Em O oratório poético de Alphonsus de Guimaraens: uma leitura do Setenário das Dores de Nossa Senhora, Eduardo Horta Nassif Veras propõe uma associação entre a arquitetura da primeira obra do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens e a forma do oratório musical. Publicado pela Relicário Edições, o livro será lançado no dia 21 de maio, sábado, às 11h, na Livraria Quixote (rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi), em Belo Horizonte, com a presença do autor. A entrada é gratuita. Exemplares estarão à venda a R$35,00.
O Setenário das dores de Nossa Senhora, de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), foi publicado em 1899. Na análise proposta por Eduardo Horta Nassif Veras, ele é mais que uma coleção de poemas, apresentando uma estrutura significativa. Tanto a estruturação das partes – sete capítulos emoldurados por duas composições: uma de abertura e outra de encerramento – quanto a configuração discursiva dos poemas são analisadas em seu livro.
Marcado pela ânsia mística de vivenciar as Dores de Maria e pelo reconhecimento da insuficiência da linguagem, o comportamento do sujeito poético ora se identifica ao gênero recitativo, ora ao gênero ária. Em alguns momentos, o foco se desliga da narrativa bíblica e se volta para o próprio sujeito poético, que, então, reconhece-se incapaz de vivenciar poeticamente as Dores de Nossa Senhora.
Essa situação ambivalente empresta à obra um caráter melancólico, que é pensado, neste trabalho, à luz das reflexões do psicanalista Sigmund Freud e do filósofo Giorgio Agamben. A estrutura da obra e o comportamento da voz poética são, finalmente, interpretados como um retrato da condição do poeta simbolista, caracterizada pelo conflito insolúvel entre a busca pela vivência poética do Mistério e o reconhecimento da precariedade da linguagem.
Trecho do livro: “Alphonsus é, com efeito, antes de tudo, um místico frustrado. Sua poesia realiza-se no espaço agônico da ânsia, sempre insatisfeita, de transcendência, oscilando entre a tentativa fervorosa de superação da imanência e a consciência melancólica do insucesso eterno. Em outras palavras, o conjunto de sua obra revela, de um lado, a tentativa de sondar o Inefável, de tocar o universo das Formas; e de outro, a triste constatação da incapacidade humana, representada pela insuficiência da linguagem.”
Sobre o autor: Doutor em Literatura Comparada e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo Horta Nassif Veras atualmente desenvolve pesquisa de pós-doutorado junto à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) sobre as relações entre a obra de Baudelaire e a Teologia. Estudioso das poesias francesa e brasileira da segunda metade do século XIX, cursou estágios de doutorado e pós-doutorado no Centre de Recherche sur la Littérature Française du XIXe siècle da Université Paris-Sorbonne, sob a supervisão de André Guyaux. Organizou, em parceria com Gustavo Ribeiro, a coletânea de ensaios Por uma literatura pensante (Fino Traço, 2012) e tem publicado diversos artigos sobre poesia em periódicos especializados.
Sobre Alphonsus de Guimaraens: Afonso Henriques da Costa Guimaraens (Ouro Preto, MG, 1870-Mariana, MG, 1921). Formou-se bacharel em Direito, em 1894, em Ouro Preto. Na época já colaborava com os jornais Diário Mercantil, Comércio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S. Paulo e A Gazeta. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro, MG, e, a partir de 1906, Juiz em Mariana, MG, de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, 1892/1894, foi publicado em 1899, ano em que também saiu o Setenário das Dores de Nossa Senhora. Em 1902 publicou Kiriale, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens. Sua Obra Completa seria publicada em 1960. Manteve contato com Álvaro Viana, Edgar Mata e Eduardo Cerqueira, poetas simbolistas da nova geração mineira, e conheceu Cruz e Souza. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas. [Fonte: Itaú Cultural]
Sobre a Relicário Edições: criada em 2013 pela editora Maíra Nassif, graduada e mestre em Filosofia pela UFMG, a Relicário Edições é especializada em publicações nas áreas de estética/filosofia da arte, crítica e teoria da literatura. Textos literários ainda pouco conhecidos no Brasil também compõem sua proposta editorial. Algumas de suas publicações são: “Jean-Luc Godard: história(s) da literatura”, de Mauricio Salles Vasconcelos; “Antiga musa (arqueologia da ficção)”, de Jacyntho Lins Brandão e “A vida porca” do autor argentino Roberto Arlt. Traduções de Gumbrecht, Philipe Lacoue-Labarthe, Serge Margel e Michel Carrouges serão lançadas ainda neste ano.
SERVIÇO:
Evento: Lançamento do livro O oratório poético de Alphonsus de Guimaraens: uma leitura do Setenário das Dores de Nossa Senhora, de Eduardo Horta Nassif Veras.
Data: 21 de maio (sábado), 11h, na Livraria Quixote
Local: Rua Fernandes Tourinho, 274 –Savassi
Entrada gratuita. Exemplares a R$35,00
Ficha técnica:
O oratório poético de Alphonsus de Guimaraens: uma leitura do Setenário das Dores de Nossa Senhora Autor: Eduardo Horta Nassif Veras 120p.| 2016 | 14 x 21 cm ISBN: 978-85-66786-38-5