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Espaço destinado a abrigar as manifestações populares do Estado, o Centro de Artes Popular – Cemig, que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade, completa um ano no próximo dia 19 de março. Para celebrar a data e também o dia do padroeiro dos Artesãos, São José, e o Dia do Artesão, será inaugurada a mostra MESTRES DA CAPITAL, com a presença do Governador Antonio Anastasia.
A exposição reúne a produção mais recente de treze Mestres Artesãos que vivem em Belo Horizonte: Álvaro Jorge, As Mariquinhas, Cláudio Gerais, Detimar Estáquio Vieira, Hygino Simplício de Almeida, Jacinta Maria Paulo Souza (dona Jacinta das Bonecas), José Damasceno Telles Camilo, José Leôncio de Araújo, Maurino de Araújo, Nelsino Lourenço, Olinto de Araújo, Vanderley Campos de Sena e Willi Carvalho.
São mais de trinta obras expostas, nos mais variados suportes: tecido, cerâmica, madeira e metal, que retratam a diversidade da produção da arte popular produzida em Belo Horizonte e desvendam para o visitante o universo destes artistas: o religioso, o real e, em sua maioria, o fantasioso.
A exposição Mestres da Capital, que será realizada na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Popular-Cemig, é uma realização do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, SEBRAE/MG e apoio do BID-FUMIN - Programa de Turismo de Negócios e Eventos de Belo Horizonte e do Centro de Artesanato Mineiro - CEART/MG.
Fortalecimento do Artesanato mineiro – Com o objetivo de apoiar o artesão, incentivar a comercialização da produção artesanal local e marcar as comemorações do ‘Dia do Artesão’, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, por meio da Superintendência de Artesanato, promoveu duas exposições no Palácio das Artes, em 2004 e 2005. A partir de 2006, as atividades foram transferidas para a ‘Galeria de Arte Gustavo Capanema’, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde permaneceu até 2011. Desde 2012, esse evento está sendo realizado no Centro de Arte Popular – Cemig, museu gerido pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, por meio da Superintendência de Museus e Artes Visuais.
Sobre o Centro de Arte Popular – Cemig - Espaço privilegiado de divulgação e apreciação da arte popular de várias regiões do Estado, o acervo do museu conduz o visitante ao mundo imaginário de renomados artistas como Artur Pereira, Dirléia Neves Peixoto, Dona Isabel, Dona Tonica, GTO, Lorenzatto, Maria Lira Marques, Noemisa e Ulisses Pereira, entre outros.
Desde que foi inaugurado, o Centro de Arte Popular - Cemig recebeu mais de 16 mil visitantes em suas salas de exposições de longa duração e para visitação à exposição temporária ATOS DE FÉ, um recorte da coleção de 3.000 peças da colecionadora Maria Zahle Pena, composta por oratórios, santos e ex-votos dos séculos XVII, XVIII e XIX, que ficou aberta ao público entre março e setembro de 2012, além de ações como lançamento de livros, palestras e oficinas.
O acervo total do museu possui cerca de 800 peças, grande parte delas pertencentes ao Estado, mas também oriundas de empréstimo, através de comodato, de acervo de colecionadores privados e de outras instituições museais.
A exposição de longa duração apresenta ao público cerca de 360 peças, que retratam as diferentes expressões de arte criadas pelo homem, ao longo do tempo, em todo o Estado de Minas Gerais. Isso inclui desde as manifestações dos primeiros habitantes da região, com as pinturas rupestres, até os grafismos urbanos contemporâneos.
Para demonstrar a diversidade da produção de arte popular do Estado, a mostra traz obras de várias regiões de Minas Gerais, como o Vale do Jequitinhonha, Araxá, São João Del Rey, Ouro Preto, Belo Horizonte, Cachoeira do Brumado, Divinópolis, Prados e Sabará.
Em seus dois primeiros andares, o Centro de Arte Popular – Cemig abriga salas que retratam a arte popular mineira. Seu acervo é organizado por materiais, temas e cronologia, onde o visitante pode conferir esculturas em madeira e em cerâmica, telas, teares. Mídias, som e imagem tornam as exposições ainda mais dinâmicas e interativas, e ajudam na contextualização dos temas, mostrando ao visitante uma dimensão mais ampla e profunda do histórico cultural de cada região.
