A Filarmônica de Minas Gerais traz a Belo Horizonte, pela primeira vez, o maestro Justin Brown e a violinista Lara St. John, ambos com vários prêmios e reconhecimento no ambiente clássico internacional. No repertório, duas obras inglesas: Passacaglia, op. 33b, da ópera Peter Grimes, de Benjamin Britten, e a Segunda Sinfonia de Edward Elgar, além do Concerto nº 1 em sol menor, op. 26, do alemão MaxBruch. As apresentações acontecem nos dias 19 e 20 de maio, às 20h30, na Sala Minas Gerais.
Antes dos concertos, de 19h30 às 20h, o público poderá participar dos Concertos Comentados, palestras que abordam aspectos do repertório. O palestrante das duas noites é Werner Silveira, percussionista da Filarmônica e curador dos Concertos Comentados. Ele irá falar sobre a forte tradição da música coral britânica na formação e na obra de Britten e Elgar. A entrada é gratuita, aberta às primeiras 65 pessoas que chegarem e apresentarem o ingresso para a apresentação da noite.
O repertório
Benjamin Britten (Inglaterra, 1913 - 1976) e a obra Peter Grimes: Passacaglia, op. 33b (1945)
O enredo conta a história de Peter Grimes, “um pescador – visionário, ambicioso, impetuoso e frustrado” que vive de modo irresponsável e isolado da comunidade local. Malvisto em seu isolamento, Grimes é perseguido pela comunidade da vila quando seus aprendizes morrem de modo suspeito em alto mar. Mesmo inocente – ao menos o Grimes de Slater –, o pescador internaliza culpa e rejeição, vindo a cometer suicídio. A ópera conta com um prólogo e três atos. Cada ato divide-se em duas cenas, cada uma delas introduzida por um interlúdio orquestral. Os quatro interlúdios que retratam o mar foram reunidos por Britten na suíte Four Sea Interludes, op. 33a. Já a Passacaglia, que separa as duas cenas do segundo ato, foi convertida numa peça isolada que expressa a ansiedade e a melancolia daquele que foge à normalidade.
Max Bruch (Prússia, atual Alemanha, 1838 – Alemanha, 1920) e o Concerto para violino nº 1 em sol menor, op. 26 (1864/1867)
Ao longo de sua carreira, Max Bruch ocupou postos de regente de orquestra e de coro em importantes centros musicais como Mannheim, Liverpool e Breslau. Foi professor de composição na Escola Superior de Música de Berlim até 1910. Obteve notoriedade, nas últimas décadas do século XIX, com uma obra extensa, abrangendo vários gêneros: concertos, óperas, sinfonias, corais e peças concertantes de inspiração folclórica. Entretanto, hoje em dia, seu nome permanece unicamente associado ao Concerto para Violino op. 26, cujo sucesso contrasta com a negação quase total de suas outras criações. O primeiro dos três concertos para violino de Max Bruch mantém inabalável prestígio entre os solistas e o público, atraídos pelo virtuosismo de sua escrita violinística e pela grande riqueza melódica. Foi dedicado a Joseph Joachim, amigo de Brahms e célebre concertista, cujos conselhos foram devidamente aproveitados, sobretudo na parte solo do concerto.
Edward Elgar (Inglaterra, 1857-1934) e a Sinfonia nº 2 em Mi bemol maior, op. 63 (1911)
Elgar foi um compositor essencialmente autodidata, que conseguiu dirigir-se a seus compatriotas em uma linguagem, acima de tudo, europeia, e não mais provinciana. Sua Sinfonia no 2 foi composta entre outubro de 1910 e 28 de fevereiro de 1911. Como habitual em sua escrita, Elgar lança mão de pequenos fragmentos melódicos que ele habilmente desenvolve ao longo da música através de repetições variadas e de combinações inventivas. A primeira apresentação se deu no dia 24 de maio de 1911 com a Orquestra do Queen’s Hall, no Festival Londres, regida pelo compositor. A Sinfonia foi dedicada ao rei Eduardo VII, filho mais velho da rainha Vitória, falecido em maio de 1910. A estreia foi um fracasso, não apenas porque os ingleses ainda choravam a morte do rei, mas, principalmente, porque ainda choravam a morte do Império.
