
Impossível falar de cultura brasileira sem citar José Aparecido de Oliveira. O mineiro de Conceição do Mato Dentro foi o primeiro ministro da Cultura do Brasil, e também o primeiro secretário de Cultura de Minas Gerais. Atuou de forma definitiva na implementação da TV Minas, no reconhecimento de Brasília como Patrimônio Mundial da Unesco, foi ainda secretário particular do presidente Jânio Quadros e interlocutor próximo a Itamar Franco. Essa trajetória ímpar de sucesso e dedicação extrema ao meio cultural é contada em detalhes no livro “José Aparecido de Oliveira - O Melhor Mineiro do Mundo”, organizada pelo jornalista Petrônio Souza Gonçalves, que será lançada na próxima segunda (20), às 19h, na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, espaço integrante do Circuito Liberdade. A entrada é franca.
A sagacidade de José Aparecido é relatada em várias passagens no livro. Uma delas aconteceu no primeiro e único mandato de Tancredo Neves como governador de Minas Gerais, quando José Aparecido esteve à frente da Secretaria de Estado de Cultura, então uma secretaria recém-criada. Uma de suas primeiras ações foi trabalhar para que a TV Minas saísse do papel. Com poucos recursos e sem o equipamento necessário para realizar as transmissões, havia o risco do estado perder a concessão. Foi aí que entrou a expertise política de José Aparecido, conhecido por muitos como o Zé dos Amigos. Em um telefonema para Ministério da Aeronáutica, à época chefiado por Délio Jardim de Mattos, o então Secretário de Cultura solicitou a ajuda do ministro, que estava negociando a compra de aparelhos para instalação do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA). Dentro do escopo da compra estava o aparelho que faltava para a TV Minas entrar no ar. A conversa surtiu efeito e em pouco tempo Minas Gerais conseguiu, sem pagar um centavo, o transformador que faltava para dar início às atividades da TV.
O livro conta a trajetória de José Aparecido desde a infância no interior de Minas até a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), estruturada quando Aparecido foi embaixador do Brasil em Portugal. Suas muitas facetas na atuação política, aprimoradas durante mais de meio século em que a presença de José Aparecido teve influência determinante no Brasil. “Ele criou uma nova forma de fazer política. Foi o primeiro Secretário de Cultura de Minas Gerais e o primeiro Ministro da Cultura do Brasil. Para ele, um povo sem cultura é como um corpo sem alma”, conta Petrônio. O livro também traz aspectos da vida privada de José Aparecido, tido como uma figura generosa e batalhadora. “Aos onze anos ele perdeu o pai e assumiu o papel chefe de família. Além de uma figura pública respeitada, ele foi um homem de grande valor dentro do ambiente familiar”, acrescenta Petrônio.
Entre as histórias curiosas que compõem a biografia, o leitor encontrará o dia em que José Aparecido salvou o jornalista José Maria Rabelo de apanhar de um grupo de Integralistas em plena Praça 7, no centro de Belo Horizonte. A atuação de José Aparecido, na época governador do Distrito Federal (1985-1988), para que a capital brasileira se tornasse em Patrimônio Mundial da Unesco, em 1987, também é lembrada na obra.
Além de inúmeros depoimentos, a obra traz artigos assinados por Oscar Niemeyer, Ziraldo, Mauro Santayana, Sebastião Nery, José Maria Rabelo, Aristóteles Drummond, Angelo Oswaldo e outros nomes ligados ao político mineiro.
SERVIÇO
Evento: Lançamento do livro “José Aparecido de Oliveira - O Melhor Mineiro do Mundo”, organizado por Petrônio Souza Gonçalves
Dia: 20/03/17
Horário: 19h
Local: Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães, da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Praça da Liberdade, 21, Funcionários.
Entrada: Gratuita