Mais que contemplar, o público pode colocar em prática as técnicas de Iberê Camargo para elaboração de gravuras. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH) – no Circuito Liberdade, está com inscrições abertas para oficina de gravura, que será ministrada no dia 12 de março (sábado) pelo artista plástico Eduardo Haesbaert. A participação é gratuita. Interessados devem se inscrever pelo telefone (31) 3431-9447. O CCBB BH fica na Praça da Liberdade, 450 – Funcionários.
A oficina será uma aula prática de gravura em metal, utilizando técnicas de monotipia e ponta seca a partir das obras em exposição na mostra “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos”. Fatos sobre a convivência e experiência direta de Eduardo Haesbaert com o artista Iberê Camargo darão um tom especial ao encontro, que vai reunir os participantes das 15h às 18h, com visita mediada pela exposição das 18h às 19h. O material será fornecido pela Fundação Iberê Camargo e, ao final, serão entregues certificados com assinatura dos artistas-professores.
Do ministrante – Eduardo Haesbaert é artista plástico, gravador, coordenador do acervo e do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo. Foi gravador de Iberê Camargo entre 1990 a 1994.
IBERÊ CAMARGO: UM TRÁGICO NOS TRÓPICOS –Traz 134 obras, sendo 49 pinturas, 40 desenhos, 32 gravuras e 10 matrizes especialmente selecionados pelo curador, professor e crítico de arte Luiz Camillo Osorio. A mostra fica em exibição no CCBB BH – no Circuito Liberdade, até 28 de março, com entrada gratuita.
Em “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” os trabalhos do artista se dividem em dois eixos: o primeiro, entre as décadas de 1950 e 1970, destaca o período em que a poética de Iberê ganha maturidade e apreende característica própria após seu período de formação. O segundo, já no final da década de 1980 e início dos anos 1990, é marcada por sua dimensão trágica. “É a fase crepuscular de Iberê Camargo”, explica Camillo Osorio. De acordo com o curador, nesse contexto, o público tem a oportunidade de ver o processo inteiro de uma obra acontecer. “Iberê é um dos maiores artistas da segunda metade do século XX; um pintor que brigou pela qualidade das tintas e, consequentemente, pela valorização das obras. Foi uma vida inteira dedicada à arte”.
A diversidade artística do pintor, que passa por pinturas, desenhos, guaches e gravuras, não revela nenhuma preferência em especial, mas um processo natural de sua carreira. “Iberê era pintor, que se estendia pelo desenho, onde ia se soltando e ganhando ritmo. O desenho era a usina de suas ideias pictóricas. Já o trabalho com a gravura era quase um sacerdócio. Nas telas, o público confere o trabalho sempre trágico de Iberê que é mais atípico no Brasil. A exposição retrata seu olhar sombrio, noturno e solitário”, revela o curador.
SOBRE O ARTISTA
Artista de rigor e sensibilidade únicos, Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século XX. Autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê Camargo nasceu em Restinga Seca, interior do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1914.
Em 1927, iniciou seu aprendizado em pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria. Em 1936, mudou- se para Porto Alegre, onde conheceu Maria Coussirat Camargo. E foi com tela e tintas dela, então estudante do Instituto de Belas Artes, que Iberê pintou seu primeiro quadro, às margens do Riacho, na Cidade Baixa – assim começou o namoro do casal e assim “começou o pintor”. Em 1939, Iberê e Maria se casaram. Em 1942, ano de sua primeira exposição, o artista e sua esposa mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde viveram por 40 anos.
Admirador e amigo de artistas brasileiros como Goeldi e Guignard, em 1948 viajou para a Europa (através de um Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, conquistado com sua obra Lapa, de 1947) em busca de aprimoramento técnico. Durante sua estada, visitou museus, realizou cópias dos grandes mestres da pintura e estudou gravura e pintura com Giorgio De Chirico, Carlo Alberto Petrucci, Leoni Augusto Rosa, Antonio Achille e André Lhote.
De volta ao Brasil, em 1950, Iberê conquistou inúmeros prêmios e participou de diversas exposições internacionais, tais como Bienal de São Paulo, Bienal de Arte Hispano-Americana em Madri, Bienal de Veneza, Bienal de Gravuras em Tóquio, entre outras exposições importantes. Foi no final dos anos 1950 que, devido a uma hérnia de disco que o obrigou a pintar no interior de seu ateliê, o artista desenvolveu um dos temas mais recorrentes em sua pintura: os Carretéis. São estes brinquedos de sua infância que o levaram, mais tarde, à abstração, e que estiveram presentes em sua obra até a fase final.
Na década de 1980, retomou a figuração. Mas, ao longo de toda sua produção, nunca se filiou a correntes ou movimentos. Em 1982, retornou a Porto Alegre, onde produziu duas de suas séries mais conhecidas: as Idiotas e os Ciclistas.
Iberê Camargo faleceu em agosto de 1994, aos 79 anos, deixando um grande acervo de mais de 7 mil obras, entre desenhos, gravuras e pinturas. Grande parte desta produção foi deixada a Maria, sua esposa e companheira inseparável, cuja coleção compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.
SERVIÇO
Evento: Oficina de gravura baseada na exposição “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos”
Inscrições: Pelo telefone (31) 3431-9447 e 3431-9446
Data: 12 de março (sábado)
Horário: 15h às 18h, com visita mediada pela exposição das 18h às 19h
Local: CCBB BH – Praça da Liberdade, 450, Funcionários
Oficina gratuita
Evento: exposição “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos”Horários de visitação:
Horário: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Entrada: gratuita
Informações: www.iberecamargo.org.br