Em diálogo com a “Ópera Aleijadinho”, seleção de longas e curtas ficcionais e documentais traz obras que retratam diretamente a vida do artista e filmes que estão ambientadas no universo de sua criação barroca
Antônio Francisco Lisboa. Apenas este nome já abarca um universo riquíssimo de produções artísticas mundialmente conhecidas, aspectos históricos relacionados ao contexto socioeconômico e político de Minas Gerais e elementos culturais intimamente ligados à construção identitária do Brasil. E, como não poderia deixar de ser, a figura de Aleijadinho já foi e ainda é referência para um sem-número de representações midiáticas. É esta variedade de encenações da vida e obra do Mestre do Barroco que o público vai poder conferir na mostra “PAIXÃO, GLÓRIA E SUPLÍCIO - ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA”, em sessões no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. As exibições acontecem entre os dias 20 e 26 de maio, presencialmente, e de 20 de maio a 20 de novembro, em formato on-line, na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde os filmes ficarão disponíveis pelo período de 1 a 6 meses, integrando a coleção de clássicos mineiros e brasileiros.
A mostra “PAIXÃO, GLÓRIA E SUPLÍCIO – ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA” estabelece um diálogo com a Ópera Aleijadinho, que cumpre temporada no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes entre 14 e 20 de maio. Essa montagem de Aleijadinho é uma das atrações da rota Via Liberdade, nova rota turística e cultural conectando Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e a capital do país, Brasília, por meio de ações e programas estratégicos ao longo da BR-040. Também integra a programação do Ano da Mineiridade, da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), projeto criado para celebrar os elementos que compõem a assinatura mineira, com suas tradições, costumes e histórias.
A proposta da seleção de filmes é apresentar a trajetória pessoal e profissional de Aleijadinho no cinema, ampliando o espectro de compreensão sobre as diversas formas de retratação do artista barroco e de sua obra – de valor estético e histórico incalculável – na sétima arte. O tema central também é a cidade de Ouro Preto, onde a “Ópera Aleijadinho” estreou com grande sucesso, e que também foi cenário e personagem de vários destes filmes de grande magnitude para a cinematografia mineira e nacional. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos na bilheteria do Cine Humberto Mauro antes de cada sessão.
Com 15 filmes que cobrem mais de seis décadas de produção cinematográfica nacional, a curadoria da mostra inclui desde obras-primas do cinema brasileiro do século passado a um especial de televisão contemporâneo, passando ainda por filmes mais identificados com um gênero cinematográfico específico (policial ou romance, por exemplo) e curtas-documentários dirigidos pelo realizador que dá nome ao Cine Humberto Mauro.
Bruno Hilário, gerente do Cine, destaca algumas das produções: Aleijadinho - Paixão, Glória e Suplício, lançado em 2000 e dirigido pelo mineiro Geraldo Santos Pereira (que também dirigiu outros dois filmes presentes na mostra), é a principal obra e a que dá título à mostra. Ele salienta que o filme “é interessante por dar protagonismo a um ator negro, Maurício Gonçalves, muito importante na teledramaturgia brasileira, além de ser o filme de maior referência para se pensar Aleijadinho no cinema”.
Já Os Inconfidentes, de 1972 e realizado por Joaquim Pedro de Andrade, guarda uma importância singular porque, segundo Vitor Miranda, produtor e curador do Cine Humberto Mauro, neste longa “a performance dos atores quase mimetiza a intensidade das obras do Aleijadinho. É um filme que referencia o barroco nas interpretações".
Há ainda na programação várias outras obras que tratam especificamente da Inconfidência Mineira, transitando pelo mesmo ambiente histórico e cultural do artista. Dentre elas um filme dirigido por uma mulher: Vinho de Rosas, de Elza Cataldo e lançado em 2005, que é uma produção “fora da curva” se comparado às outras, tanto “pela perspectiva feminina da Inconfidência quanto pela construção barroca da imagem a partir da fotografia, em um jogo de claro e escuro que remete visualmente ao estilo do século XVIII”, conforme pontua Hilário.
Vitor Miranda esclarece que existe também uma proposta educativa e de formação na curadoria, de percorrer a história de Antônio Francisco e de outras figuras da cena barroca mineira no século XVIII. Sobre os curtas-documentários, por exemplo, ele salienta que “cada filme promove uma viagem no tempo nas cidades históricas, oferecendo particularidades da vida do Aleijadinho e de outros personagens”. Tudo isso “em um momento do século XX de muita preocupação com o patrimônio histórico”, complementa Hilário.
A mostra objetiva então, assim como a Ópera, exaltar a multiplicidade do universo criado e habitado pelo Mestre Antônio Francisco, e expor sob vários ângulos as paixões, glórias e o suplício do artista, através de filmes que são, segundo Miranda, “incontornáveis quando se pensa em cinema e Aleijadinho”.
Ministério do Turismo, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Instituto Cultural Vale, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a mostra "Paixão, Glória e Suplício – Antônio Francisco Lisboa”, que tem correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio master da Cemig, ArcellorMittal, Instituto Unimed-BH, AngloGold Ashanti e Usiminas por meio das Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura, além do apoio cultural do Instituto Hermes Pardini.
A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo.