Não é de hoje que o universo de Guimarães Rosa inspira pessoas e conexões em vários cantos do mundo. Seja em exposições, contação de histórias, no teatro, na música, na culinária, etc. Rosa nunca deixará de ser um clássico, pois suas obras tratam de temas universais, compondo uma literatura que não se esgota e atrai cada vez mais leitores.
Foi exatamente participando de uma roda de conversa sobre leitura, nos encontros virtuais do Espaço Literário do Espaço do Conhecimento UFMG, que o ator carioca, Gilson de Barros, teve a ideia de montar a peça “Riobaldo”. Trata-se de uma adaptação teatral da obra Grande Sertão: Veredas, com direção de Amir Haddad, concebida antes da pandemia. O espetáculo é uma adaptação do livro de João Guimarães Rosa e reflete sobre o papel dos amores na vida desse sertanejo e sobre a travessia do homem. A montagem, que estreou com plateia lotada, em março de 2020, no Espaço Cultural Sérgio Porto (RJ,) foi interrompida uma semana depois, por conta da pandemia.
“Há alguns anos venho estudando a obra de Guimarães Rosa, com ênfase no livro Grande Sertão: Veredas. Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, a cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra”, comenta.
O ator explica que a pandemia acabou sendo a virada de chave para passar a fazer cursos gratuitos e de qualidade sobre a obra e literatura de Guimarães Rosa. “Comecei participando dos Encontros Literários do Espaço, com a professora Cláudia Campos Soares, da Faculdade de Letras da UFMG e especialista em Literatura Brasileira. Também acompanhava online a Oficina de Leitura Guimarães Rosa, ligada ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, além de grupos ligados a Guimarães Rosa da Universidade de Brasília (UnB). Essas conexões virtuais me ajudaram a condensar mais o espetáculo ao abordar as diversas questões universais trazidas pelo autor em suas histórias”, pontuou.
Motivado pelos encontros virtuais do Espaço Literário, Gilson deu um salto para o presencial. Recentemente ele passou por Belo Horizonte, e ao visitar o Espaço do Conhecimento UFMG, gravou trechos de Grande Sertão: Veredas. Também passou por Cordisburgo para visitar o Museu Casa Guimarães Rosa e conhecer os narradores de histórias do grupo Miguilim.
Na montagem da peça “Riobaldo”, o personagem central do romance, o ex-jagunço Riobaldo, relembra sua vida e seus três grandes amores: Diadorim, Nhorinhá e Otacília. Reflete sobre o amor por Diadorim, o amigo que lhe apresentou a vida de jagunço e lhe abriu as portas do conhecimento da natureza e do humano. O personagem enfrenta questões que transcendem ao lugar sertão. Deus e o diabo, a sexualidade, a masculinidade, e, principalmente, o amor, em suas mais diversas formas.
A peça manteve sua interlocução com o público através de lives e apresentações virtuais. Voltou ao contato com o público, em 2021, com temporadas na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca e no Teatro Gláucio Gil, em Copacabana. A montagem retoma o presencial em São Paulo, em 11 de março, na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso, com temporadas em Brasília, BH e Salvador. A agenda internacional já está negociada, sendo no primeiro semestre de 2023 em Havana (Cuba), em Lion (França) e em Porto (Portugal).