OS MESTRES ARTESÕES
ÁLVARO JORGE - Começou em 1979 com a carpintaria, ajudando seu pai a fazer cenários no Palácio das Artes, onde ficou até 1984, quando saiu para
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Seis dos treze mestres artesãos que serão homenageados |
dedicar-se às esculturas. Sua primeira obra de arte foi uma mulher nua, em pedra sabão. Já participou de diversas exposições coletivas em Belo Horizonte (40 anos do CEART, Barroco Mineiro, Mestres Santeiros, dentre outras). Esculturas em madeira, de anjos e santos inspirados no barroco, povoam o seu universo artístico. Suas peças estão disseminadas pela Jordânia, Itália, Alemanha e outros países, além de já terem aparecido em oito novelas da Rede Globo, como Fera Ferida, Mulheres de Areia e Sol de Verão. “Para esculpir minhas peças, uso somente um formão e um martelo”.
CLÁUDIO GERAIS - Cláudio dos Santos Costa, mais conhecido como Cláudio Gerais, é um escultor autodidata. Trabalha com arte desde 1979, quando começou a comercializar suas esculturas na ‘Feira de Artesanato da Afonso Pena’. Em 1982, foi premiado pelo Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais e fez sua primeira exposição individual. Suas esculturas, em madeira, são bastante peculiares: ricas em policromia e em detalhes, geralmente, representam São Francisco de Assis, com pássaros e bichos ladeando o santo, retrato fiel da arte popular. Hoje, suas peças estão em locais de destaque dos grandes colecionadores, ultrapassando as fronteiras de Minas e do Brasil. “Não tenho inspiração, vejo um tronco e já sei o que vou esculpir nele. A criação para mim é muito fácil”.
DETIMAR EUSTAQUIO VIEIRA – DET, como é conhecido desde pequeno, trabalhava o barro, a madeira e a pedra-sabão. Atualmente, é reconhecido como o ceramista que ultrapassou as barreiras do país, participando de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Suas peças, na grande maioria, são comercializadas para colecionadores e galerias de arte. “A minha inspiração vem do dia-a-dia. Gosto muito de trabalhar a expressão das pessoas”.
HYGINO SIMPLÍCIO DE ALMEIDA - Vivendo há mais de 30 anos da sua arte, primeiro aluno do grande mestre Maurino de Araujo, Hygino é um dos mais renomados escultores mineiros da atualidade. Começou a talhar a madeira usando como ferramenta apenas um canivete. Eram diversas peças figurativas, variando entre humanos e animais. Dedicou-se aos estudos em bibliotecas e museus das cidades históricas de Minas Gerais. Da pesquisa sobre as obras de Aleijadinho absorveu a influência do barroco mineiro. “Aprendi muito com Maurino, meu Mestre de orientação. Ele não ensinava a copiar. Ele insistia para que a gente fosse buscar um caminho próprio. A inspiração do meu trabalho vem do cotidiano, tem um pouco de humor, retrata um pouco de mim”.
JACINTA MARIA PAULO SOUZA - Dona Jacinta das Bonecas - Nasceu em Sete Lagoas e reside em Belo Horizonte desde 1980. Dona Jacinta é filha de lavradores e, sem dinheiro para comprar brinquedos, desde menina Jacinta criava suas próprias bonecas, feitas com sabugos de milho. Mais tarde, ao se deparar com uma bonequinha de pano, resolveu fazer uma para si. Juntando retalhos aqui e ali, começou a fazer pequenas bonecas com o jeitinho interiorano das Minas Gerais. Suas bonecas são encontradas no Centro de Artesanato Mineiro, onde expõe há mais de trinta anos. “Quem faz as coisas não acha grandeza”, garante a artesã que, com o dinheiro das bonecas de pano ajudou a criar a família.
JOSÉ DAMASCENO TELLES CAMILO - Damasceno é um autodidata que nasceu em Belo Horizonte. Um pintor primitivo que se dedica a retratar a cultura popular. Aos 24 anos, já inaugurava sua primeira mostra, após ser convidado pela organização da ‘Semana do Folclore’. Participou de inúmeras exposições e salões, em Minas Gerais e em outros estados. Em 2008, sagrou-se vencedor do concurso ‘Talentos da Maturidade’, com a obra ‘Unidos do Morro - Alto Desfile de Escola de Samba’, obra primitivista produzida no começo de 2008. “Comecei a visitar o ateliê da minha amiga e depois virei uma espécie de assistente”.
JOSÉ LEÔNCIO DE ARAÚJO - Mais velho de sete irmãos, foi o último da família a descobrir o dom artístico. Nos anos 90, sob influência do seu irmão Maurino de Araújo, começou a esculpir na madeira. Em 1991, foi convidado para expor no Rio de Janeiro, ano que começou a despontar como artista. Tem suas peças espalhadas em diversas regiões do Brasil e no exterior. ”Meu irmão me descobriu. Eu não entendia de arte, nem imaginava o que seria”.
