
O Instituto de Arte e Cultura de Diamantina – Diarte tem o prazer de apresentar o projeto Me Aspice: “Sibilas na Semana Santa”, concebido pelo fotógrafo Bernardo Magalhães. A exposição fica em cartaz de 6 de julho a 31 de agosto.
Me Aspice: ``olhe para mim``, em latim, teve como objetivo chamar a atenção da população diamantinense para esse bem artístico e histórico único no Brasil: As Sibilas de Diamantina.
A cidade histórica possui um patrimônio artístico talvez não encontrado em nenhuma outra cidade colonial do Brasil: os panos quaresmais sibilísticos, além das pinturas sobre madeira na abóbada da capela-mor da Capela de Nosso Senhor do Bonfim.
As sibilas de Diamantina e região têm uma importância universal e reafirmam a sobrevivência de um antigo mito que foi se adaptando em diferentes lugares. O mito das sibilas tem um fôlego inigualável e de certa forma sobrevive até hoje. A previsão do futuro é desde os primórdios da humanidade um saber desejado e altamente sedutor.
Reproduções fotográficas desses panos foram ampliadas e impressas em tecido e dez artistas locais foram convidados a trabalhar o contorno dessas imagens para compor as tradicionais colchas da Semana Santa que adornam as sacadas dos casarões coloniais da cidade durante esse período.
Os artistas convidados e suas sibilas:
Samia Abbas: Sibila Libyca: Igreja do Bonfim;
Fernanda Alvarenga: Sibila Ciméria: Igreja das Mercês:
Marcial Ávila: Sibila Phrigya: Igreja do Bonfim;
Marcelo Brant: Sibila Europea: Igreja das Mercês;
Juliana Cyrillo: Sibila Libyca: Igreja do Carmo;
Elisa Grossi: Sibila Tiburtina: Igreja do Amparo;
Vanessa Pádua: Sibila Tiburtina: Igreja do Bonfim;
Adriana Reis: Sibila Helespontica: Igreja de São Francisco;
Parísina Ribeiro: Sibila Delphica: Igreja do Bonfim;
Gracíola Rodrigues: Sibila Cassandra: Igreja do Rosário.
As obras foram expostas nas sacadas das casas seguindo os roteiros das procissões da Semana Santa: do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa de 2018.
O resultado do trabalho dos artistas pode agora ser apreciado de perto. O vídeo produzido documentando essa intervenção será apresentado em horários definidos pela mostra.
As sibilas:
Figuras proféticas da mitologia antiga, as Sibilas tiveram um alcance temporal extraordinariamente longo no decorrer da história da humanidade.
Elas faziam o elo entre o profano e o sagrado, o humano e o divino. Suas profecias não diziam respeito a sagas individuais, mas a futuros coletivos como resultados de guerra, decisões políticas e a riqueza ou pobreza das nações.
Da vasta osmose espiritual entre oriente e ocidente na antiga Babilônia, as Sibilas migraram para a mitologia greco-romana, onde se tornaram profetisas do deus Apolo.
Foi no ano 325 de nossa era, durante o Concílio de Niceia, que as profetisas foram incorporadas ao cristianismo pelo imperador Constantino.
A partir de então, as Sibilas passaram a ser representadas ao longo da história cristã, através de diversas linguagens artísticas, como a pintura, o desenho e a escultura. Suas representações mais conhecida são as cinco Sibilas de Michelangelo pintadas no teto da Capela Sistina, no Vaticano.
Da Itália meridional, epicentro do antigo Império Romano e coração do catolicismo, o mito das Sibilas irradiou para a França, a Alemanha e o restante da Europa. Chegou tardiamente a Portugal, onde sua representação plástica não teve muita fortuna se comparada ao restante do continente.
Contudo a cidade de Braga, na região do Minho, norte do país, manteve ao longo dos séculos a tradição do Cântico da Sibila. mesmo após sua proibição pelo Concílio de Trento.
É intrigante a presença das Sibilas no Arraial do Tijuco, especialmente quando se considera que em Portugal o tema não inspirou nem os artistas, nem os mecenas na Idade Média, e é quase ausente na idade moderna.
Entre os mistérios que rodeiam as Sibilas, desde sua origem na Babilônia estão os caminhos que percorreram para chegar até aqui, e sua forte presença no antigo Arraial do Tijuco,
Restauração dos véus quaresmais:
Em Diamantina, as Sibilas estão presentes em quatro imagens no teto da Capela do Bonfim, em pinturas datadas do final do século XVIII, e em seis véus quaresmais, pertencentes às ordens terceiras, inventariados pelo IPHAN.
Estamos comemorando o início do trabalho de restauração desses panos através de um projeto do Instituto de Arte de Cultura de Diamantina-Diarte aprovado pela Secretaria de Estado de Cultura, com verba do Fundo Estadual de Cultura.
Foi graças ao trabalho da Diarte com a participação do Sr Ângelo Oswaldo, Secretario de Cultura do Estado de Minas Gerais que estamos apresentando a Sibila Tiburtina, desaparecida de nossa cidade e recentemente recuperada.
A exposição está aberta ao publico na
Casa da Glória
Rua da Glória, 297 Diamantina
Horário de visitação:
Quinta e Sexta feira: de 13 às 18hs
Sábado: de 12 às 18hs
Domingos e feriados: de 11 às 14hs.
Agendamento para grupos de estudantes: (38) 988127348
Expediente.
Produção: Instituto de Arte e Cultura de Diamantina-Diarte
Concepção e Fotografia: Bernardo Magalhães
Pesquisa histórica: Maria Claudia Magnani - UFVJM
Vídeo: Bernardo Magalhães
Imagens adicionais: Amanda Magnani/ Valter Lopes/Gabriel da Fonseca.
Texto: Amanda Magnani
Textos em Latim: Nahim Santos C. Silva
Edição vídeo: Minele Oliveira
Narração: Paloma Pereira / Rosana Tossige
Direção narração: Flávio Rabelo- Laboratório de montagem cênicas-UFVJM
Agradecimentos:
Mitra Arquidiocesana de Diamantina
IPHAN
Instituto Casa da Glória
Sr. Maurício Marques Silveira
Equipe Diarte
Diamantina/Março/2018