"Sobre o que, em seu território, ela ajunta de tudo, os extremos, delimita, aproxima, propõe transição, une ou mistura: no clima, na flora, na fauna, nos costumes, na geografia, lá se dão encontro, concordemente, as diferentes partes do Brasil. Seu orbe é uma pequena síntese, uma encruzilhada; pois Minas Gerais é muitas. São, pelo menos, várias Minas."
Trecho do texto “Minas Gerais” de Guimarães Rosa sobre Minas Gerais – Publicado em 1957 ou na revista “O Cruzeiro” e depois no livro “Ave, Palavra” (1988), em publicação póstuma.
Após os primeiros vestígios de descoberta de ouro e os embates da Guerra dos Emboabas (1707-1709), Dom João V, Rei de Portugal, determinou em 9 de novembro de 1709 que fosse dividida a grande capitania do Rio de Janeiro em duas: a primeira mantenndo o mesmo nome e, a segunda, chamada Capitania de São Paulo e Minas do Ouro.

Assim começa a aparecer formalmente, na divisão política da América Portuguesa, o território a que hoje chamamos de Minas Gerais, tendo como primeiro governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
Ordenado também pelo Rei no ato da separação das capitanias, não tardou para que fossem criadas estruturas administrativas, e logo em 1711 foram erigidas as três primeiras vilas: Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, Vila Rica e Vila Real de Nossa Senhora da Conceição. Era o começo das atuais cidades de Mariana, Ouro Preto e Sabará, respectivamente, e o início da construção política do território das minas.
Uma importante decisão, que já vinha sendo debatida, desde 1719 só tomou forma em 2 de dezembro de 1720: a separação entre Minas Gerais e São Paulo.
A nova capitania surgida carregava ainda as lembranças do recente levante que culminou na execução de Filipe dos Santos e na chegada de um novo governador, D. Lourenço de Almeida, em substituição ao Conde de Assumar.