A abertura acontece no próximo dia 16 de maio, quinta-feira, e faz parte da programação da 22ª Semana Nacional de Museus
Nesta quinta-feira (16), o Centro de Arte Popular, localizado na R. Gonçalves Dias, 1608 - Lourdes, BH, integrante do Circuito Liberdade, recebe a exposição “Deitar a Benção”, que traz o ofício das benzedoras e benzedores para dentro do museu, a partir das 11h. E conta com uma programação variada e gratuita ao longo de toda a semana, como ateliê aberto com a artista Priscila Amoni, oficina com Wellington Dias e a exibição de documentário que traz 11 entrevistados (as).
A abertura da mostra integra a 22ª Semana Nacional de Museus promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que acontece anualmente em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). Durante essa edição Minas Gerais participa com mais de 139 instituições distribuídas em 69 municípios.
Conhecidas por sua sabedoria e habilidades curativas, as pessoas que mantêm e perpetuam os saberes do benzimento são chamadas de diversas formas: benzedeiras, curandeiras, rezadeiras, entre outras. Como guardiãs desse conhecimento e suas tradições, exercem um papel fundamental na sociedade, transmitindo através da oralidade práticas de cura e proteção.
“O desejo da iniciativa que se concretiza na exposição e em uma programação cultural diversa é conhecer e comunicar com o público os saberes, memórias e práticas dessas pessoas. Através do encontro, da escuta e do registro audiovisual, a exposição compartilha com seus visitantes o processo de pesquisa, mapeamento e encontro com benzedores e benzedeiras de Belo Horizonte e da Região Metropolitana, buscando reforçar a importância cultural e social das práticas de benzeção, ancestral em diversas culturas”, diz o coletivo curatorial, formado pela 12ª turma de Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Na exposição os visitantes poderão conhecer um pouco dos benzedores a partir de fotografias e de suas histórias, além do trabalho de artistas que desenvolvem suas investigações com temas relacionados aos saberes e práticas do benzimento como: Ana Gabriela S B B Costa, Aline Gomes Ruas, Analice Coutinho, Angela Rosa, Alexandre Rosalino, Caio Ronin, Giovanni Santarelli, Lara de Paula, Leandro Beca, Letícia Coutinho, Lori Figueiró, Massuelen Crisitina, Priscilla Amoni, Willi Cesar e Welington Dias.
Projeto de Lei busca reconhecimento do ato de benzer como patrimônio imaterial
Grande parte dos benzedores encontrados são pessoas que aprenderam a benzer com os mais velhos e que detém inúmeras histórias e saberes relacionados ao restabelecimento da saúde. Possuem em seu ofício um forte vínculo com seu entorno e, por isso, são agentes importantes para a formação de identidade e de apoio à comunidade. Embora aos poucos sejam considerados como agentes de saúde, inclusive pelo SUS, e algumas iniciativas busquem reconhecê-los como patrimônio imaterial de Minas Gerais, observa-se que muitos vêm deixando de exercer esse ofício ou fazendo-o de maneira velada em virtude do preconceito. Nesse sentido, a exposição busca valorizar a trajetória dos benzedores e ampliar o debate sobre o reconhecimento dos saberes tradicionais, além de contribuir para o combate ao racismo e à intolerância religiosa presentes na sociedade.
Parceria com a UFMG traz pesquisas da Universidade para dentro do museu
“É importante destacar que as universidades se abriram nos últimos anos para outras epistemologias e reconhecem a multiplicidade das formas de conhecimento e a importância dos saberes tradicionais, sobretudo ancorados nas tradições africanas e indígenas”, ressalta a professora Verona Segantini.
Promovida pelos alunos da 12ª turma de Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, sob a coordenação das professoras Verona Segantini (Escola de Belas Artes) e Bianca Ribeiro, arquiteta e mestre em Museologia e Patrimônio (UNIRIO), a exposição faz parte da programação da 22ª Semana de Museus - Museus, Educação e Pesquisa e poderá ser visitada até 16 de junho, com entrada franca para todos os públicos.
A exposição no Centro de Arte Popular é uma forma de fortalecer a vocação do museu, como ressalta a coordenadora Angelina Gonçalves: “O museu apresenta um amplo panorama de obras que privilegiam a riqueza e a diversidade das manifestações culturais populares de Minas Gerais, valorizando o trabalho de criadores que traduzem no barro, na madeira e em outros materiais o universo em que vivem. Nesse sentido, abrir o Museu para o diálogo com a universidade e trazer as benzedeiras para esse espaço é reconhecer a diversidade do nosso patrimônio”.
Centro de Arte Popular
O Centro de Arte Popular apresenta um amplo panorama de obras que privilegiam a riqueza e a diversidade das manifestações culturais populares, valorizando o trabalho de criadores que traduzem no barro, na madeira e em outros materiais o universo em que vivem. Sua edificação principal foi construída para uso residencial na década de 1920, tendo sido também a sede do antigo Hospital São Tarcísio.
No ano de 2012, a edificação foi adaptada para abrigar o CAP, onde o público pode conhecer obras de artistas de várias regiões de Minas Gerais, como o Vale do Jequitinhonha, Cachoeira do Brumado, Divinópolis, Prados, Ouro Preto, Sabará e outras, entrando em contato com elementos representativos da pluralidade da cultura mineira.
O edifício possui quatro salas de exposição permanente, uma sala para exposições temporárias, um auditório para 50 lugares, um espaço para oficinas de arte e ainda um pátio interno.
Programação do CAP:
Exposição “Deitar a Bênção”
Abertura: 16 de maio de 2024
Horário: 11h
Período de visitação: 16 de maio a 16 de junho de 2024
Local: Centro de Arte Popular – Espaço de Convivência
Rua Gonçalves Dias, 1.608 – Lourdes
Entrada franca.
Experiência de pintura mural da artista Priscila Amoni no Centro de Arte Popular.
Data: 15 de maio (quinta-feira)
Horário: de 12h às 17h
Entrada GRATUITA – sujeita a lotação do espaço
Local: Centro de Arte Popular – Espaço de Convivência
Exibição do documentário com depoimento das benzedeiras
Data: 16 de maio de 2024
Horário: 11h
Local: Centro de Arte Popular – Sala Multiuso
Oficina de estandarte com Márcio Fonseca
Data: 18 de maio (sábado)
Horário: 14h - 17h
Local: Centro de Arte Popular – Sala Multiuso
Inscrições pelo Link