O Palácio das Artes, equipamento da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, prorrogou, até 18 de junho, a exposição Contínuo Barroco, do escultor e entalhador mineiro Hélio Petrus. Em celebração aos 55 anos de carreira e 80 anos de vida do artista, a mostra faz referência ao mestre de ofício, ao fazer manual e à arte popular, ressaltando a magnitude do Barroco Mineiro. A exposição ocupa a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard e tem entrada gratuita.
A mostra traz uma curadoria de 32 esculturas e talhas policromadas entalhadas em madeira. Considerado um dos principais artistas do Brasil, Petrus e sua arte sacra nos transportam ao período colonial: com requinte nos detalhes, suas esculturas, talhas e querubins são apreciados em todo o mundo.
Expografia
A expografia, que foi cuidadosamente construída pelo artista gráfico e designer Flávio Vignoli, traz uma série de elementos que buscam evidenciar o lugar dramático e contemporâneo do Barroco e sua presença na vida cotidiana dos mineiros.
“O Barroco segue acontecendo em Minas Gerais e no Brasil, em cada lugar com sua particularidade, mas segue presente no cotidiano dos indivíduos. Pensei a expografia a partir da dramaticidade do tema, que vem do neobarroco, do pós-barroco, desse contínuo barroco”, explicou Flávio Vignoli.
O designer, que usou a iluminação para levar mais sombra ao olhar do espectador, criando uma perspectiva teatral, afirmou que a contemporaneidade do Barroco foi o que se pretendeu trabalhar.
“O Barroco é parte do cotidiano das cidades mineiras, está presente na rotina, na formação da nossa Mineiridade. Queremos trazer a Mineiridade para a exposição, criar uma mostra sensorial para o público”, disse.
Hélio Petrus, mestre da iconografia
Nascido em Felipe dos Santos (MG) e criado em Mariana (MG), Hélio Petrus habituou-se a ver e admirar, desde criança, trabalhos de mestres como Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) e Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde), grandes escultores, entalhadores e pintores brasileiros. As peças influenciaram o artista, por toda a sua trajetória, a buscar formas e feições na prática de entalhar a madeira.
Petrus percorreu diversos caminhos: foi seminarista, poeta, músico, estudante de Direito e até Prefeito da cidade da Mariana. Considerada pelo próprio artista como um chamado divino, a prática artística passou a fazer parte de seu cotidiano, resultando em trabalhos que hoje são considerados marcos no Neobarroco Brasileiro.
O cedro, material que dá vida às diversas formas da expressão artística de Petrus, é transformado pelas mãos do artista em anjos, querubins, madonas, santos e talhas. O trabalho de artesão, que se dedica de maneira exclusiva à iconografia religiosa, também é celebrado na mostra que ocupa a Grande Galeria do Palácio das Artes.
Procurando aproximar-se tecnicamente dos mestres mineiros e europeus, Petrus estudou com paciência as fraturas, cortes, e expressões nas obras dos grandes mestres.
Seu trabalho, no entanto, se distancia da densidade e dualidade dramática do Barroco, e encontra no Rococó a marca pessoal do artista – com leveza e refletindo o novo, apesar da forte inspiração no passado. O perfeccionismo nas obras é marcante, ao lado do ritmo sincopado das esculturas, do relevo suave das talhas, da leveza das volutas.
Em seus 55 anos de carreira, Petrus relatou sua trajetória cercada de desafios e conquistas. “Por 20 anos trabalhei sozinho, e a caminhada foi muito penosa. Sobrevivia sempre da arte, e devido a isso, fazia produções mais rápidas, para venda. Quando decidi realizar um trabalho mais voltado para o Barroco, que exigia mais calma, comecei a trazer jovens talentosos para o meu ateliê em Mariana. Eles me ajudaram a construir as obras com mais calma”, contou o artista, que já possui obras em todo o mundo, tendo presenteado o Papa Francisco com uma das suas esculturas, e possuir como colecionador Padre Fábio de Melo.
Serviço
Exposição Contínuo Barroco
Data: Até 18/06
Local: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard – Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte
Horário de funcionamento: Terça a sábado, das 9h30 às 21h. Domingo, das 17h às 21h
Informações: 3236-7400
Entrada gratuita
Foto: Hanna Mussi