Os 150 anos de nascimento do compositor russo Vasily Kalinnikov (1866-1901) serão celebrados em concertos das séries Presto e Veloce, realizados nos dias 10 e 11 de março, às 20h30, na Sala Minas Gerais. Sob a batuta do maestro Fabio Mechetti, a Filarmônica de Minas Gerais apresentará a peça Sinfonia nº 1 em sol menor, composta por Kalinnikov entre 1894 e 1895. Nas duas noites especiais, a Orquestra também receberá o pianista irlandês Barry Douglas, para interpretação do Concerto para piano nº 2 em Sol maior, op. 44, de Tchaikovsky. O repertório contará, ainda, com Meditação de Medeia e Dança da Vingança, op. 23a, de Barber. Os ingressos vão de R$ 34 (inteira) a R$ 98 (inteira). Meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos, mediante comprovação.
Outra novidade desta temporada são os Concertos Comentados. Antes de cada apresentação das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce, o público tem a oportunidade de saber um pouco mais sobre aspectos do programa da noite. Além de músicos, há palestrantes de outras áreas do conhecimento. Nos dias 10 e 11 de março, o percussionista da Filarmônica e curador do projeto, Werner Silveira, irá discorrer sobre o compositor Samuel Barber. Os concertos Comentados são realizados na Sala de Recepções da Sala Minas Gerais, das 19h30 às 20h. A lotação da sala é limitada às primeiras 65 pessoas que chegarem. É preciso apresentar o ingresso da apresentação do dia.
Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais. Já as palestras dos Concertos Comentados são apresentadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Supermix por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O maestro Fabio Mechetti
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O Barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
O pianista Barry Douglas
A consolidação da carreira internacional de Barry Douglas remonta à Medalha de Ouro na Competição Internacional de Piano Tchaikovsky, realizada em Moscou, em 1986. Como diretor artístico da Camerata Ireland e do Clandeboye Festival, o músico celebra sua herança irlandesa e mantém intensa agenda de turnês. Na temporada 2015/2016, apresentou-se no BBC Proms in the Park, com a Ulster Orchestra, e no Festival de Yerevan, na Armênia. Além disso, realizou turnê com a Filarmônica de Bruxelas e apresentou concertos com as orquestras Sinfônica de Praga, Filarmônica de Belgrado, Filarmônica de Szczecin, Orquestra Nacional Russa, e as sinfônicas da Galícia, da BBC da Escócia, de Londres, Cincinnati, Singapura, da Rádio de Berlim, de Seattle e Melbourne. Recentemente, o músico esteve no Reino Unido, na Holanda, na Armênia, no México, nos Estados Unidos. Com a Filarmônica de Minas Gerais, apresentou-se pela primeira vez em 2012.
Artista exclusivo do selo Chandos, Barry Douglas grava como solista, atualmente, a obra completa para piano de Brahms. Seus primeiros cinco álbuns receberam muitos elogios da crítica. Em setembro de 2014, o pianista lançou o álbum Celtic Reflections, um mergulho na música folclórica irlandesa, em 18 arranjos do próprio artista, de melodias antigas a peças de compositores contemporâneos. Em 1999, fundou a orquestra de câmara Camerata Ireland para celebrar e cultivar o talento dos jovens músicos da Irlanda do Norte e da República da Irlanda. Além da busca por excelência musical, um dos objetivos da orquestra é contribuir com o processo de paz na Irlanda, por meio da promoção do diálogo e da colaboração entre seus programas de educação musical. O artista realiza turnês com a Camerata Ireland por todo o mundo. Barry Douglas foi agraciado com a Ordem do Império Britânico, na Lista Honorária do Ano Novo de 2002.
