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Ingênuo, atrapalhado, esperto e atrevido, o palhaço povoa o imaginário popular mineiro e merece, além dos aplausos, incentivo e meios para, cada vez mais, arrancar gargalhadas de sua plateia. No dia desta figura de nariz vermelho, sorriso de orelha a orelha e vestimenta espalhafatosa, 10 de dezembro, listamos projetos circenses realizados em Minas Gerais, neste ano, com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura - SEC.
O mais recente incentivo foi para a reedição da “Encircopédia, Dicionário Crítico Ilustrado do Circo no Brasil”, que pretende levar os verbetes que catalogam e sistematizam a memória das famílias e números circenses para entidades públicas de ensino. R$31 mil foram repassados, em novembro, para a obra que motiva o interesse pela arte milenar, além de preservar seu patrimônio.
Mais de R$ 2 milhões foram investidos por meio do Fundo Estadual de Cultura - FEC, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura - LEIC e de outros convênios para ações dos artistas dos picadeiros de Minas em 2015.
Os projetos “Circo de Todo Mundo”, de Uberlândia, e o “Só Risos em Libras”, de Uberaba, foram aprovados pelo FEC 2015, totalizando R$ 66 mil em investimento direto da SEC.
O primeiro viabiliza 40 apresentações circenses itinerantes em escolas públicas de dez municípios mineiros, além de promover aulas de malabarismo e de construção de artefatos circenses artesanais de baixo custo, estimulando o gosto pela arte do circo e o desenvolvimento autodidata de novos talentos. Já o “Só Risos em Libras” desperta em jovens surdos o apreço à arte do palhaço com o intuito de motivar o desenvolvimento pedagógico, cultural e a inclusão social. Os cursos poderão ainda impulsionar a cognição, psicomotricidade e socialização dos alunos.
Pela LEIC, cinco projetos foram aprovados no ano passado e já captaram, junto à iniciativa privada, recursos para saírem do papel em 2015/2016. As ações podem ampliar a sua captação financeira até o fim deste ano. Até o momento, o montante garantido já ultrapassa R$1.900 mil.
Entre os projetos circenses incentivados, se destaca o Gandarela que vai implantar um complexo cultural em Belo Horizonte, com palco para espetáculos de música, teatro e circo, e sede para oficinas artísticas dirigidas às cidades de Rio Acima e região. Também foram incentivados o Festival Mundial de Circo, realizado na capital, em Itabirito e Caxambu, no mês de setembro, com apresentação de números nacionais e internacionais de circo; e o “Olhar Cultural” que propõe um trabalho com a comunidade de Barroso sobre os ricos diálogos entre expressões artísticas como o circo, fotografia e dança.
O Dia do Palhaço
O Dia do Palhaço foi criado por uma companhia paulistana, em 1981, e ao longo do tempo passou a ser festejado em diversas cidades do país. O objetivo é divulgar o trabalho desses artistas, cuja versatilidade transcende os picadeiros e pode transformar os mais diversos ambientes.
Cristiano Pena, o palhaço Xic-Xic da Associação Pano de Roda, de Belo Horizonte, encara a arte do palhaço como uma ação comunitária que, quando mobilizada, chega a agir nas áreas da educação e até mesmo da saúde. Sem perder a magia da palhaçada.
“No momento que a plateia nos olha como palhaços no picadeiro, o que ela vê são os olhos de tantos outros que há séculos cuidam desta arte do riso. Nesta data, reafirmamos nosso compromisso com a inquestionável e tamanha empatia do público, buscando a contínua investigação da palhaçada”, se orgulha Cristiano.
O palhaço Xic- Xic trabalha atualmente junto à Caravana de Artesiania nas praças, igrejas e hospitais do centro-oeste do Estado. O plano, segundo o artista, é ir para a região do Rio Doce no próximo ano.
A arte do improviso, do vocabulário popular, piadas, paródias e sátiras, sempre baseadas em situações do cotidiano, surgiu em meados do século XIX, na Alemanha. Seus ancestrais são o arlequim e o pierrô, da comédia francesa, e também o bobo da corte inglês.
“Salve esta figura tão querida que acompanha a cultura brasileira e mundial há tantos anos. Um viva para esse povo de nariz de vermelho”, finaliza o palhaço Xic-Xic.
Encircopédia, Dicionário Critico Ilustrado do Circo no Brasil
O primeiro dicionário circense do país, a “Encircopédia, Dicionário Crítico Ilustrado do Circo no Brasil”, ganhará uma reedição. No último mês, foram repassados R$ 31 mil, por meio de convênio, para a obra ser distribuída gratuitamente nas entidades públicas de ensino, bibliotecas e mesmo para as famílias personagens dessa história. O lançamento está previsto para abril de 2016.
A Encircopédia cataloga, sistematiza e registra a memória e universo desta arte milenar, preservando os saberes que constituem o seu patrimônio cultural imaterial. Verbetes registram a história das tradicionais famílias circenses mineiras e dão visibilidade aos novos segmentos do circo, como a atuação de trupes de palhaços em projetos sociais.
A autora da obra, Sula Kyriacos Mavrudis, destaca como o livro abre espaço para que, tanto a população quanto os circenses, possam dialogar com o passado e projetar novas realidades. “A primeira edição foi muito procurada por artistas de vários estados brasileiros. É visível o interesse pelas origens dos números circenses, pelo cotidiano destes artistas. Assim, pretendemos dar visibilidade às especificidades do circo, reafirmando a importância da sua metodologia de aprendizado e ensino, que é a tradição oral”.
Membro do Conselho Estadual de Política Cultural (Consec), do segmento do Circo e Dança, Sula aproveitou para registrar a importância da data. “O palhaço é a alma do circo. Toda comemoração a esta data é pouca, principalmente por falarmos de Minas Gerais, Estado que pela sua pluralidade de municípios, promove a itinerância. As cidades de Minas sempre receberam muito bem o circo e contam hoje com uma concentração de mais de 100 grupos”, comemora Sula.
Por Aline Rosa de Sá