"Não somos românticos, somos jovens. Um adjetivo vale o outro, dirão. Talvez. Mas, entre todos os romantismos, preferimos o da mocidade e, com ele, o da ação. Ação intensiva em todos os campos: na literatura, na arte, na política..."
Trecho do editorial Para os céticos do primeiro número de A revista (1925)
A recém-proclamada República trouxe consigo ideias de progresso de inspiração europeia. Ouro Preto já não era suficiente para abrigar os anseios dos novos tempos. Com a primeira Constituição republicana, após longo debate, veio a transferência da capital. Minas Gerais seguiu protagonista nos rumos da civilização com a inauguração da primeira cidade planejada do Brasil moderno, em 1897.
Mudança da Capital de Minas
Esse Curral Del Rei, Belo Horizonte,
produtiva invenção de sindicato,
inculca-se por lebre, mas é gato,
conforme já se sabe no Itamonte.
Veloso amigo embora suba o monte
no intuito e desempenho do mandato,
creio que lhe não faço desacato
dando uma pitada de simonte.
Os queijos e o toucinho estarão salvos,
se espertos impingirem a papalvos
por fecunda campina um bamburral.
E a empreitada seria de grão lucro,
se o congresso mineiro, com ser xucro,
se deixasse levar para o curral.
Resposta
Ó padre, ó vate de horizonte estreito,
Tomador de pitadas de simonte,
Não podes desejar "belo horizonte"
Amas a toca, estás no teu direito.
O sindicato, eis o maior defeito!
No entanto, nem preciso é que te apronte,
Nem que mandem dizer lá no Itamonte,
Tens junto a ti um sindicato feito.
Falas em espertezas! Que virtudes!
Desejas só qeu a capital se mude
Para um lugar livre da ladroeira.
Ora bem, não sítio mais barato,
Nem mais farto de aguadas e bom mato,
Mais honesto e melhor que a Mantiqueira.
Guerra de Sonetos entre Mudança da Capital (Pe. Joaquim Correia de Almeida) e Resposta (Augusto de Lima).
O estado foi berço de homens que ocuparam altos postos da política brasileira e participaram das decisões sobre os rumos do país. As alianças entre estados para alternância no cargo mais alto do Executivo tiveram seu término com os movimentos de 1930. Várias cidades se tornaram campos de batalha da revolução que se instaurou. Sob o Estado Novo, a modernização administrativa e a industrialização se aceleraram ao mesmo tempo em que adversários políticos foram perseguidos e se instituiu uma ditadura no país. Minas Gerais seguiu atuante na economia nacional como sede de gigantes da mineração e da siderurgia.
Na metade do século, um mineiro de Diamantina ganha projeção nacional e alcança a Presidência da República. É mais um período de suspiro de ares democráticos de inspiração modernista que levaram ao projeto da construção de Brasília. No jogo de forças e no cenário de guerra ideológica internacional, a disputa pelo poder sofre o revés de mais um golpe. Os anos de chumbo se seguem com desenvolvimento, modernização, sofrimento e crise. Os anos de repressão e perseguição aos opositores junto à crise econômica acentuam o desgaste do regime ditatorial. Mais uma vez, Minas Gerais é palco de manifestações por novos rumos na esteira da reabertura democrática com a aclamação por eleições diretas.