Compartilhando memória e música, os batuques do alto médio São Francisco percorrem caminhos que a história não alcança. Com suas caixas, roncador, a dança do carneiro e o ritmo frenético, eles energizam um passado escravo que ainda repercute na vida dos batuqueiros. Para celebrar a união e a riqueza cultural desses grupos, um encontro de batuques será realizado na comunidade quilombola Bom Jardim da Prata, no munícipio de São Francisco, território Norte. Diversos grupos de batuque da região participam do encontro, que será realizado no dia 14 de outubro. Entre eles o batuque de Ponto Chique, o batuque de Geraes Velho, o carneiro de Bom Jardim da Prata, o batuque de Buriti do Meio e o batuque da Vila Santos Reis. Viabilizado com recursos do Fundo Estadual de Cultura, o evento promove uma noite de música e dança que revive a tradição dos encontros que permeiam a história dos batuques da região.
O encontro pretende fortalecer essa conexão historicamente existente entre os grupos de diferentes municípios, proporcionando uma trocam musical que potencialize essa memória negra e ribeirinha.
A ação integra o projeto “Música e Memória nos Batuques” aprovado pelo Fundo Estadual de Cultura, que conta também com a produção de um documentário sobre os grupos de batuques da região. A partir das histórias de vida de seus membros, sua relação com o rio, o encontro com outros batuques, as músicas compartilhadas por diferentes grupos, o filme visa discutir a produção de memória que se compartilha pela música no rio São Francisco. A equipe conta com a direção de Pâmilla Vilas Boas, mestre em antropologia que pesquisa os batuques da região desde 2010, além da cineasta Fernanda Brescia, que assina também a co-direção do filme, do diretor de arte e técnico de som Cláudio Valentin e do cinegrafista Raphael Vilas Boas.
O objetivo é trazer à tona a importância dos batuques, muitas vezes desconhecidos como prática cultural de fundamental importância para os ribeirinhos, e também como patrimônio imaterial de Minas Gerais. Os batuques, conhecidos também como lambero, carneiro ou umbigada, datam do período da escravidão e foram a "brincadeira" encontrada pelos escravos para comunicar segredos, questões políticas e religiosas numa comunicação cifrada de forma que fugisse da compreensão dos brancos.
Os grupos de batuque, sobretudo os chamados carneiros, são de fundamental importância no compartilhamento de memórias nessa região do Rio São Francisco que abrange os municípios de São Romão, Ponto Chique, São Francisco e adjacências.
Serviço:
Encontro de batuques do rio São Francisco
Dia 14 de outubro de 2017
Na comunidade quilombola de Bom Jardim da Prata
Município de São Francisco