
Um importante seminário internacional sobre arte concreta acontece nesta semana na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre os dias 26 e 30, debates se concentram sobre temas relevantes para a História da Arte, como a importância de artistas brasileiros na arte internacional, conforme explica o professor Luiz Antônio Cruz Souza. "O evento dá crédito mais que necessário a nomes como Hélio Oiticica e Lygia Clark. Também levanta questões sobre quais foram os reflexos do Concretismo e do Construtivismo em artistas mineiros, como os que estudaram com Guignard e depois adotaram essa linha concretista", avalia o professor.
O secretário Angelo Oswaldo encontrou-se com o grupo de especialistas. Segundo ele, é fundamental para o reconhecimento e a divulgação da produção artística brasileira esse olhar atento de curadores museológicos sobre referências marcantes da arte brasileira. Os mineiros Lygia Clark e Amílcar de Castro têm hoje largo trânsito no cenário internacional, mas muitos outros merecem o mesmo acesso, como Mario Silésio, Maria Helena Andrés e Raimundo Colares.
Organizado pelo Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), da Escola de Belas Artes, pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e pela Getty Foundation, o evento é resultado de uma pesquisa feita com instituições americanas e argentinas. São resultados da primeira parte de uma ampla investigação sobre a arte concreta que floresceu nas décadas de 40 e 50, na Argentina, e na de 60, no Brasil.
Participam do seminário internacional Arte Concreta e vertentes construtivas: teoria, crítica e história da arte técnica representantes da Associação Internacional de Críticos de Arte, do MoMA de Nova York, do Museum of Fine Arts de Houston (EUA), da Getty Foundation e da Universidad Nacional de San Martín, da Argentina.
A pesquisa Concrete art in Argentina and Brazil é liderada pelo professor Luiz Souza, coordenador do Lacicor, e por Fernando Marte, da Universidad de San Martin. O estudo é desenvolvido com base na Coleção Patricia Phelps de Cisneros, que abriga grande variedade de obras concretistas latino-americanas, e ampara-se na linha História da Arte Técnica.
Apresentação
O Seminário Internacional Arte Concreta e Vertentes Construtivas: Teoria, Crítica e História da Arte Técnica propõe discutir as diversas possibilidades teóricas de abordagem da história, da crítica e das técnicas usadas na construção da obra de arte. Focaliza a arte concreta, neoconcreta e as diversas vertentes construtivas na América Latina, por considerá-las uma produção singular no contexto da arte moderna no século XX. Ao englobar a história, a crítica e a técnica estaremos possibilitando a abertura de um olhar transdisciplinar sobre a arte, os artistas, as obras e o sistema de arte, bem como a relação entre a arte e a política no período pós-2a Guerra Mundial.
Pesquisa bibliográfica
A primeira parte do trabalho foi dedicada à análise de 39 obras de artistas como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Waldemar Cordeiro e Aluísio Carvão. Também foi desenvolvida extensa pesquisa bibliográfica sobre a indústria química e a história da arquitetura, que contribuiu para contextualizar o movimento artístico dos pontos de vista histórico e social. “Entrevistas foram conduzidas com famílias de artistas e até mesmo com alguns dos artistas ainda vivos; estas foram as fontes mais válidas do projeto, provendo comparações e pontos de referência para os achados e as análises científicas”, relatam os professores no texto de apresentação do trabalho, disponível aqui.
Esta é a primeira pesquisa sistemática sobre o movimento da Arte Concreta na América Latina. Agora, os pesquisadores pretendem debruçar-se sobre a história das tintas no Brasil no século 20, com base em análises de remoção e repintura de igrejas históricas e de pinturas residenciais no início do século passado. O objetivo, além de ampliar o conhecimento histórico, é compreender melhor os riscos de deterioração das obras e as formas mais apropriadas de conservá-las.
No fim de 2015, a UFMG sediou evento sobre as técnicas e materiais usados pela arte concreta no Brasil. O assunto foi abordado em matéria do Boletim UFMG.
(*) com informações do site da UFMG.