Os artistas
Justin Brown
Reconhecido internacionalmente pelo seu repertório sinfônico e operístico, Justin Brown é diretor artístico do Badisches Staatstheater Karlsruhe, Alemanha, e diretor artístico laureado da Orquestra Sinfônica do Alabama, Estados Unidos. Em seis temporadas na direção da Sinfônica do Alabama, Brown e a orquestra foram primeiro lugar em três edições do prêmio ASCAP e receberam o prêmio John S. Edwards na categoria Forte Compromisso com a Nova Música Americana. Seu legado inclui a criação do programa Compositor em Residência e a fundação da Orquestra Sinfônica Jovem. Como convidado, regeu muitas das melhores orquestras do mundo, incluindo as sinfônicas de Londres e da BBC, Filarmônica Real, Orquestra da Cidade de Birmingham, filarmônicas de Oslo e de Bergen, Sinfônica da Rádio Finlandesa, Orquestra de Câmara Sueca, filarmônicas de São Petersburgo e de Dresden, Sinfônica da Rádio Holandesa, Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, sinfônicas de Cincinnati, Colorado, Indianápolis e Dallas, Mainly Mozart Festival Orchestra de San Diego, filarmônicas da Malásia e de Tóquio, sinfônicas de São Paulo e de Sydney. Natural da Inglaterra, Justin Brown estudou na Universidade de Cambridge e em Tanglewood com Seiji Ozawa e Leonard Bernstein. Foi assistente de Bernstein e de Luciano Berio e estreou como regente na première britânica de Mass, de Bernstein. Brown também é reconhecido como pianista nos dois lados do Atlântico.
Lara St. John
A violinista canadense Lara St. John foi descrita como “solista de extremo poder” pelo The New York Times. Ela já se apresentou como solista com as principais orquestras do mundo. Lara começou a tocar violino aos dois anos de idade e aos quatro estreou como solista de orquestra. Sua estreia na Europa foi com a Orquestra Gulbenkian aos dez anos. Após turnês pela Espanha, França, Portugal e Hungria, ingressou no Instituto Curtis aos treze anos. Alguns de seus professores foram Felix Galimir e Joey Corpus. Lara St. John possui seu próprio selo, o Ancalagon. Seu Bach: the Six Sonatas & Partitas for Violin Solo foi o álbum duplo mais vendido no iTunes em 2007. Gravou Vivaldi e Piazzolla com a Orquestra Jovem Simón Bolívar em disco destacado pelo American Record Guide em 2009: “Não consigo imaginar uma performance mais agradável e intimista”. Sua gravação de Mozart venceu o prêmio Juno 2011. Em 2014, seu álbum de Schubert com a harpista da Filarmônica de Berlim, Marie-Pierre Langlamet, o violoncelista Ludwig Quandt e a soprano Anna Prohaska foi escolhido um dos “melhores CDs da primavera” pelo Der Tagesspiegel e recomendado pelo MDR Figaro por seu “encanto sem limites”. Seu trabalho foi noticiado também em veículos como US News & World Report,as revistas People e Strings, as redesCBC e BBC, os programas Showbiz Today da CNN, All Things Considered da NPR e Bravo! Special: Live At the Rehearsal Hall.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Criada em 2008, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais tornou-se um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil. Sob a direção artística e regência titular de Fabio Mechetti, a Orquestra é atualmente formada por 92 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas Central, do Norte e Oceania, selecionados por um rigoroso processo de audição. Reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, em seus primeiros oito anos de vida a Orquestra realizou 554 concertos, com a execução de 915 obras de 77 compositores brasileiros e 150 estrangeiros, para mais de 709 mil pessoas, sendo que 40% do público pôde assistir às apresentações gratuitamente. O impacto desse projeto artístico durante os anos também pode ser medido pela geração de 59 mil oportunidades de trabalho direto e indireto.
O corpo artístico Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é oriundo de política pública formulada pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Com a finalidade de criar uma nova orquestra para o Estado, o Governo optou pela execução dessa política por meio de parceria com o Instituto Cultural Filarmônica, uma entidade privada sem fins lucrativos qualificada com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Tal escolha objetivou um modelo de gestão flexível e dinâmico, baseado no acompanhamento e avaliação de resultados. Um Termo de Parceria foi celebrado como instrumento que rege essa relação entre o Estado e a Oscip, contendo a definição das atividades e metas, bem como o orçamento necessário à sua execução. A programação artística tem sido integralmente paga por recursos de bilheteria e os captados junto a empresas, por meio das leis de incentivo Estadual e Federal.
