O pianista suíço-canadense Teo Gheorghiu realiza seu segundo programa com a Filarmônica de Minas Gerais para interpretar duas releituras: a de Liszt sobre Fantasia Wanderer, obra de Schubert, e a de Lutoslawski sobre o famoso tema de um dos Caprichos de Paganini. A apresentação acontece neste sábado (23/9), às 18h, na Sala Minas Gerais. Os ingressos custam de R$ 50 a R$ 175 e podem ser adquiridos no site da Filarmônica e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
O maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais, nos introduz à rica e densa sonoridade das cordas, nas variações feitas por Vaughan Williams sobre um tema de Thomas Tallis, e conduz a viagem por toda a orquestra na famosa obra de Britten sobre um tema de Purcell. Este é um concerto da série “Fora de Série”, que, em 2023, com o tema Segundas Opiniões, explora como compositores contribuíram com novas interpretações de obras de outros artistas.
O projeto é apresentado pelo Governo de Minas Gerais e Ministério da Cultura, e conta o patrocínio da Porto Seguro e da ArcelorMittal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A realização é do Instituto Cultural Filarmônica, Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult/MG), Ministério da Cultura e Governo Federal. O Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Fundação Clóvis Salgado, apoia o projeto.
Maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente titular
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.
Ao ser convidado, em 2014, para o cargo de Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, Fabio Mechetti tornou-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense e na Argentina a Filarmônica do Teatro Colón.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
Em 2023, estreou no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico e voltou a se apresentar com a Orquestra Sinfônica Nacional da Colômbia, em Bogotá.
Teo Gheorghiu, piano
Destinatário do prêmio Beethoven-Ring do Beethovenfest de Bonn em 2010 e o mais jovem pianista a receber a honraria, Teo Gheorghiu já se apresentou com as sinfônicas de Tóquio, Bilbao e Pittsburgh, a Royal Philharmonic e a Tchaikovsky Symphony, além da Orquestra Nacional Dinamarquesa. Ao longo da carreira, colaborou com regentes renomados, como Neville Marriner, Vladimir Fedoseyev, Matthias Pintscher e Alexander Shelley.
Foi vencedor do prêmio principal nas competições internacionais de piano Franz Liszt e San Marino, e, em 2017, recebeu o prêmio de melhor artista no Concurso Musical Internacional de Montreal. Nascido em 1992, na Suíça, Gheorghiu viveu a maior parte da vida em Londres, onde foi pupilo de Hamish Milne. Em 2022, lançou o álbum Roots, que demonstra seu atual interesse na tradição musical do Leste Europeu e especialmente da Romênia, terra de seus pais e do compositor George Enescu.
Repertório
Ralph Vaughan Williams (Down Ampney, Inglaterra, 1872 – Londres, Inglaterra, 1958) e a obra Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis (1911/1913, revisões 1918 e 1933)
Baseada em um salmo do compositor renascentista inglês Thomas Tallis, esta fantasia marca um momento distintivo na trajetória de Vaughan Williams: o surgimento de um estilo próprio do compositor. A partir desta obra, ele estabeleceu uma reputação que peças posteriores, como a Sinfonia Pastoral, Flos Campi e a Missa em sol menor, serviram para consolidar. Embora o tratamento do tema de Tallis por Vaughan Williams seja principalmente contemplativo, há momentos dramáticos e apaixonados na Fantasia.
Sua estreia se deu em 6 de setembro de 1910, no Three Choirs Festival, em Gloucester. A princípio, os críticos receberam o trabalho com frieza, o que fez com que Vaughan Williams o revisasse duas vezes: primeiro em 1913 e, depois, em 1919. Foi reconhecida tardiamente como uma obra-prima menor, e, desde então, tem sido uma das peças mais populares do compositor.
Franz Schubert (Viena, Áustria, 1797 – Viena, Áustria, 1828) e a obra Fantasia em Dó maior, D. 760, "Fantasia Wanderer" (1822), com orquestração de Franz Listzt, em 1851.
A Fantasia em Dó maior, D. 760 foi composta em novembro de 1822, ano de impressionante produção criativa para Schubert. Trabalho de qualidades singulares no catálogo do compositor vienense, destaca-se por sua exigência virtuosística e pelas explorações sonoras testadas ao longo de quatro intensos movimentos, marcados por uma estrutura cíclica e por ritmos dactílicos similares.
