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O tradicional Cine Humberto Mauro, que funciona desde 1978 no Palácio das Artes e integra o Complexo Cultural daFundação Clóvis Salgado, vem batendo recordes de público em 2015. Até o mês passado, 64.131 pessoas já haviam passado pela sala de cinema. Durante todo o ano de 2014, o espaço recebeu 63.346 visitantes.
A expectativa é a de que, até o final deste mês, o cinema bata o recorde de visitação de toda a sua história, que foi registrado em 2012, com 67.043 cinéfilos presentes.
A aposentada Júnia Maria Mafra, de 67 anos, descobriu o Cine Humberto Mauro por acaso, e desde então virou frequentadora assídua. “Fui comprar um ingresso para o balé no Palácio das Artes, vi uma fila enorme e perguntei o que estava acontecendo. Descobri o cinema e nunca mais deixei de frequentá-lo”, conta.
Foi no Humberto Mauro que ela conheceu o atual namorado, com quem se encontra, religiosamente, todas as tardes no cinema. “Geralmente, assistimos duas sessões por dia. Eu rejuvenesci dez anos depois que comecei a vir aqui, pois são filmes muito interessantes. Também fiz muitas amizades. Temos um grupo que vem todas as tardes”, diz.
Dona Júnia é apenas uma entre as dezenas de frequentadoras fiéis do Cine, que se destaca pela programação diferenciada e o enfoque no Cinema de Repertório, isto é, que exibe filmes que estão fora do circuito comercial. “Somos o único espaço em Belo Horizonte que oferece este diferencial”, afirma o gerente do Cine Humberto Mauro, Philipe Ratton.
Para atrair um público cada vez maior e mais variado à sala de cinema, a ideia foi apostar em uma linha curatorial mais abrangente, alinhando mostras conceituais a outras mais populares. “Este ano, por exemplo, exibimos as mostras de terror, que trouxe muitos jovens para cá, gente que veio pela primeira vez e passou a frequentar o espaço. Tivemos um aumento significativo da faixa etária de 16 a 20 anos no Cine”, destaca Ratton.
A mostra Anatomia do Medo – Terror Anos 80, realizada em julho, levou 11 mil pessoas ao cinema. “Apostamos nesse gênero porque ele costuma habitar a fantasia de muitos jovens e adolescentes. A experiência foi extremamente positiva para nós, pois estamos colaborando para formar um público ainda mais diversificado aqui”, destaca.
Com 129 lugares, o Cine Humberto Mauro tem, em sua programação, mostras temáticas, retrospectivas de cineastas, festivais, mostras especiais e o Festival Internacional de Curtas Metragens de Belo Horizonte – FestCurtasBH, entre outras atrações.
Além disso, o Cine não para, fechando apenas em um recesso de final de ano para manutenção da sala e dos equipamentos. “Tudo é resultado de uma curadoria muito cuidadosa que fazemos para trazer, por exemplo, cinema nacional, cinema local e mostras temáticas, como uma que realizamos este ano com filmes só dirigidos por mulheres”, relata o gerente.
O cinema também tem uma mostra fixa, toda quinta-feira, às 17h, chamada História Permanente do Cinema, na qual é apresentado um filme que tenha determinada importância para a história do cinema – seja ela estética ou pela qualidade do roteiro – e, após a exibição, a sessão é comentada por convidados especiais, como críticos e professores. O público pode participar, perguntar e interagir – a ideia é exatamente esta.
Diferenciais atraem público
Outro grande diferencial do Cine Humberto Mauro é que as sessões são gratuitas, tanto as programações permanentes quanto as mostras. Tradicionalmente, são três sessões diárias, e o cinema funciona todos os dias da semana. Meia hora antes do filme, a bilheteria abre e o público retira o ingresso por ordem de chegada.
Além disso, o Cine Humberto Mauro é a única sala de Minas Gerais que exibe filmes em todos os formatos disponíveis. “Temos dois projetores 35mm e um de 16mm, para filmes em película; um projetor digital e um DCP, que é um sistema de projeção que trabalha com uma codificação de arquivos excelente. São até 4k de resolução e tecnologia 3D. Podemos exibir desde um filme muito antigo até os mais modernos”, explica o gerente Philipe Ratton.