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Um espetáculo, quatro montagens: OBRAS. Trata-se de uma apresentação que encerra o ano letivo de 2015 do curso de Dança do Cefart, Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado, produção que demandou o envolvimento de toda a equipe de alunos e professores. As quatro montagens que compõem o espetáculo são Wanderlust, Mamãe Gansa, Dom Xicote e Nós, outros, sendo as três últimas com trilha executada ao vivo pela Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística, sob a regência de Alexandre Guimarães, Gerente de Ensino do Cefart, e Cláudio Lage, professor de música da Instituição.
Cada uma das quatro obras possui peculiaridades em seu enredo, mas todas trazem situações do comportamento humano aplicadas à contemporaneidade. Em conjunto, elas revelam o caminhar de um processo criativo e todas as fases da formação em Dança, uma vez que todas as turmas do Cefart, dos curso livre ao profissionalizante, estarão representados.
A motivação para incluir a música orquestral ao vivo em boa parte das apresentações veio justamente da verificação de como essa proposta é rara. “Nosso objetivo é promover o dialogismo entre as artes. Música e Dança estão intimamente ligadas e essa interação rompe barreiras”, conta Alexandre Guimarães, gerente de Ensino do Cefart e maestro do curso profissionalizante de Música.
OBRAS foi um desafio para o Cefart, essencial para proporcionar novas experiências a todos os envolvidos. A união entre Dança e Música traz essa experimentação e mostra as várias maneiras pelas quais se pode criar um espetáculo para alunos. “A Escola é o lugar para isso, para testarmos coisas novas, fazendo com que uma diversidade de corpos e ideias entrem em sintonia”, sinaliza Joana Wanner, coordenadora do Curso de Dança. O desafio se fez ainda mais complicado porque cada uma das composições possui cenários e figurinos próprios e independentes.
Conversando com a contemporaneidade - A primeira obra é Wanderlust, apresentada pela turma de formandos do curso profissionalizante em Dança. O termo alemão quer dizer “forte desejo de viajar e explorar o mundo”, e está totalmente ligado ao momento pelo qual os formandos estão passando, o início de um novo ciclo e, consequentemente, novas descobertas. A coreografia - montada pela professora Alícia Nascimento - é centrada na figura do viajante, explorando as diversas relações que ele estabelece em um ambiente urbano e fugaz. Além disso, Wanderlust traz a essência da dança contemporânea, estando totalmente ancorada na movimentação dos corpos.
As outras três peças foram coreografadas pelo professor Giuli Lacorte e têm relação com a Literatura. Mamãe Gansa, dos alunos da Residência em Dança, é um compilado de cinco contos infantis (A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, A Serpente Verde, A Bela e a Fera e O Jardim das Fadas) transpostos para o universo adulto. A atmosfera lúdica e sensual predomina durante a coreografia, dando novos sentidos às fábulas. “Todos os personagens são fantásticos e essa magia vem a se romper no encontro final, quando eles se encontram e, então, são humanizados. Descontextualizar os contos fugindo do óbvio abre uma série de possibilidades para novas criações”, explica Giuli.
Dom Xicote é a obra inserida no universo infantil, sendo interpretada pelos alunos mais novos, do Curso Básico. Com referências emblemáticas ao clássico original Dom Quixote, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, a coreografia foi construída baseando-se em jogos cênicos, com diversos elementos teatrais aplicados à dança. O protagonista cumpre o papel de “louco do bem”, revelando as transformações que acontecem através da leitura.
Por fim, para encerrar o espetáculo OBRAS, os formandos e alunos do Curso Profissionalizante apresentam Nós, outros, montagem coreográfica inspirada na peça musical que irá acompanhá-la e faz alusão à lenda medieval polonesa “O lendário mensageiro”. Em uma sociedade em farrapos, imersa em conflitos, um grupo de pessoas grita por sua existência; essas pessoas se relacionam de forma íntima, sendo a obra marcada pelo expressionismo e pelo ideal do “aqui e agora”. Não há protagonismo, justamente para ressaltar a força do coletivo.