O Sempre Um Papo receberá o diretor Moacyr Góes e o jornalista e escritor Fernando Gabeira para o debate e o lançamento do documentário “Gabeira” - que revela a personalidade libertária do mineiro de Juiz de Fora com as passagens mais memoráveis, polêmicas ou curiosas de sua vida desde menino. “Mais do que um documentário, o filme é um acontecimento político. Contamos a trajetória de um cara que viveu sua vida dedicada à política e que saiu dela por opção”, resume Moacyr. O evento será no dia 7 de novembro, terça-feira, às 20h, Cine Belas Artes - sala 1 (Rua Gonçalves Dias, 1581 Lourdes), com entrada gratuita e limitada a capacidade da sala de 138 lugares.
O filme traz depoimentos de personagens marcantes na história de Fernando Gabeira, como o do poeta e escritor Ferreira Gullar, que o define como “O Gabeira é o homem do presente”. Já Leda Nagle, jornalista e prima do político, relembra o comportamento transgressor desde a infância: “Ele foi expulso de todos os colégios onde estudou”.
No cenário político, o doc. relembra as discussões épicas de Gabeira com Renan Calheiros - “Começaram com os vampiros, passaram pelos sanguessugas e agora vão fazer o que, tráfico de órgãos?” - e com o então presidente da Câmara Severino Cavalcanti. E também traz um panorama da visão de Gabeira sobre o atual cenário: “Nos nos livramos da parte central da quadrilha, mas a secundária assumiu”.
Outros nomes, como Nelson Motta, Armínio Fraga, Cora Ronai também participam do doc, que traz histórias emblemáticas, como o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969. As ex-mulheres e as filhas, Tami e a surfista Maya, também traçam um panorama geral sobre Gabeira. “A gente sempre sacaneia lá em casa que da maneira que ele me criou poderia ter dado uma merda colossal”, brinca Maya, corroborando com a emblemática afirmação do pai, de que “não nasceu para a visa doméstica”.
‘Gabeira’ tem coprodução da Globo Filmes e GloboNews e será lançado pela Gávea Filmes e Pipoca & Filmes.
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SINOPSE:
Fernando Gabeira, jornalista, escritor e político, é uma personalidade única e imensa no panorama da cultura brasileira. Durante toda sua vida Gabeira dedicou-se a pensar e lutar por um país diferente. Incansável na luta por profundas transformações que resultem na diminuição das desigualdades sociais, na constituição de valores que afirmem a cidadania, a liberdade, a educação e a sustentabilidade, ele construiu, com ações e atitudes corajosas, um lugar de referência ética e intelectual.
FICHA TÉCNICA:
Diretor/Produtor/Roteirista – Moacyr Goes
Direção de fotografia - Guy Gonçalves
Produção musical - Ary Sperling
Trilha sonora original – Miguel Guimarães e Eric Camargo
Edição final – Antonio Fonseca Fernandes
Colorista/Finalização – Paulo Andrade
Videografismo – Paulo Galvão
Assistente de direção e produção – Victor Vasconcellos
Som direto – Pedro Rodrigues e João Paulo Glech
Edição – Eduardo Moraes
Operadora de câmera – Isabella Fernandes
Pesquisa – Gaby de Saboya e Eduardo Biaia
Ass. De câmera – João Filipecki dos Santos
Produção de finalização – Lavorare
Fotografia still – Bel Corção
Eletricistas – Anderson ‘Cabeça’ e Luiz ‘Pinah’
Motoristas – Mauricio Souza, Celso de Barros e Adriano de Souza
Projeto Gráfico – Rodrigo de Miranda e Carlos Eduardo Tavares
DEPOIMENTOS:
Ferreira Gullar
Yamê Reis
Leda Nagle
Afonso Romano Sant’Anna
Mario Rola
Marília Abreu Rola
Carlos Vereza
Nelson Motta
Maya Gabeira
Tami Gabeira
Armínio Fraga
Cora Rónai
Neila Tavares
SOBRE FERNANDO GABEIRA:
Fernando Gabeira, escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro (1998-2010), nascido em 1941, é mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção desde 1963. É pai de duas filhas: Tami e Maya. Destacou-se como jornalista, logo no início da carreira, na função de redator do Jornal do Brasil, onde trabalhou de 1964 a 1968. Os colegas de redação diziam que o estilo marcante dos textos de Gabeira podia ser reconhecido até em bilhetes. No final dos anos 60, ingressou na luta armada contra a ditadura militar. Foi preso e exilado.
