço ibero-americano. Daí mais essa realização significativa que o Brasil lhe deve: a descoberta de um artista plástico da dimensão de Armando Ahuatzi.
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais
SERVIÇO
Exposição “Mirar desde o amanhecer – claro escuros mexicanos” em Ouro Preto
Local: Galeria SESI FIEMG - Praça Tiradentes, nº 4, Ouro Preto, MG.
Horário: 9h às 19h.
Data: até 06 de dezembro.
Gratuito.