O repertório
Samuel Barber (Estados Unidos, 1910 – 1981) e a Meditação de Medeia e Dança da Vingança, op. 23a (1953)
Um dos mais bem-sucedidos compositores norte-americanos, Samuel Barber compôs muitas peças por encomenda de importantes artistas, grupos instrumentais, associações e fundações. Sua produção caracteriza-se pela manutenção da linguagem tonal e de formas canônicas do Romantismo tardio. A partir dos anos 1940, sua linguagem torna-se mais ousada, dissonante e cromática. O artista buscava oferecer música acessível ao ouvinte e raramente recorre a elementos populares ou folclóricos. Na verdade, busca inspiração nas mais diversas tradições literárias. Por encomenda do Ditson Fund, da Columbia University, escreveu o balé Medea para a coreógrafa e bailarina Martha Graham. Na obra, Barber e Graham não usam o mito como narrativa. Interessa-lhes, antes, a capacidade das personagens de incorporar e suscitar estados psicológicos, como o ciúme e o desejo de vingança. Em 1948, o balé é adaptado a uma suíte em sete movimentos, estreada pela Philadelphia Orchestra e regida por Eugene Ormandy. Em 1953, a suíte é adaptada a uma obra de movimento único, Meditação de Medeia e Dança da Vingança, na qual lirismo e violência oscilam numa tragédia musical.
Piotr Ilitch Tchaikovsky (Rússia, 1840 – 1893) e o Concerto para piano nº 2 em Sol maior, op. 44 (1879/1880)
Em 1879, Tchaikovsky chega à casa da irmã, em Kamenka, para descansar, após ter composto a ópera A dama de Orleans. Logo, porém, uma nova ideia musical começa a persegui-lo. Em novembro daquele ano, chega a Paris com o primeiro movimento já pronto. Passa a trabalhar no terceiro, e, em seguida, compõe o segundo. O que mais surpreende, em obra tão original, são os longos solos de piano e as belas passagens camerísticas. Com inflexões de dança e estrutura que se aproxima de um rondó, contém quatro temas apresentados ao piano, ora em diálogo com a orquestra, ora acompanhados por ela. O caráter de dança russa remete mais à música nacionalista do Grupo dos Cinco do que ao que se convencionou associar à música de Tchaikovsky. O Segundo Concerto para piano nunca atingiu a popularidade do Primeiro, embora fosse, nas palavras do compositor, uma de suas melhores obras. A peça estreou em 1881, em Nova York, com Madeline Schiller ao piano e Theodore Thomas a reger a Filarmônica de Nova York. A primeira execução russa se deu em Moscou, na sala de concertos da Exibição das Artes e das Indústrias, em maio de 1882. O solista foi Sergei Taneyev, enquanto o regente, Anton Rubinstein.
Vasily Kalinnikov e a Sinfonia nº 1 em sol menor (1894/1895)
Negligenciada no Ocidente, a obra de Vasily Sergeyevich Kalinnikov transparece a vida musical russa do final do século XIX. Seu talento foi reconhecido por Tchaikovsky e Rachmaninov, mas a saúde debilitada por uma infância e juventude de extrema miséria o levaram à morte aos 35 anos, antes que sua música pudesse ser amplamente conhecida. A Sinfonia nº 1 de Kalinnikov parece produzir a fusão perfeita entre as duas principais correntes musicais russas da sua época: de Moscou, lança mão do lirismo e de um certo refinamento orquestral inspirados em Tchaikovsky; de São Petersburgo, resgata a estruturação musical e o uso de material folclórico à moda dos compositores do Grupo dos Cinco, especialmente de Alexander Borodin (1833-1887). A obra estreou em Kiev, em 1897, pela Sociedade de Música Russa, sob a regência de Alexander Vinogradsky (1854-1912).
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Com apenas oito anos de existência, a Orquestra Filarmônica recebeu três prêmios de melhor grupo musical brasileiro, efetivando-se como um dos projetos mais bem-sucedidos de Minas Gerais e do Brasil no campo da música erudita. Sob a direção artística e regência titular de Fabio Mechetti, a Orquestra é atualmente formada por 89 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas Central, do Norte e Oceania, selecionados por um rigoroso processo de audição. Neste período, realizou 554 concertos, com a execução de 915 obras de 77 compositores brasileiros e 150 estrangeiros, para mais de 709 mil pessoas, sendo que mais de 40% do público pôde assistir à Orquestra gratuitamente. O impacto desse projeto artístico durante os anos também pode ser medido pela geração de 59 mil oportunidades de trabalho direto e indireto.
Criada em 2008 pelo Governo do Estado, por meio de sua Secretaria da Cultura (SEC), o estabelecimento de um Termo de Parceria possibilita que a Orquestra seja administrada por uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), o Instituto Cultural Filarmônica (ICF). Essa forma de organização permite que a Filarmônica conte com recursos públicos e privados na realização de sua vigorosa programação, sempre pautada pela excelência.