Em dez anos de exílio, esteve em vários países. Testemunhou no Chile, em 1973, o golpe militar que derrubou Salvador Allende. Mais tarde, retrataria a queda e o assassinato de Allende em roteiro para a TV sueca. Na Suécia, país onde viveu mais tempo durante o exílio, exerceu desde o jornalismo, principalmente na Rádio Suécia, até a função de condutor de metrô, em Estocolmo. Com a anistia, voltou ao Brasil no final de 1979. Nos anos seguintes, Gabeira dedicou-se a uma intensa produção literária, construindo as primeiras análises críticas da luta armada e impulsionando no Brasil temas como as liberdades individuais e a ecologia. Livros como O que é isso Companheiro, O crepúsculo do Macho, Entradas e Bandeiras, Hóspede da Utopia, Nós que Amávamos tanto a Revolução e Vida Alternativa apontaram novos horizontes no campo das mentalidades e colocaram na berlinda uma série de velhos conceitos da vida brasileira.
Em 1986, candidatou-se ao governo do estado pelo Partido Verde e inaugurou uma nova forma de militância política. Os tradicionais comícios e passeatas, sisudos e cinzentos, ganharam uma nova estética. Dois momentos culminantes foram a passeata Fala, Mulher, que coloriu a avenida Rio Branco de rosa e a cobriu de flores, e o Abraço à Lagoa, em que milhares de pessoas deram as mãos em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, produzindo um dos momentos de maior força simbólica e plástica da cena política brasileira.
Nos anos seguintes, Gabeira continuou jornalista, escritor e tornou-se um dos principais líderes do PV. Em 1987, cobriu em Goiânia o acidente radioativo com o césio 137 e escreveu seu décimo livro, Goiânia, Rua 57 – O nuclear na Terra do Sol. Sua atuação política e jornalística foi marcante em diversos outros fatos importantes da vida nacional, particularmente os ligados à questão ambiental, como a investigação do assassinato de Chico Mendes, a interdição da usina nuclear de Angra I por problemas de segurança e o encontro mundial dos povos indígenas em Altamira (PA). Em 1988, lançou o livro Greenpeace: Verde Guerrilha da Paz, uma reportagem-ensaio que apresentou ao Brasil a filosofia e os bastidores da maior organização ecologista do mundo. Em 1989, foi candidato a presidente da república. Gabeira era, já então, a mais visível liderança de uma nova opinião pública, mais escolarizada, mais atenta a questões ambientais, culturais e éticas. No mesmo ano, como jornalista, assistiu a queda do muro de Berlim.
Em 1994, elegeu-se deputado federal pela primeira vez. (1998)(2002) Foi um dos mais influentes deputados do Congresso Nacional. Em 2006, foi o candidato mais votado no estado.
Em 2010, foi candidato a Governador e terminou a disputa em segundo lugar, com 20% dos votos. Tentando traduzir a importância de Fernando Gabeira na vida política nacional, a revista Veja escreveu que ele era “o guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias impossíveis”. É um grande elogio: não é fácil harmonizar lucidez e utopia.
Serviço:
Data/Hora: 07/11 - feira, às 20h, exibição do filme, seguido de debate.
Local: Cine Belas Artes - Rua Gonçalves Dias, 1581 Lourdes