MAURINO DE ARAÚJO - Um dos maiores escultores brasileiros. Nos anos 60, iniciou seu trabalho com madeira, mostrando sua arte na Feira de Artesanato da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Como artista e expositor, representou o Brasil no Festival Internacional das Artes e Cultura Negra de Lagos, na Nigéria, em 1977. Hoje tem suas obras em museus e com colecionadores do Brasil e do exterior. “Nos anos 60 encontrei a madeira, peguei um caibro e um formão de carpinteiro e talhei meu primeiro Cristo, que está em uma Igreja do Bairro 1º de Maio, em Belo Horizonte. Desse Cristo, surgiram muitas outras figuras”.
NELSINO LOURENÇO - O Artesão dos brinquedos, com mais 30 anos de ofício, começou com o artesanato em 1979, quando pensou em fazer um brinquedo para atenuar o sofrimento da sua filha, que estava se recuperando de um acidente. Produziu duas peças: Dang e o Balanço Veneziano. A partir daí ele inventou mais de 32 modelos. Em 1980 começou a fabricar seus brinquedos para comercializar e, desde então, expõe até hoje na Feira de Artesanato, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte. “Gosto de falar que eu vendo felicidade – isso é muito gratificante”.
OLINTO DE ARAÚJO - Desenvolveu seus estudos na Escola de Design, onde em 1966, formou-se professor. Em 2001, iniciou a sua vida artística na escultura, com uma ascensão muito rápida. Em 2002, foi convidado a participar de uma grande exposição na capital mineira, junto a nomes famosos, quando surgiu definitivamente no cenário da escultura mineira. Olinto é sobrinho do internacional artista Maurino de Araújo e irmão do também escultor Humberto de Araújo, todos oriundos de uma saga especial de trabalhadores da madeira. Seu trabalho apresenta figuras humanas e suas nuances.
“Faço minhas esculturas por puro prazer. Amo o que faço”.
VANDERLEY CAMPOS DE SENA - É um especialista em imagens sacras em madeira. Começou a esculpir em 1982, durante a recuperação de um acidente que o impossibilitou de trabalhar com a marcenaria. Em 1984, estabeleceu maior intimidade com a madeira, dedicando-se somente à arte sacra e se transformou em um dos maiores santeiros do Brasil. Suas peças estão em diversas igrejas, capelas, seminários, residências e Galerias de Artes do Brasil e do exterior. "Cavacando em um toco de madeira esculpi, pela primeira vez, um pequeno tatu”.
AS MARIQUINHAS - Dez mulheres que bordam em uma colcha de retalhos suas histórias de vida, marcadas pela luta pela conquista da casa própria. Em 1991, iniciaram um grande movimento que ganhou a mídia e pressionou o poder público para que resolvesse o problema que enfrentavam. A Igreja São José, localizada no centro da capital mineira, foi um dos palcos para essa reivindicação. Mais de 350 famílias ficaram acampadas por um mês nos jardins da igreja. De lá, foram para a Fazenda Marzagânia, localizada na beira da rodovia que liga Belo Horizonte a Sabará, onde permaneceram por mais dez meses. Posteriormente, ficaram acampadas debaixo da lona por mais cinco anos, na região norte de Belo Horizonte (Bairro Juliana), no lugar em que a Prefeitura construiria a ‘Vila Mariquinhas’, onde moram até hoje. Já instaladas, elas iniciaram uma atividade que hoje alcançou fama nacional: o bordado. Tudo começou quando algumas mulheres resolveram iniciar uma atividade que lhes dariam uma renda extra. Foi então que uma das mulheres pensou: “vamos bordar nossa vida no pano”. E foi assim que o bordado chegou na vida de cada uma delas, e é no bordado que elas colocam cenas de suas histórias de vida.
WILLI CARVALHO - é autodidata. Desde criança já mostrava sua sensibilidade para a arte, quando descobriu o desenho. Nasceu em Montes Claros, mas vive e trabalha em Belo Horizonte. Hoje Willi faz miniaturas com palitos de madeiras e materiais reciclados, retratando a Arte Popular. Participou de várias exposições coletivas no Brasil e em diversos países do mundo. A mais importante aconteceu no México “Grandes Maestros Del Arte Popular de Iberoamérica”, em 2012. Participou também, de duas exposições do estilista Ronaldo Fraga, no Rio de Janeiro e em Recife, em 2011 e 2013. “A inspiração do meu trabalho vem do Congado Mineiro e das obras de autores como Guimarães Rosa e Ariano Suassuna”.