Preparação da Copa em Minas é destaque em Londres
A subsecretária de Turismo da Secretaria de Estado de Turismo e Esportes (Setes), Silvana Nascimento, ressalta a importância da divulgação dos atrativos turísticos mineiros no atual contexto esportivo. “Tivemos recentemente a visita do embaixador da Inglaterra em nosso estado, conhecendo o Mineirão. Também recebemos o ciclista londrino Andy Smith, exaltando nossa gastronomia mineira. O município de Nova Lima é outra referência histórica nas relações entre Inglaterra e Minas Gerais pela exploração mineral e por ter abrigado a Seleção Inglesa em 1950. Queremos estreitar cada vez mais esses laços porque Minas Gerais tem atrativos turísticos bastante sedutores para os britânicos, como nossas cidades históricas e nossa gastronomia”, resumiu Silvana, que participou da entrevista coletiva a 20 jornalistas presentes.
O secretário municipal extraordinário para a Copa do Mundo, Camillo Fraga, destacou o processo de contagem regressiva de Belo Horizonte. "Esse foi um momento importante para mostramos aos britânicos que estaremos prontos para recebê-los. Agora é a reta final. Estamos acertando os últimos pontos do planejamento para assegurar que os visitantes e a população desfrutem de uma ótima experiência durante a Copa do Mundo”, disse.
A programação incluiu ações específicas para o trade turístico, como treinamento para agentes de viagens, rodada de negócios com empresas brasileiras, inclusive de Belo Horizonte, e exposição com foco em 11 estados do Brasil, representando as cinco regiões do país.
Silvana Nascimento e a diretora de Promoção Turística da Belotur, Stella de Moura, apresentaram pontos turísticos da capital e do estado, como o Complexo Arquitetônico da Pampulha, as cidades históricas Ouro Preto e Mariana, o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, além do Inhotim.
Os ingleses estão chegando. A expectativa dos ingleses para o jogo da sua seleção em Belo Horizonte, no dia 24 de junho, é grande. Essa é a opinião de Kevin Miles, representante do Football Supporters Federation (FSF) – instituição que oferece suporte e informações para os torcedores britânicos que virão para a Copa do Mundo. Em reunião com representantes da Secretaria Municipal Extraordinária para a Copa do Mundo, ele apresentou o perfil do torcedor inglês e conheceu os preparativos da cidade para o torneio. Confira, abaixo, a minientrevista com Kevin Miles.
Quais são as expectativas dos ingleses de voltar a jogar uma Copa do Mundo em BH depois de 64 anos?
Os ingleses costumam estudar muito a história da sua seleção. A perda para os americanos na Copa do Mundo de 1950 foi um grande choque naquela época. Particularmente, naquela época. Havia muita arrogância sobre a seleção inglesa, que era considerada a melhor do mundo, e sobre seu excelente futebol. Nunca havíamos perdido para os americanos. Por isso, foi um grande choque na época. Mas, desde então, tivemos muitas experiências com derrotas contra outros times, algumas de formas embaraçosas. Mas nos tornamos mais habituados a isso, superamos aquele jogo de 1950 e sabemos que todo trauma é um novo começo.
Quantos ingleses são esperados para a Copa no Brasil, especialmente, em Belo Horizonte?
É muito difícil dizer precisamente, mas o jogo de Belo Horizonte e o de São Paulo são os dois mais procurados. São só três partidas que os ingleses têm certeza de poder ver sua seleção e planejar onde vão e onde se hospedar. Em Belo Horizonte, será um jogo determinante, em que poderemos avançar para a próxima fase. E isso é animador, porque no final do jogo poderemos ter três direções: podemos ir pra Recife, se formos o primeiro do grupo (D), ir para o Rio, se ficarmos em segundo, ou ir para casa. Pode ser nossa última parada no Brasil.
Qual o perfil dos torcedores ingleses? Como eles costumam torcer para sua seleção?
Há um grande foco no jogo. O jogo é o grande evento. As pessoas gostam de se preparar para ele, cada um de seu próprio jeito. Não gostaria de generalizar, mas a maioria dos torcedores se encontram em bares antes do jogo, encontram seus amigos e vão juntos para o estádio. São viajantes habituais que costumam seguir o time em outros jogos. Os ingleses gostam de ir a bares no centro da cidade, ou próximo ao estádio, encontrar um lugar com vários bares próximos e viver novas experiências. Dificilmente, os ingleses virão para o Brasil sem ingressos.
Você acha que os ingleses gostarão de Belo Horizonte?