O apelido Fantasia Wanderer, pelo qual é mais conhecida, só veio anos mais tarde, e faz referência a outra obra do próprio Schubert: a canção Der Wanderer ("O andarilho"), de 1816, que lhe empresta o tema no qual se baseia o adágio de seu segundo movimento. A jornada espiritual evocada pela peça, bem como suas demandas ao solista, fascinou os músicos românticos, especialmente Franz Liszt, que produziu três arranjos orquestrais para ela. O primeiro deles, escrito em 1852 e publicado em 1868, se adequa tão perfeitamente à proposta de Schubert que parece ter sido pensado pelo próprio. Com elegância e maestria, Liszt consegue transformar a Fantasia Wanderer em um verdadeiro concerto para piano, retendo o sentimento itinerante e desbravador que define a inspirada composição original de Schubert.
Witold Lutoslawski (Varsóvia, Polônia, 1913-1994) e a obra Variações sobre um tema de Paganini (1941, revisão e orquestração 1978)
Entre os anos 1940 e 1944, na Varsóvia ocupada pelo exército nazista, o compositor polonês Witold Lutoslawski ganhava a vida se apresentando em cafés com o amigo e também compositor Andrzej Panufnik. O repertório da dupla incluía dezenas de arranjos originais para duo de piano, entretanto, praticamente todos foram destruídos durante a heroica, mas mal-sucedida Revolta de Varsóvia, entre agosto e outubro de 1944, quando os alemães devastaram a cidade após suprimirem os esforços da resistência polonesa.
Diante da ameaça, Lutoslawski fugiu para a casa de parentes no interior, mas só conseguiu levar consigo alguns poucos trabalhos, entre eles as Variações sobre um tema de Paganini. Construídas a partir do influente e dificílimo Capricho nº 24 em lá menor – que também serviu de inspiração para Rachmaninov (Rapsódia sobre um tema de Paganini, op. 43) e para Blacher (Variações para orquestra sobre um tema de Paganini, op. 26) –, as Variações de Lutoslawski transcrevem para dois pianos a abordagem virtuosística da composição original para violino, e são, hoje, uma de suas obras mais executadas. Anos mais tarde, em 1978, Lutoslawski revisitou o próprio trabalho para escrever um novo arranjo, dessa vez para piano e orquestra. Essa versão acrescenta influências de Bartók e Prokofiev ao piano e confere vitalidade à orquestra com articulações e coloridos modernos, inspirados em Ravel e na música popular.
Benjamin Britten (Lowestoft, Inglaterra, 1913-1976) e a obra Guia orquestral para jovens: Variações e fuga sobre um tema de Purcell (1946)
As inquestionáveis qualidades didáticas de Guia orquestral para jovens tornaram-na um clássico do repertório utilizado para iniciação no universo da música sinfônica, bem como um dos trabalhos mais celebrados de Benjamin Britten. No início de 1945, o governo britânico convidou o compositor para escrever a trilha sonora de um documentário educativo voltado para o público infantil, chamado Os instrumentos da orquestra.
Britten escolheu um tema em ré menor de seu conterrâneo Henry Purcell (nascido no século XVII), parte da música incidental composta para a peça Abdelazer, de Aphra Behn, e construiu uma série de variações, cada uma delas ressaltando as características de um grupo de instrumentos da orquestra – por isso o outro nome da obra, Variações e fuga sobre um tema de Purcell. As variações começam com os instrumentos de sopro, seguidos pelas cordas e a harpa, depois pelos metais e, por fim, a percussão. Como encerramento, a mesma sequência é repetida em uma fuga vibrante e inspirada.
O filme teve estreia em novembro de 1946, mas, devido a sua clareza e objetividade, o Guia orquestral para jovens rapidamente ganhou vida própria, juntando-se a O Carnaval dos animais (1886), de Saint-Saëns, e a Pedro e o lobo (1935), de Prokofiev, como exemplos primorosos de trabalhos capazes de apresentar, para crianças e adultos, a beleza e a riqueza de um conjunto orquestral.
Serviço
Fora de Série - Segundas Opiniões
Data: 23/9 (sábado)
Horário: 18h
Local: Sala Minas Gerais – Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto - Belo Horizonte
Ingressos: R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 70 (Balcão Palco), R$ 90 (Balcão Lateral), R$ 120 (Plateia Central), R$ 155 (Balcão Principal) e R$ 175 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores. Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Funcionamento da bilheteria:
Dias sem concerto
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Dias com concerto
12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
12h a 20h — quando o concerto é no sábado
09h a 13h — quando o concerto é no domingo
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Foto: Schreyer