Um encontro entre a primeira e a sétima arte marca a mostra All That Jazz, que será exibida no Cine Humberto Mauro. Estarão em evidência obras dos anos 1920 até 2016 em que as interrelações entre o jazz e o cinema estão presentes de variadas formas.
Segundo, Bruno Hilário, da gerência do Cine Humberto Mauro, serão apresentados filmes em que o jazz se relaciona tanto com a narrativa quanto com elementos estéticos e formais, como a montagem, a fotografia e a mise-en-scène. “De forma diversa, a mostra busca trabalhar com uma pluralidade de retratos do jazz no cinema. Algumas narrativas dizem de personalidades musicais, adentrando em um universo biográfico, sendo ele ficcional ou documental. Outros filmes exibidos possuem sua forma moldada pelas nuances e improvisos típicos do jazz, como se a música conduzisse o ritmo da trama”, destaca. Filmes com trilhas sonoras marcantes e originais do gênero também fazem parte da mostra.
Destaques na programação – A mostra All That Jazz conta com sucessos aclamados e atemporais, como o musical americano vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, O Show Deve Continuar (1979), de Bob Fosse, e o vencedor do Globo de Ouro Quanto Mais Quente Melhor (1959), de Billy Wilder. Ao se tratar de produções recentes, o destaque fica com Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), de Damien Chazelle, que rendeu a J. K. Simmons o Oscar de melhor ator coadjuvante.
Dentre as narrativas que trabalham com figuras e universos do mundo do jazz, serão exibidos os longas Chet Baker: A Lenda do Jazz (2015), de Robert Budreau, que retrata a tentativa de um dos trompetistas mais célebres do mundo de retornar à vida pública, e Bird (1988), de Clint Eastwood, baseado na biografia do músico Charles Parker, um dos mais famosos saxofonistas americanos que revolucionou o jazz nos anos 40.
Os longas Cotton Club (1984), de Francis Ford Coppola, que retrata o universo de uma casa noturna durante os anos 30, e a Vida de Miles Davis (2016), de Don Cheadle, no qual um jornalista busca escrever a história do lendário trompetista, também estão presentes na programação.
Já entre os filmes que possuem sua forma moldada pelos impulsos e variações musicais do jazz e sua origem na comunidade negra norte-americana, destacam-se aqueles que marcam os primórdios desse gênero musical no cinema: Aleluia! (1929), de King Vidor, Tempestade de Ritmo (1943), de Andrew L. Stone e Sombras (1959), de John Cassavestes, sendo o último de caráter experimental no qual o diretor frequentou e registrou a rotina de clubes de musicais durante a construção da trama.
Outro destaque é o nacional As Horas Vulgares (2011), de Rodrigo de Oliveira, e Vitor Graize. As Horas Vulgares fala de dramas específicos de uma geração em Vitória, capital do Espírito Santo, mas tem um caráter universal ao expor sentimentos e ideias comuns. Filmado em negativo 16mm preto-e-branco, o filme tem a textura dos grãos e a beleza das formas como marca. A trilha sonora, original, foi composta pelo pianista e arranjador Fabiano Araújo, que tem dois discos lançados nacionalmente.
Filmes com trilhas sonoras marcantes, como O Homem do Prego (1964), de Sidney Lumet, e Poucas e Boas (1999), de Woody Allen, também entram na mostra. O Homem do Braço de Ouro (1955), de Otto Preminger, é também um grande destaque: o longa é protagonizado por Frank Sinatra e sua trilha sonora foi indicada ao Oscar de 1956.
Jazz não só para adultos - All That Jazz conta, ainda, com os clássicos Aristogatas (1964), de Wolfgang Reitherman, Um Garoto Chamado Charlie Brown (1969), do animador Bill Meléndez, e A Princesa e o Sapo (2009), de Ron Clements e John Musker, que foram selecionados especialmente para o público infantil. Com sessões dubladas em português, os filmes serão exibidos aos sábados, na faixa das 14h.
Breve Panorama - O gênero jazz se desenvolveu em Nova Orleans dentro da comunidade afro-americana e se tornou popular a partir de seu estilo improvisado e dinâmico. Sua popularidade foi muito alta entre as décadas de 20 e 60, resistindo e se reinventando até os dias de hoje e inspirando muitos cineastas na história do cinema.
Após o surgimento de outros estilos musicais como o rock, o funk e o pop, o jazz passou a incorporar novas formas e estilos, dando origem ao que chamamos de fusion musical, característica marcante da música contemporânea.
Sessão especial com execução ao vivo – No último dia da mostra, 19 de setembro, às 20h, será exibido o clássico O Homem com a Câmera (1929), de Dziga Vertov, com trilha sonora executada ao vivo pelos alunos da Escola de Música do Cefart, sob orientação do professor Andersen Vianna. Inspirados no impulso criativo do improviso jazzista, os músicos vão, a partir do ritmo da montagem proposta pelo cineasta russo, criar uma experiência livre e ao vivo que remonta aos primórdios do cinema.
História Permanente do Cinema – Paralelamente à Mostra All That Jazz, o Cine Humberto Mauro dá continuidade à História Permanente do Cinema. Nesse período, o projeto vai dialogar com a temática musical. Estão programados os filmes Anatomia de Um Crime (1959), de Otto Preminger, Ascensor para o Cadafalso (1958), de Louis Malle e A Canção da Esperança (1961), de John Cassavetes. As sessões de todos os filmes serão comentadas, visando discutir diferentes momentos da representação do jazz na trajetória do cinema.
Mostra All That Jazz
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537
Período: 28 de agosto a 19 de setembro
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7400
Informações para a imprensa
Júnia Alvarenga: (31) 3236-7419 l (31) 98408-7084 l Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Vítor Cruz: (31) 3236-7378 l (31) 99317-8845 l Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.