Em poucas horas que estive aqui, só tive impressões positivas. Belo Horizonte parece ter os ingredientes para uma típica experiência inglesa em dia de jogo. Tem lugares para os torcedores se encontrarem na véspera da partida, com vários bares para beber, celebrar e se preparar para o jogo em um grande estádio (Mineirão). Dia 24 será um importante jogo, ainda mais por causa do resultado. E depois dos 90 minutos poderemos celebrar ou não. Parece que a cidade tem todas as qualidades necessárias para ser uma grande sede.
Minas Gerais e Reino Unido vão estreitar laços esportivos não só durante a Copa, mas também durante as Olimpíadas. Enquanto os ingleses são aguardados para a partida contra a Costa Rica durante a Copa, a delegação britânica olímpica e paralímpica escolheu a capital mineira como sede dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Minas Gerais foi o primeiro estado do Brasil a ser escolhido por uma delegação esportiva como local de preparação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. O governador Antonio Anastasia assinou em outubro de 2013, no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, protocolo de intenções com a British Olympic Association (BOA) - Comitê Olímpico Britânico - para que as equipes olímpicas da Grã-Bretanha possam se preparar em Minas Gerais para as duas competições.
A relação entre Minas e Reino Unido remete à história do município mineiro de Nova Lima, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, que pode ser considerado um cantinho britânico no estado.
A cidade nasceu e cresceu no entorno da Mina Morro Velho, desativada em 2003. O ouro foi descoberto na região por volta de 1725, quando a mina começou a ser explorada. Em 1834, foi adquirida pela Saint John Del Rey Mining Company, mas o auge de sua produção foi entre 1884 e 1924, sob o comando de George Chalmers, que trouxe inovações tecnológicas e revolucionou a mineração. A companhia trouxe cerca de 150 famílias inglesas para Nova Lima.
A presença dos ingleses não só marcou a engenharia e a arquitetura, mas influenciou também a cultura e seus costumes. Exemplos disso são o bicame, símbolo de Nova Lima, logo na entrada da cidade, construído em 1890 para abastecer a área industrial da mineração; o Cemitério dos Ingleses, onde estão sepultados alguns dos primeiros colonizadores, e a Igreja Anglicana (Paróquia São João Batista), de 1913, que conserva vitrais vindos de Londres e um órgão de tubos doado pela Saint Jonh Del Rey Mining Company. Outro marco importante é a antiga casa das máquinas da Mina Morro Velho, que abriga hoje o Centro de Educação Ambiental (CEA), criado pela AngloGold Ashanti. A casa foi construída por volta de 1900 e abrigava os equipamentos responsáveis pela geração de energia elétrica consumida pela cidade.
A Casa Grande, um casarão do século XIX que serviu de moradia aos superintendentes ingleses, foi transformada no belíssimo Centro de Memória Morro Velho da AngloGold Ashanti. Por lá, é possível viajar no tempo e conhecer a história da mina, que se mistura à história da cidade. A casa recebeu hóspedes ilustres, como Dom Pedro II e sua esposa, Dona Tereza Cristina. A passagem dos imperadores provocou uma grande reforma no local. O príncipe de Gales, que depois se tornaria o rei Eduardo VIII, esteve lá nos anos 1930. Hospedaram-se lá também o rei da Bélgica e a seleção inglesa de futebol, durante a Copa de 1950.
O bairro do Retiro preserva casas típicas construídas pelos ingleses. Na gastronomia, destaca-se a queca, tradicional bolo de Natal que teve o seu nome originado de “christmas cake”. Ela pode ser facilmente encontrada na cidade no período natalino. O hábito de se tomar chá com leite também é proveniente dos costumes ingleses.
Lagoa dos Ingleses. Outra herança da Mina é a Lagoa Grande, apelidada de Lagoa dos Ingleses, já que toda a região pertencia aos ingleses, donos da mina. Atualmente mais utilizada para a prática de esportes e lazer, a lagoa foi construída para gerar energia elétrica para a Morro Velho. De acordo com o professor aposentado do Instituto de Geociências da UFMG, Friedrich Renger, “George Chalmers represou diversos riachos para produzir energia elétrica para mina. Não só a Lagoa dos Ingleses, como também a do Miguelão e a das Codornas fazem parte de uma rede interligada de represas para alimentar a usina. A eletrificação foi um dos pontos altos de sua administração”.
Três clubes e alguns condomínios residenciais compõem a orla da lagoa atualmente. Os clubes oferecem opções de lazer e aulas de diversos esportes aquáticos. São eles o Minas Tênis Náutico, o Clube Serra da Moeda e o Iate Clube Lagoa dos Ingleses.