Programação
A partir de 2015, quando a Orquestra passou a se apresentar em sua sede própria, a Sala Minas Gerais, sua programação foi intensificada. De 24, saltou para 57 concertos por assinatura, sempre com convidados da cena sinfônica mundial. Em 2016, estreiam com a Orquestra os regentes convidados Justin Brown e Dorian Wilson, além dos solistas Luis Ascot, Gabriela Montero, Javier Perianes, Clélia Iruzun, Antti Siirala, Lara St. John e Ji Young Lim. O público também terá a oportunidade de rever grandes músicos como os regentes Rodolfo Fischer, Carl St. Clair, Marcelo Lehninger, Carlos Miguel Prieto e Cláudio Cruz, e os solistas Celina Szrvinsk, Miguel Rosselini, Barry Douglas, Angela Cheng, Arnaldo Cohen, Conrad Tao, Natasha Paremski, Cristina Ortiz, Luíz Filíp, Vadim Gluzman, Asier Polo, Leonard Elschenbroich, Fábio Zanon, Denise de Freitas e Fernando Portari.
A Filarmônica também desenvolve projetos dedicados à democratização do acesso à música clássica de qualidade. São turnês em cidades do interior do Estado, concertos para formação de público, apresentações de grupos de câmara, bem como iniciativas de estímulo à profissionalização do setor no Brasil – o Festival Tinta Fresca, dedicado a compositores, e o Laboratório de Regência, destinado ao aprimoramento de jovens regentes. Já foram realizadas 82 apresentações em cidades mineiras e 29 concertos em praças públicas e parques da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mobilizando um público de 274 mil pessoas. Mais de 70 mil estudantes e trabalhadores tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre obras sinfônicas, contexto histórico musical e os instrumentos de uma orquestra, participando de concertos didáticos.
O nome e o compromisso de Minas Gerais com a arte e a qualidade foram levados também a 15 festivais nacionais, 32 apresentações nas cinco regiões brasileiras, bem como a cinco apresentações internacionais, em cidades da Argentina e do Uruguai.
A Filarmônica vem abrindo também outras frentes de trabalho, como a gravação da trilha sonora do espetáculo comemorativo aos 40 anos do Grupo Corpo, Dança Sinfônica (2015), criada pelo músico Marco Antônio Guimarães (Uakti). Com o Giramundo Teatro de Bonecos, realizou o conto musical Pedro e o Lobo (2014), de Sergei Prokofiev. Comercialmente, a Orquestra já lançou um álbum com a Sinfonia nº 9, “ Grande” de Schubert (Sonhos e Sons) e outros três discos com obras de Villa-Lobos para o selo internacional Naxos.
Prêmios
Reconhecida e elogiada pelo público e pela crítica especializada, a Filarmônica, em conjunto com a Sala Minas Gerais, recebeu o Grande Prêmio Concerto 2015. Em 2012, ganhou o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra do Brasil e, em 2010, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor grupo musical erudito. O maestro Fabio Mechetti recebeu o Prêmio Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico de 2015 e o Carlos Gomes de melhor regente brasileiro em 2009 por seu trabalho à frente da Filarmônica.
O Instituto Cultural Filarmônica recebeu dois prêmios dentro do segmento de gestão de excelência. Em 2013, concedido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Qualidade Minas (IQM), e em 2010, conferido pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP). Na área de Comunicação, foi reconhecido com o prêmio Minas de Comunicação (2012), na 10ª Bienal Brasileira de Design Gráfico (2013) e na 14ª Bienal Interamericana de Design, ocorrida em Madri, Espanha (2014).
SERVIÇO
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Evento: Séries Presto e Veloce
Data: 10 e 11 de março, às 20h30
Local: Sala Minas Gerais - Rua Tenente Brito Melo, 1090 – Bairro Barro Preto
Funcionamento da bilheteria:
Sala Minas Gerais – Rua Tenente Brito Melo, 1090 – Bairro Barro Preto
De terça-feira a sexta-feira, das 12h às 21h.
Aos sábados, das 12h às 18h.
Em sábados de concerto, das 12h às 21h.
Em domingos de concerto, das 9h às 13h.