O Museu Mineiro apresenta a exposição “Sala de estar”, do artista contemporâneo Mano Penalva, com curadoria de Wagner Nardy, nesta quinta-feira (16), a partir das 18h. A mostra baseia-se na pesquisa do artista, a qual desenvolve-se a partir de um olhar para o lugar de passagem entre a casa e a rua, relacionando o público e o privado.
“Esses percursos são construídos a partir de deslocamentos. Deslocamentos muito simples, em que o público que for ver a exposição poderá reconhecer os objetos que fazem parte dos trabalhos. São objetos do cotidiano, ordinários, que compõem a nossa vida, como os tapetinhos feitos à mão ou as miçangas que se transformam em cortinas ou assentos de carro, por exemplo”, explica o artista.
Mano Penalva destaca, a partir desses deslocamentos, o “efeito lupa” para aspectos cotidianos. Situações que podem passar despercebidas no dia a dia ganham novos matizes quando vão para uma sala expositiva, levando em conta elementos de composição e de arranjo.
Nesse sentido, o nome da exposição “Sala de Estar” é pensado para convidar o público para um ambiente doméstico, ainda que dentro de um museu, criando uma ponte entre o que já é reconhecido, que já faz parte do imaginário popular, com um novo campo poético.
“Se pensamos na casa, a “sala de estar” é aquele lugar onde a gente organiza e arruma para receber as visitas. Acredito que uma exposição é o nosso melhor cômodo para receber as pessoas, é um momento de celebração. Acredito muito nesse lugar da arte, do diálogo a partir dos trabalhos que saem do ateliê para serem vistos”, diz Mano.
Obra feita especialmente para a mostra em Minas Gerais
A exposição “Sala de Estar”, que já foi apresentada em outros museus como o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), de Recife, é marcada por trabalhos de diferentes séries desenvolvidas ao longo dos anos por Mano Penalva, que versam sobre esse lugar de passagem, que “embaralha as fronteiras entre a arte dita erudita e a arte popular, entre o íntimo e o público, entre o artístico e o doméstico, entre o dentro e o fora”, como diz Wagner Nardy, curador da exposição. Entre elas, estão “Ventanas”, “Brasão” e “Alpendre”.
A novidade fica por conta de uma obra produzida exclusivamente para essa exposição, em terras mineiras, que faz parte de uma série já em desenvolvimento chamada “Branquinhas”, feita a partir de sete tons de cachaça.
“Preparei essa exposição com muita vontade de mostrar o meu trabalho para Minas, porque ela carrega uma afetividade que é presente nesse estado assim como na Bahia, de onde sou. Estou na expectativa para saber quais são os pontos de vista do público que vai visitar essa exposição”, revela o artista.
Exposição faz parte da programação da 22ª Semana Nacional de Museus
A Semana Nacional de Museus é uma temporada cultural promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) que acontece anualmente em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). Tem como objetivo promover, divulgar e valorizar os museus brasileiros; aumentar o público visitante e intensificar a relação dos museus com a sociedade.
A 22ª edição acontece entre os dias 13 e 19 de maio e só em Minas Gerais são mais de 139 instituições participando, distribuídas em 69 municípios.
Mano Penalva (1987, Salvador, Brasil)
Vive e trabalha em São Paulo. A produção de Mano Penalva parte do deslocamento dos objetos do contexto cotidiano e reflete o interesse do artista pela Antropologia e Cultura Material. Por meio de diferentes mídias como escultura, instalação, pintura, fotografia e vídeo, Penalva propõe novos agrupamentos estéticos a partir das estratégias de venda do varejo, das suas experiências de coleta de histórias e da observação do campo que transita entre a Casa e a Rua. Penalva realça com seus trabalhos a ideia de que a exponencial proliferação de objetos e imagens não se destina a treinar a percepção ou a consciência, mas insiste em fundir-nos com eles.
É bacharel em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2008). Frequentou por 7 anos cursos livres de arte do Parque Lage (2005 - 2011). Atualmente, faz parte do Massapê Projetos, plataforma gerida por artistas que possibilita o pensamento e produção de arte sediada em São Paulo, da qual é o idealizador.
Nos últimos anos participou de diversas residências artísticas: Casa Wabi - Puerto Escondido (México) 2021, Fountainhead Residency - Miami (EUA) 2020, LE26by / Felix Frachon Gallery - Bruxelas (Bélgica) 2019, AnnexB - Nova Iorque (EUA) 2018, Penthouse Art Residence - Bruxelas (Bélgica) 2018, R.A.T - Residência Artística por Intercâmbio - Cidade do México (México) 2017, Pop Center - Camelódromo Porto Alegre (Brasil) 2017.
Museu Mineiro
Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro reúne em seu acervo um conjunto bastante diversificado de objetos referentes à história e à produção cultural e artística mineiras. Nas salas de exposição são exibidas obras de artistas consagrados, tais como: Manoel da Costa Ataíde, Yara Tupynambá, Amílcar de Castro, Jeanne Milde, Inimá de Paula, Lótus Lobo, Celso Renato, Sara Ávila, Guignard, Maria Helena Andrés, Di Cavalcanti etc.
Atualmente, o Museu exibe a exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer uma vasta coleção de arte sacra, datada dos séculos XVIII e XIX, além de preciosidades do acervo, como a bandeira da Inconfidência Mineira, os manuscritos originais da obra “Tutaméia” de Guimarães Rosa, o retrato de Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, e a coleção de santos de devoção popular.
Serviço:
Exposição “Sala de Estar”, do artista Mano Penalva
Data: 16 de maio de 2024
Horário: 18h
Período de visitação: até 30 de junho de 2024
Local: Sala das Sessões do Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Circuito Liberdade, Belo Horizonte)
Foto: Estúdio em Obra/Divulgação