O Conselho Estadual do Patrimônio Cultural, CONEP, aprovou por unanimidade nessa terça-feira (24) o dossiê de tombamento do edifício da antiga sede do Banco Mineiro de Produção, situado à rua Rio de Janeiro, 471, na Praça Sete, realizado pelo Iepha-MG. O edifício é um dos mais representativos projetos de Niemeyer, arquiteto brasileiro consagrado internacionalmente.
A presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, afirmou que a iniciativa é a primeira etapa da ação de inventário da obra do arquiteto Oscar Niemeyer no Estado. “Iremos produzir o inventário para identificar, proteger e promover as várias etapas da obra do arquiteto em Minas Gerais, estado que abriga um amplo acervo da arquitetura moderna brasileira”, ressaltou a presidente.
“Minas é particularmente rica em projetos de Niemeyer. Temos exemplares de escolas, residências, hotel, prédios residenciais, comerciais e até palácio. Isso provocou por aqui uma renovação precoce do Movimento Moderno em Arquitetura e as formas curvas aliadas a liberdade expressiva influenciaram o próprio Le Corbusier, pioneiro do movimento”, afirmou o secretário de Estado de Cultura e presidente do Conselho, Angelo Oswaldo.
Segundo o parecer produzido pelo arquiteto Flávio Carsalade, membro do CONEP, o edifício tombado apresenta grande importância nas três vertentes que compõem a nossa tradição patrimonial: artística, histórica e cultural. Do ponto de vista histórico, “reafirma a parceria entre Juscelino Kubitscheck – Prefeito de Belo Horizonte, Governador de Minas Gerais e Presidente do Brasil – e o arquiteto”. Do ponto de vista artístico, o prédio é um “exemplo de harmonia com a paisagem urbana, celebrando com extrema maestria as possibilidades expressivas abertas pelo desenho urbano de Belo Horizonte”.
Por fim, do ponto de vista cultural, o relator do dossiê de tombamento ressaltou que a obra vem reforçar o espírito moderno e de construção do futuro que tanto caracteriza a nossa capital. “Seu significado particular compõe o significado ampliado da Praça Sete. O prédio dialoga com o eclético do Banco Hipotecário e o art decó do Cine Brasil, como se fora uma síntese da história de nossa cidade”, concluiu Carsalade.
A presença do afamado arquiteto em Minas Gerais é ressaltada por Angelo Oswaldo. “Ele começou seus trabalhos por aqui em 1939, no Grande Hotel de Ouro Preto, e em 1940, na casa do poeta Francisco Inácio Peixoto, em Cataguases. E terminou sua atuação com a Catedral Metropolitana de Belo Horizonte, atualmente em fase de construção na avenida Cristiano Machado”.