
Comemorando 16 edições em Belo Horizonte e 10 anos em São Paulo, o INDIE privilegia o cinema de autor e destaca na retrospectiva a obra de um diretor fundamental para a história do cinema, o polonês Walerian Borowczyk. Se a realidade do circuito de exibição no país está cada vez mais direcionada para o cinema comercial, os festivais de cinema precisam ser, mais do que nunca, um espaço privilegiado para o cinema independente.
A programação, que pela primeira vez será a mesma nas duas cidades, exibirá 30 filmes em Belo Horizonte, entre os dias 1º a 7 de setembro, no Cine Humberto Mauro e no SESC Palladium; e em São Paulo, de 15 a 21 de setembro, exclusivamente no CineSESC.
Diretores importantes do cinema contemporâneo estão no programa da Mostra Mundial com seus últimos filmes: Kiyoshi Kurosawa (sua volta ao cinema de gênero em Creepy), Alain Guiraudie (Na Vertical, seleção oficial do Festival de Cannes 2016), Albert Serra (A morte de Luís XIV com o grande ator Jean-Pierre Léaud), Mia Hansen-Løve (O Que Está Por Vir, que lhe deu o Urso de Prata de Melhor Diretora na Berlinale 2016), Philippe Grandrieux (um filme de ficção depois de oito anos com Apesar da Noite) e ainda Bence Fliegauf, Peter Schreiner, Ryosuke Hashiguchi, Pascale Breton e osestreantes Ted Fendt, Shengze Zhu, Zhang Hanyi. A curadoria do Indie 2016 buscou apresentar uma seleção que exibisse na Mostra Mundial as obras mais instigantes e relevantes em termos criativos do cinema atual.
Já no programa Clássica, o destaque são os filmes clássicos e cults, todos serão exibidos em cópias restauradas: um legítimo e pioneiro filme indie americano Estranhos no Paraíso de Jim Jarmusch; David Bowie em uma performance inesquecível em O Homem que caiu na terra de Nicolas Roeg; a obra-prima de Alain Resnais, Hiroshima meu amor; e atualidade, 50 anos depois, de Blow-Up de Michelangelo Antonioni.
A retrospectiva inédita do Indie 2016 é dedicada a exibição das obras do diretor polonês Walerian Borowczyk. Serão exibidos 13 filmes de Borowczyk, sete longas e seis curtas, todos em cópias restauradas, e muitos deles nunca exibidos no Brasil. Ao longo dos anos 1970 e 1980, Borowczyk desenvolveu um corpo surpreendente de trabalhos em uma variedade de gêneros: curtas, longas, documentários e animação. Entre os destaques exibidos no Indie estão sua estreia no cinema, em 1967, com o Teatro do Senhor e Senhora Kabal; e seus filmes com temas sexuais, grotescos e polêmicos que o tornaram mais conhecido como Contos Imorais (1974) e A Besta (1975); além de obras fundamentais da sua carreira como Goto, Ilha do Amor (1971) e Blanche (1971). Borowczyk morreu há 10 anos atrás, na França, aos 82 anos.
A curadoria da mostra é do crítico, escritor e cineasta Daniel Bird que estará em São Paulo ministrando um masterclass sobre a obra do diretor polonês. Bird liderou o projeto internacional para restaurar os filmes de Borowczyk que originou o box e o livro Camera Obscura: The Walerian Borowczyk Collection. O catálogo do INDIE trará a tradução exclusiva do Dicionário de Boro (compilação completa da sua obra de A a Z) escrito por Bird e Michael Brooke.
O Indie 2016, em Belo Horizonte, tem patrocínio da Oi e é realizado através dos benefícios da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, tem parceria do SESC MG, apoio cultural do Oi Futuro e Fundação Clóvis Salgado. O Indie 2016 em São Paulo é uma correalização da produtora Zeta Filmes e do SESC SP. Para ambas as cidades, o Indie conta com o apoio institucional da Fundação Japão, da Casa Sanguszko de Cultura Polonesa e do Adam Mickiewicz Institute da Polônia. O INDIE é uma realização da Zeta Filmes.
SERVIÇO
Belo Horizonte: 1º a 7 de setembro
Cine Humberto Mauro (129 lugares) - Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Cine SESC Palladium - (82 lugares) - Av. Augusto de Lima, 420 - Centro
Entrada franca
(ingressos disponíveis nas bilheterias dos espaços 30 minutos antes de cada sessão)
São Paulo: 15 a 21 de setembro
CineSESC - www.sescsp.org.br
Rua Augusta, 2075 / Cerqueira César
Tel.: 3087.0500
Ingressos: R$12 (inteira), R$6 (meia), R$3,50 (credencial plena SESC)
Outras informações
http://www.indiefestival.com.br
twitter: @indiefestival
http://www.facebook.com/indiefilmfestival
SOBRE A RETROSPECTIVA
Walerian Borowczyk nasceu em Kwilcz, na Polônia, em 21 de outubro de 1923. Entre 1946 e 1951, estudou pintura e escultura na Academia de Belas Artes de Cracóvia. No início da década de 1950, Borowczyk mudou-se para Varsóvia, onde se estabeleceu como artista gráfico (reconhecido por seus posters de cinema).
Em 1957, juntamente com Jan Lenica, outro artista gráfico, dirigiu seu primeiro curta-metragem profissional, Once Upon a Time. No ano seguinte, emigrou para a França. Durante o início da década de 1960, produziu comerciais e outros curtas-metragens. Sua estreia no cinema foi em 1967, com Theater of Mr. and Mrs. Kabal. Em 1968, fez seu primeiro longa-metragem de ficção, Goto, Isle of Love, e em 1971, Blanche, adaptação do drama Mazepa escrito por Juliusz Słowacki. Na década de 1970, produziu Immoral Tales e The Beast, os quais alcançaram enorme sucesso comercial e de crítica. Na mesma época, retornou à Polônia para dirigir a adaptação de Story of Sin de Stefan Żeromski.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, criou inúmeras obras surpreendentes em diversos gêneros: curtas e longas-metragens, documentários e filmes de animação. Além de criar os cenários e editar vários de seus filmes, Borowczyk também fazia seus adereços e posters. Na década de 1990, retornou às artes gráficas e inventou uma técnica chamada de “pulvérographie”, bem como escreveu inúmeros livros, incluindo a coleção de contos L’Anatomie du Diable, e o infantil Les bêtes sont-elles bêtes?. Morreu em Marly-le-Roi, perto de Paris, em fevereiro de 2006, aos 82 anos.