Programação
A partir de 2015, quando a Orquestra passou a se apresentar na Sala Minas Gerais, sua programação foi intensificada. De 24, saltou para 57 concertos por assinatura, sempre com convidados da cena sinfônica mundial. Em 2016, estreiam com a Orquestra os regentes convidados Justin Brown e Dorian Wilson, além dos solistas Luis Ascot, Gabriela Montero, Javier Perianes, Clélia Iruzun, Antti Siirala, Lara St. John e Ji Young Lim. O público também terá a oportunidade de rever grandes músicos, como os regentes Rodolfo Fischer, Carl St. Clair, Marcelo Lehninger, Carlos Miguel Prieto e Cláudio Cruz, e os solistas Celina Szrvinsk, Miguel Rosselini, Barry Douglas, Angela Cheng, Arnaldo Cohen, Conrad Tao, Natasha Paremski, Cristina Ortiz, Luíz Filíp, Vadim Gluzman, Asier Polo, Leonard Elschenbroich, Fábio Zanon, Denise de Freitas e Fernando Portari.
A Filarmônica estende seu campo de atuação a projetos dedicados à democratização do acesso à música clássica de qualidade. São turnês em cidades do interior do estado, concertos para formação de público, apresentações de grupos de câmara, bem como iniciativas de estímulo à profissionalização do setor no Brasil – o Festival Tinta Fresca, dedicado a compositores, e o Laboratório de Regência, destinado ao aprimoramento de jovens regentes. Já foram realizadas 82 apresentações em cidades mineiras e 29 concertos em praças públicas e parques da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mobilizando um público de 274 mil pessoas. Mais de 70 mil estudantes e trabalhadores tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre obras sinfônicas, contexto histórico musical e os instrumentos de uma orquestra, participando de concertos didáticos.
O nome e o compromisso de Minas Gerais com a arte e a qualidade foram levados a 15 festivais nacionais, a 32 apresentações em turnês pelas cinco regiões brasileiras, bem como a cinco apresentações internacionais, em cidades da Argentina e do Uruguai.
A Filarmônica tem aberto outras frentes de trabalho, como a gravação da trilha sonora do espetáculo comemorativo dos 40 anos do Grupo Corpo, Dança Sinfônica (2015), criada pelo músico Marco Antônio Guimarães (Uakti). Com o Giramundo Teatro de Bonecos, realizou o conto musical Pedro e o Lobo (2014), de Sergei Prokofiev. Comercialmente, a Orquestra já lançou um álbum com a Sinfonia nº 9, “A Grande” de Schubert (distribuído pela Sonhos e Sons) e outros três discos com obras de Villa-Lobos para o selo internacional Naxos.
Prêmios
Reconhecida e elogiada pelo público e pela crítica especializada, em 2016 a Filarmônica e o maestro Mechetti receberam o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento de Minas Gerais. A Orquestra, em conjunto com a Sala Minas Gerais, recebeu o Grande Prêmio Concerto 2015. Ainda em 2015, o maestro Fabio Mechetti recebeu o Prêmio Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico. Em 2012, a Filarmônica foi reconhecida com o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra do Brasil e, em 2010, com o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor grupo musical erudito. No ano de 2009, Fabio Mechetti recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor regente brasileiro por seu trabalho à frente da Filarmônica.
O Instituto Cultural Filarmônica recebeu dois prêmios dentro do segmento de gestão de excelência. Em 2013, concedido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, em parceria com o Instituto Qualidade Minas (IQM), e em 2010, conferido pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP). Na área de Comunicação, foi reconhecido com o prêmio Minas de Comunicação (2012), na 10ª Bienal Brasileira de Design Gráfico (2013) e na 14ª Bienal Interamericana de Design, ocorrida em Madri, Espanha (2014).
SERVIÇO
Evento: Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
19 de maio – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
20 de maio – 20h30
Sala Minas Gerais
Ingressos: R$ 34,00 (Balcão Palco e Coro), R$ 44,00 (Mezanino), R$ 56,00 (Balcão Lateral), R$78,00 (Plateia Central) e R$98,00 (Balcão Principal).
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações:(31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br