
A próxima sessão da 17ª edição do Curta Circuito - Mostra de Cinema Permanente traz um dos grandes clássicos do gênero policial do cinema nacional, o longa Eu matei Lúcio Flávio (1979), dirigido pelo diretor Antônio Calmon e protagonizado e produzido por Jece Valadão, o eterno Machão do cinema brasileiro. Seguindo a temática da programação 2018 da mostra, que trata a presença da violência em produções cinematográficas nacionais, o filme discorre sobre a sociedade urbana da época a partir da brutalidade, em especial, a praticada pela polícia. O filme será exibido na próxima segunda-feira, dia 30 de abril, às 20h, no Cine Humberto Mauro, com bate-papo após a sessão. A entrada é franca, com distribuição de ingressos na bilheteria do cinema 30 minutos de antecedência.
“Esse filme é baseado em fatos da crônica policial carioca e inspirado em acontecimentos da vida de Mariel Maryscotte de Mattos, nada tendo a ver com a pessoa do referido policial”. Assim começa Eu matei Lúcio Flávio, filme conduzido pela ótica dos policiais/exterminadores, que trata da violência, do crime e da brutalidade de uma maneira orgânica, o que seria impossível se a intenção do diretor fosse denunciar as mazelas da sociedade. “Ele abraça o lado mais reacionário da sociedade e celebra, sem hipocrisia, os feitos desse grupo. Essa opção, que foge à tendência do cinema brasileiro de se associar sempre ao lado dos oprimidos, não prejudica em nada a potência do que vemos na tela; é por abordar uma situação-limite, com outro enfoque, que o diretor acaba por expor os mecanismos estruturantes da sociedade em que estamos mergulhados”, explica Fernando Oriente, crítico de cinema paulista que conduzirá o bate-papo após a sessão.
Considerado uma resposta ao longa “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” - grande sucesso popular de 1977, dirigido por Hector Babenco, que focava no lendário assaltante de bancos, Lúcio Flávio - o filme de Calmon funciona quase um contraponto, como se mostrasse um outro lado da mesma
história, destacando desta vez a trajetória da polícia, no caso, de um dos líderes do Esquadrão da Morte no Rio de Janeiro na década de 1970.
Mais conhecido como autor de novelas , Antônio Calmon atuou fortemente no cinema, tendo sido assistente de direção de grandes nomes como Glauber Rocha. Eu matei Lúcio Flávio é considerado por muitos especialistas como sua grande obra prima, que traz no elenco, além de Jece Valadão -que foi elogiado na época por sua atuação como o policial Mariel - Otávio Augusto, Monique Lafond, Maria Lúcia Dahl e Vera Gimenez.
Eu matei Lúcio Flávio*
Antônio Calmon |RJ, 1979, 97
Lúcio Flávio é um jovem em busca de ascensão social que opta pela vida do crime, enquanto Mariel ganha fama como um policial de atuação no submundo criminoso. Os dois acabam se enfrentando na eterna luta entre polícia e bandido.
*Após a exibição será exibido um depoimento do diretor Antônio Calmon e haverá ainda um bate-papo com o crítico paulista Fernando Oriente.
Antônio Calmon
Atualmente com 72 anos de idade e quase 50 de carreira, Antônio Calmon foi um dos grandes realizadores do cinema brasileiro, principalmente durante os anos 1970 e início da década de 1980. Começou como assistente de direção em filmes seminais do Cinema Novo, como A Grande Cidade (1965), de Cacá Diegues, Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1968), de Glauber Rocha e O Bravo Guerreiro (1968), de Gustavo Dahl. Pouco reconhecido nessa área, ele realizou filmes emblemáticos, verdadeiras radiografias do Brasil no período, passando por comédias de costumes até filmes leves e despretensiosos como seu maior sucesso de público, Menino do Rio (1982). Se tornou popularmente conhecido pelo seu trabalho em TV, como roteirista da série Armação Ilimitada e autor de novelas de sucesso, como Top Model, Vamp, Olho no Olho e Corpo Dourado, todas exibidas pela rede Globo.
Curta Circuito
Durante sua trajetória, iniciada em 2001, a Mostra de Cinema Permanente, que exibe exclusivamente filmes nacionais, sempre com entrada franca, reuniu um público de mais de 74 mil pessoas, que estiveram presentes nas quase cinco mil sessões apresentadas. A mostra é dirigida por Daniela Fernandes, da Le Petit Comunicação Visual e Editorial, com curadoria assinada pela crítica de cinema e autora do blog Estranho Encontro, Andrea Ormond. É referência em Minas e no Brasil como ação de formação qualificada de público, espaço de reflexão e debates sobre a cultura audiovisual e todos os aspectos que a envolvem, sejam técnicos, narrativos, estéticos, culturais e políticos. O Curta Circuito já atuou em 18 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará e atualmente está presente em Belo Horizonte - onde tem como “sede” de suas exibições o Cine Humberto Mauro - e nos município mineiros de Montes Claros e Araçuaí. Já passaram pelo projeto convidados como Nelson Pereira dos Santos, Zé do Caixão, Sidney Magal, Othon Bastos, Antônio Pitanga, Nelson Xavier, Darlene Glória entre outros. O Curta Circuito atua também na preservação e memória do cinema brasileiro, trabalhando na restauração de filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM-RJ. A iniciativa recebeu Mention do D Hounner em Milão, em 2013, pela restauração do filme “Tostão, a fera de Ouro”, da década de 1970.
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Confira a programação completa das sessões de Belo Horizonte, Montes Claros e Araçuaí no site oficial da mostra www.curtacircuito.com.br
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Serviço: Filme | Eu Matei Lúcio Flávio (direção: Antônio Calmon) Data | 30 de abril (segunda-feira) Horário|20h Local | Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537 - Belo Horizonte Entrada gratuita, sujeito a lotação do espaço Informações: 31 3226-9625 Ingressos deverão ser retirados meia hora antes da sessão Classificação Indicativa| 18 anos Capacidade da Sala | 129 lugares |
O Curta Circuito é realizado com os recursos das Leis: Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo de Minas Gerais e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Fundação Municipal de Cultura, Prefeitura de Belo Horizonte. Patrocínio: Cemig, Banco BDMG, Tecar Fiat e Sambatech. Apoio Cultural: Fundação Clóvis Salgado.Co Realização Mascote e Frutilla Filmes. Realização: Le Petit.
Para informações adicionais, entrevistas e fotos
Assessoria de Comunicação Curta Circuito | Bárbara Prado – (31) 9.9192-1203