Um dos templos da fé e da religiosidade mineiras foi palco da edição de setembro da série Lírico Sacro, com o Coral Lírico de Minas Gerais. No último sábado (16/9), o corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado se apresentou no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, sob a regência de Lara Tanaka, como parte da programação que celebra o jubileu dos 250 anos de peregrinação ao santuário da padroeira do estado.
A realização da série no Santuário de Nossa Senhora da Piedade é fruto de uma parceria, firmada entre o Governo do Estado, por meio da Fundação Clóvis Salgado, e a Arquidiocese de Belo Horizonte. A partir dessa iniciativa, o Coral Lírico de Minas Gerais tem se apresentado em diversas igrejas na capital e já foi visto por mais de 2.400 pessoas.
Na Capela da Padroeira – o coração do Santuário, os coristas apresentaram o repertório de música sacra, de diferentes períodos. Um dos destaques foi Lacrimosa, trecho da Missa do Réquiem, de Mozart. A interpretação dos coristas, principalmente nos versos finais da Aleluia, emocionou a público.
Composições operísticas e do período Barroco também fizeram parte do programa. Foram interpretadas Ave Maria, intermezzo da ópera Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni; além de obras de Gabriel Fauré e dos traditionais spirituals, canções que simbolizavam a busca pela liberdade dos escravos norte-americanos.
A maestrina Lara Tanaka destaca que a versatilidade de repertório é uma das características mais importantes do Coral Lírico. “Sempre interpretamos obras bem diversificadas. Isso permite que o Coral participe de várias atividades”, destaca. Para ela, a presença do corpo artístico em um ambiente que exalta a fé do povo mineiro é a consolidação da série Lírico Sacro. “Interpretar essas composições tão belas em um local tão cheio de religiosidade é um desafio e uma celebração do nosso próprio trabalho”, aponta.
De acordo com o pró-reitor do Santuário, Padre Carlos Antônio da Silva, a presença do Coral Lírico durante a peregrinação representou um momento de muita alegria. “Receber o Coral Lírico em uma data tão importante como essa, nos deixa extremamente felizes. A música é comunhão, celebração e união. Apreciar uma música tão bela é uma elevação do espírito, uma contemplação de um encontro da fé, graças à cultura”, disse.
Para os fiéis, o dia teve início com a peregrinação do Apostolado da Oração Arquidiocesano até o largo da Ermida, tradição que já dura dois séculos e meio. Ao fim da longa caminhada, no topo da Serra da Piedade, eles resistiram ao forte calor para acompanhar o Coral Lírico, exaltando cânticos que celebram a união do homem com o divino por meio da música.
O Coral Lírico é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. O corpo artístico foi fundado em 1979 e, ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e da Cia. de Dança Palácio das Artes, faz parte dos corpos artísticos mantidos pela Fundação Clóvis Salgado.