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3º Encontro Nacional de Estudantes comemora 40 anos

 

Outono de 1977. Belo Horizonte. Minas Gerais. Ação violenta e coordenada das forças de repressão da ditadura coíbe a realização do 3º Encontro Nacional de Estudantes, cujo objetivo era pavimentar o caminho de reconstrução da proscrita União Nacional dos Estudantes, a UNE.

Sediado no Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFMG, o evento reuniu cerca de 400 universitários de todo o país. Na tarde e na noite de 3 de junho, blitze policiais montadas nos acessos à capital paravam ônibus vindos de outras cidades e estados, identificavam e detinham passageiros suspeitos de integrar o movimento estudantil.

Nas ruas, um aparato gigantesco em uniformes de campanha distribuía pancada, atirava bombas e atiçava cães contra a população, revelando o pavor que um encontro juvenil era capaz de provocar no governo dos generais.

Um compacto cordão militar fechou o cerco à Faculdade, na Avenida Alfredo Balena, desde as primeiras horas da manhã do dia 4. Ninguém entrava e dali ninguém sairia livre. O impasse se arrastou por horas. À exigência de que os estudantes se entregassem, mãos na cabeça, a turma fincou pé. No meio da tarde, o comando rasga o preceito da autonomia universitária e a tropa invade o Campus da Saúde.

No largo que fronteia o D.A., vizinho de jatobás, ipês, araucárias, fícus e paus-rei da extensa área que já pertenceu, no século passado, ao Parque Municipal, um líder estudantil recomendou: “Se eles começarem a bater, cantem.”

Abraçados, em pequenos grupos e espremidos no meio de um corredor fardado, os estudantes deixam o D.A. e são conduzidos, em coletivos urbanos, ao Parque de Exposições da Gameleira, triados, interrogados, mais de meia centena enquadrada na Lei de Segurança Nacional. Do lado de fora, muitos familiares, militantes e populares montavam vigília pela segurança dos presos, enfim libertados quando emergia a manhã.

Hábeis estrategistas já viram vitórias nas derrotas. Essa foi uma delas. Quatrocentos estudantes encarcerados nos currais da Gameleira, outros 500 presos em ações na área urbana e nas barreiras, um encontro frustrado, uma cidade sitiada. No entanto, nascia ali, com certidão pública, a lenta, gradual e segura agonia da ditadura, amplificada nos anos seguintes pela adesão crescente do povo brasileiro à luta pela liberdade.

40 anos depois, os protagonistas desse episódio memorável voltam ao palco dos acontecimentos para celebrar os princípios que deram vida ao 3º ENE e que ainda hoje animam a construção de um mundo que seja justo e libertário.

SERVIÇO

Celebração dos 40 anos do 3º Encontro Nacional de Estudantes

Local: Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFMG (Av. Professor Alfredo Balena, 190 - Belo Horizonte – MG).

Data: 10 de junho

Horário: 18 h

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Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos com diplomação de homenagem aos indiciados na Lei de Segurança Nacional por sua participação no 3º Encontro Nacional de Estudantes

Local: Câmara Municipal de Belo Horizonte – Plenário Amynthas de Barros (Avenida dos Andradas, 3100 – Santa Efigênia, Belo Horizonte)

Data: 6 de junho

Horário: 19h