
O Centro de Arte Popular – Cemig, instituição vinculada à Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e que integra o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, celebra os 100 anos de nascimento de um dos maiores escultores brasileiros: Geraldo Teles de Oliveira, o GTO (1913-1990) com a abertura da Exposição GTO 100 Anos.
A mostra, que será aberta para visitação do público a partir do dia 16 de outubro, tem a curadoria do artista José Alberto Nemer e conta com 30 obras de GTO, esculpidas em madeira e de dimensões variando entre 30 cm e 260 cm, exceto uma peça rara executada em pedra-sabão.
Autodidata, Geraldo Teles de Oliveira nasceu em Itapecerica, interior de Minas Gerais, e mudou-se ainda criança para Divinópolis, onde viveu, constituiu família, produziu sua obra e morreu em 1990.
Começou a esculpir aos 55 anos, depois de um sonho que teve, onde se viu construindo uma grande igreja. Suas esculturas fazem parte de importantes coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior.
Segundo o curador da exposição José Alberto Nemer, a obra de GTO “é síntese da miscigenação brasileira, onde o artista retrata seus antepassados indígenas, misturados a escravos, senhores, reis, soldados e outras figuras. Suas composições possuem, quase sempre, uma simetria ritualística, onde os personagens se embaralham numa ordem de absoluta harmonia. São totens, rodas, capelas, pequenas cenas oníricas e enigmáticas.”
A exposição tem entrada gratuita e fica no Centro de Arte Popular – Cemig até o dia 29 de dezembro de 2013.
Sobre Geraldo Telles de Oliveira – GTO
Com conceitos cartesianos e valores intelectuais excessivamente estruturados no plano do consciente, nossa cultura materialista coloca um ser como Geraldo Teles de Oliveira – muito mais ligado a referências e valores do inconsciente – à margem da inteligência instituída, classificando-o como “artista ingênuo”, toleradamente aceito com os devidos descontos que lhes são feitos.
Numa cultura em que o racional não fosse absoluto nem se impusesse com arrogância e prepotência, mas dividisse com o espírito a formulação de uma “consciência global”, G.T.O. não seria encarado como um fenômeno suis generis. Ao contrário, seria visto com o valor e o respeito que merecem aqueles que com coragem, segurança e total entrega se lançam na viagem ao desconhecido, de lá trazendo imagens e informações que, elaboradas com habilidade e emoção, tornam-se registros escultóricos, literários, filosóficos, musicais, etc., possibilitando-nos vislumbrar um pouco do mistério a que estamos universal e atavicamente unidos.
Apesar de tudo isso, G.T.O., como outros seres especiais, consegue com sua energia, consciência e emoção sobrepor-se aos obstáculos que aquela sociedade e cultura lhe impõem, levando suas ideias ao alcance da plenitude e do reconhecimento.
Nessa linhagem encontramos santos, filósofos, idealistas, utopistas, revolucionários, artistas verdadeiros e os sábios. Enfim, aqueles que lançam sua energia ao fogo da vida, alquimizando-a rumo à evolução humana.
A espiral da evolução é irreversível, e ainda que o nosso tempo sugira o contrário, G.T.O, muitas vezes incompreendido, explorado, rotulado de ingênuo, transmuta-se cada vez mais em santo e sábio, conduzindo-nos, indistintamente, a um passo acima.
LAENDER, Paulo – PAMPULA – Revista de Arquitetura, Design, Arte e Meio Ambiente; Ano III; Nº 5, 1981
Sobre o Centro de Arte Popular – Cemig
Espaço privilegiado de divulgação e apreciação do trabalho de artistas populares de todo o Estado de Minas Gerais, o acervo do museu conduz o visitante ao mundo do imaginário de diferentes artistas. Por meio de suas obras, somos conectados às origens, histórias e crenças de um povo que traz nas mãos um sincretismo cultural próprio, brasileiro.
Em seus dois primeiros andares, o Centro de Arte Popular – Cemig abriga salas que retratam a arte popular mineira. Seu acervo é organizado por materiais, temas e cronologia, onde o visitante pode conferir esculturas em madeira e em cerâmica, telas, teares. Mídias, som e imagem tornam as exposições ainda mais dinâmicas e interativas, e ajudam na contextualização dos temas, mostrando ao visitante uma dimensão mais ampla e profunda do histórico cultural de cada região.